O tetxo é da jornalista Mayara Almeida, das ORM.

 

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a falta de máscaras cirúrgicas no Brasil é uma realidade. Hoje, quando o país inteiro vive a transmissão comunitária, Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) com as máscaras já faltam até para os profissionais de saúde. Mas a realidade já há uma corrente forte de médicos infectologistas defendendo que, nesse cenário, todas as pessoas já devem usar máscaras como barreira de proteção contra a Covid-19.

Até poucos dias atrás, o Ministério da Saúde seguia o que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o uso das máscaras sejam restritos aos doentes e aos profissionais da saúde, para que não falte esse item para quem realmente precise.

A recomendação foi feita porque há muito tempo não há no mercado máscaras suficientes para atender todas as pessoas. Porém, em entrevista coletiva no último dia 1 de abril, o próprio ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao ser perguntado sobre o uso de máscaras caseiras, recomendou que  sim, que as pessoas usem, e ainda prometeu publicar um conjunto de sugestões, como o melhor tipo de material para a confecção das máscaras e a melhor forma de higienizá-las.

Apesar do espanto causado pela fala do ministro aos órgãos estaduais de Saúde, a nova orientação é a mais correta, de acordo com a médica infectologista Vanessa Santos. Ela é parte de uma corrente cada vez maior de pesquisadores que defendem o uso da máscara como barreira física de contenção ao coronavírus. “Quando eu uso a máscara, eu uso pelo outro, eu estou reduzindo o número de partículas que eu elimino, e o outro pode e deve fazer por mim também. Desse forma, sem dúvidas, vamos elevar a proteção a inúmeras pessoas”, orienta.

Países como os Estados Unidos também avaliam recomendar o uso de máscaras caseiras para reduzir os índices de proliferação do coronavíruse e prevenir a proliferação de pacientes assintomáticos da doença. A lógica, portanto, não é a proteção individual – mas proteger os outros, usando uma máscara capaz de reter gotículas de saliva e fluido nasal.

Além disso, no último dia 31, a conceituada revista científica americana Sience publicou um artigo apontando que sair por aí de boca e nariz descobertos. O artigo diz ainda que médicos chineses na linha de frente do combate à Covid-19 apontam que se a população em geral deixar de usar máscaras, esse seria um dos maiores equívocos pelo mundo afora, enquanto usá-la amplamente é um dos grandes acertos do povo sul-coreano para segurar a transmissão da infecção em seu país.

Solidário – Assim como o ministro da saúde brasileiro, a médica infectologista Vanessa Santos também afirma que as máscaras caseiras são uma solução viável para que as pessoas usem essa barreira física contra o vírus.

Ela vai além e sugere que quem adquirir esse tipo de máscara, que faça também a doação de outra igual. “quem puder, compre uma para si e faça a doação de outra máscara, para quem trabalhe com você, ou para o funcionário do seu prédio. Além do seu uso, se você doar e incentivar a doação, vai beneficiar muitas pessoas que não vão ter como comprar essa máscara”, ressalta a médica.

Segundo ela, as máscaras de tecido de algodão são uma barreira eficiente, mas algumas pessoas estão confeccionando também em material do tipo TNT, que, porém, não é lavável, como são as de tecido, bastando para isso lavar com água e sabão e desinfectar com solução de duas colheres de hipoclorito de sódio em um litro de água.

Para que vai usar máscaras de tecido a médica alerta que o ideal é que se tenha duas. “Assim você passa o dia com a máscara, e ao final do dia, retira para lavar e coloca a que estiver limpa, e assim você segue revezando o uso, sempre higienizando da forma adequada”, orienta Vanessa Santos.

Fazer máscaras para usar e vender possibilita acesso ao produto

Com o avanço da pandemia no Brasil, as máscaras se tornaram itens de primeira utilidade para a população, mas a alta procura deixou as prateleiras das farmácias vazias. Para driblar esse problema, muitas costureiras e estilistas começaram a fazer as próprias máscaras, e acabaram recebendo uma grande demanda pelo produto confeccionado de forma artesanal.

Essa é a história de Norma Duarte, que trabalha há mais de 20 anos no ramo da costura e percebeu que, com a Covid-19, as encomendas de roupas diminuíram. “Para não ficar parada, eu resolvi pensar em outra forma de ter uma renda. Ai me deparei com um vídeo ensinado a fazer a máscara, e resolvi confeccionar também e acabou dando certo”, conta ela.

Os materiais da produção de máscaras caseiras são os mesmos utilizados em confecções de máscaras para pacientes em tratamento quimioterápico. Com mãos ágeis, em menos de 20 minutos Norma costura o equipamento de uso pessoal.

A costureira Janete Valois também resolveu investir na confecção de máscaras, sentindo a falta da proteção para si mesma e para outras pessoas. Ela investiu em estampas diferentes e máscaras coloridas para agradar a diversos públicos.

O mesmo caminho foi seguido por Adriana Vilella e várias outras pessoas que cansaram de esperar pela indústria dos EPI’s e resolveram produzir máscaras para uso próprio e para vendas, que em tempos de isolamento social são impulsionadas por aplicativos de mensagens e páginas nas redes sociais.

Saiba como higienizar sua máscara caseira

Ao retirar a máscara, não tocar a parte da frente, que serviu de filtro para que muitos agentes não atingissem as vias respiratórias. Colocar imediatamente de molho em água e sabão por 5 minutos. Lavar bem as mãos antes de enxaguar as máscaras. Após o enxágue, colocar por 3 minutos em solução de duas colheres de sopa de hipoclorito de sódio para um litro de água. Retirar e pendurar pelos prendedores, para secar ao ar livre em local seguro de contaminações.