Carro-chefe das pretensões dos governos do PSDB no Sudeste do Pará, Sebastião Miranda sempre teve uma relação conflituosa com Almir Gabriel e Simão Jatene. Mais com o segundo, é verdade. Entre tapas e beijos, convivia antiga aproximação com Almir desde os tempos da campanha deste para o Senado. Mas os três, por questão de sobrevivência, se aturavam. E se queriam como nas relações “bandidas” dos cabarés -, onde, na manhã seguinte, “já não se vale nada, página virada, descartada do folhetim’-nos lembra bem Chico.
Implodido o projeto de 20 anos de poder dos tucanos, o prefeito de Marabá carregará por muito tempo julgamento crítico consensual de seus aliados e adversários, segundo os quais Tião só trabalha para ele mesmo, e o resto é detalhe.
Nesse jogo em que o prefeito de Marabá tentará sobreviver politicamente, a partir de janeiro, quando um governo de coalizão assume o controle do Pará, de um lado, ele terá o irmão Newton Miranda, proeminência da direção do PCdoB, partido aliado de primeira hora de Ana Júlia, a lhe socorrer nos contatos institucionais; de outro, a reaproximação cada vez mais consolidada com seu recente adversário Asdrúbal Bentes, deputado federal reeleito e dono de quase 30 mil votos em Marabá.
Asdrúbal não nega respeito à atuação de Sebastião Miranda como prefeito realizador de obras e que por isso não hesitaria em levá-lo para o PMDB ou fazer todo sacrifício para ajudá-lo a terminar os dois anos que ainda lhe restam à frente da prefeitura.
Poderoso padrinho de políticos até a última eleição de outubro, Tião passa agora à condição de humilde afilhado, mas com a poderosa arma de ser ainda o maior eleitor do município.