O médico Manoel Veloso (na foto com esposa e casal de filhos)  é  pré-candidato a prefeito de Marabá detentor de duas estupendas votações nas eleições realizadas em Marabá, para prefeito e deputado federal.

Na disputa contra Tião Miranda, em 2016, o cardiologista obteve quase 41% dos votos válidos.

Dois anos depois, em 18, na eleição para deputado federal, Dr. Veloso, como é chamado carinhosamente pelos amigos e eleitores consolidou sua votação no município alcançando 38% dos votos válidos num cenário de disputa no qual enfrentou 89 candidatos votados no município.

Antes de dar start à sua pré-campanha, Dr. Veloso trabalha silenciosamente com uma pequena equipe de técnicos formatando uma Programa de Ações que pretende propor ao eleitorado  marabaense.

A equipe levanta dados do orçamento municipal, demandas do dia a dia e se concentra nas informações que uma pesquisa encomendada que apresentará o rumo a ser seguido durante a campanha.

Dr. Manoel Veloso chega à sua terceira campanha eleitoral mais maduro, consciente do que precisa realizar à frente da prefeitura para cumprir um sonho: “dar prosseguimento ao projeto de meu pai, Dr. Veloso, falecido em 2002, que era transformar Marabá na cidade do interior nortista mais desenvolvida, um lugar ideal para as pessoas viverem por causa das oportunidades que o município disponibiliza -,  e pelo que o poder público pode oferecer de estrutura”,  diz.

Geraldo Veloso, que também era médico, assim como o filho Manoel,  foi prefeito de Marabá de  1997 a 2000 sendo reeleito, mas não conseguiu cumprir o segund mandato.

Viria a falecer em 2002, um ano após assumir o cargo da reeleição.

Em verdade, Geraldo Veloso trabalhou quatro anos.

Nesse período, ele conseguiu marcar profundamente o traçado urbanístico da cidade, numa sequência de 285 obras executadas e inauguradas em mil dias de governo.

O médico Manoel Veloso, inspirado nos sonhos e projetos do pai, quer ir mais longe.

“É perfeitamente possível avançar administrativamente, implantar projetos estratégicos de desenvolvimento para mitigar socialmente a vida das pessoas. Marabá já tem um orçamento que permite ao gestor ser mais ousado”, diz Dr. Veloso.

No último final de semana, o blogueiro entrevistou Dr. Veloso.

Uma longa conversa que versou sobre a pandemia, questões políticas e propostas administrativas preparadas pelo pré-candidato a prefeito.

Em algumas passagens do bate-papo, Veloso não deixa de pontuar críticas à gestão de Tião Miranda.

Ao ser provocado se durante a campanha eleitoral que se aproxima, ele partirá para o ataque ostensivo ao atual prefeito, Dr. Veloso deixa claro:

           -“Comigo não haverá baixarias, nunca haverá. Fui educado por um pai e uma mãe que me ensinaram a respeitar o próximo. Críticas, claro, haverão, mas dentro  do contexto político, apontando erros de uma gestão”.

 

Devido ao longo depoimento,  a entrevista será publicada em duas etapas.

A seguir, a primeira parte do depoimento de Manoel Veloso.

 

 

 

 

“Teria que promover o acesso da população já doente, e em estágios mais graves, ao sistema hospitalar, o que não está acontecendo de maneira adequada. O sistema de triagem pelas UPA’s, que acontecem na maioria das cidades, não existe aqui. O Pronto-Socorro Municipal basicamente é uma improvisação, fora dos padrões que nossa cidade exige. Portanto, as medidas de isolamento, ainda são o recurso mais seguro no momento”

 

 

 

Como cardiologista, você tem atuado na linha de frente em atendimento a paciente da Covid, tanto que isso o transformou também numa vítima do coronavírus. Como você avalia a estrutura do sistema de saúde pública do município nessa questão de enfrentamento à pandemia?

Essa pandemia veio demonstrar mais claramente como está a situação da saúde pública na nossa cidade. Marabá tem um sistema de saúde precário, muito abaixo do que deveria ter uma cidade com nosso porte e nosso orçamento bilionário. A causa disto é a falta de prioridade sobre a questão da saúde e a incapacidade técnica da prefeitura municipal. Todos já sabiam que o prefeito atual, sempre desvalorizou o investimento na área, porque ele acredita que o dinheiro gasto na saúde não traz retorno.

A grande quantidade de mortes em relação à população é uma das maiores entre cidades semelhantes à nossa, nas diversas regiões do País, e isto significa falhas na cadeia de atendimento da COVID-19.

O principal problema não é o grande número de infectados, pois isto não é responsabilidade somente do poder público, depende também da adesão da população às medidas de controle sanitárias, como o isolamento social, porém, o grande número de mortes por habitantes significa que o sistema de saúde  não consegue recuperar os doentes como deveria, exatamente porque não tem suporte e investimento.

 

Antes do surgimento de uma vacina ou medicamento apropriado para curar a Covid, você acredita que o isolamento social é o recurso mais seguro para se proteger  da contaminação do coronavírus?

É ainda um recurso seguro para reduzir os efeitos e os impactos da pandemia, principalmente porque nossa capacidade de enfrentamento da doença é abaixo da média. Existe claramente uma saturação  para manter o isolamento, a saúde mental das pessoas está abalada e o impacto na economia geram inseguranças para empregados e patrões. Mesmo assim, há que se manterem regras de isolamento social, com retomada gradual. Ao mesmo tempo, o governo teria que aumentar a capacidade do sistema de saúde em realizar avaliações precoces. Teria que facilitar mais o acesso às medicações, que reduzem o índice de complicações e de mortalidade. Teria que promover o acesso da população já doente, e em estágios mais graves, ao sistema hospitalar, o que não está acontecendo de maneira adequada. O sistema de triagem pelas UPA’s, que acontecem na maioria das cidades, não existe aqui. O Pronto-Socorro Municipal basicamente é uma improvisação, fora dos padrões que nossa cidade exige. Portanto, as medidas de isolamento, ainda são o recurso mais seguro no momento.

 

Quando você testou positivo para o coronavírus,  um comunicado seu foi liberado nas redes sociais  dando conta de que a doença tinha lhe alcançado. Um gesto de extrema transparência que recebeu elogios de todos que lhe seguem considerando que atualmente você também é um político, com passagem por duas eleições. Qual a sua avaliação da atitude de alguns políticos que procuram esconder doenças ao invés de jogar aberto com a opinião pública?

Um homem público ou que exerce um cargo politico, precisa ser totalmente honesto e transparente com relação a sua situação pessoal e a questão de saúde pública. Números estatísticos da saúde não devem ser maquiados, mesmo que isso reflita um problema de gestão inadequada. Se ocorrer, os resultados poderiam ser muito graves. Como eu estava atendendo meus pacientes normalmente, necessitava avisar a todos que tiveram contato comigo, para que pudessem se cuidar e ficar atentos. Também fiquei à disposição para ajudar e orientar, caso eles desenvolvessem alguns sintomas.

 

Essa pandemia que já matou mais de 50 mil brasileiros está mostrando que o SUS realmente é um programa de governo de Saúde capaz de atender a população. Sem o SUS, dizem especialistas, já teriam morrido dez vezes mais brasileiros do que os dados oficiais. E você sempre se posicionou favorável a investimentos pesados na área da saúde pública. Como medico e estudioso da área, Marabá teria condições de ter um SUS disponibilizado em estruturas melhores do que as existentes?

Não tenho nenhuma dúvida de que a proposta do SUS corresponda ao que poderíamos chamar de melhor convênio médico do mundo. Seu problema é a ineficiência de sua gestão nos municípios. Vários prefeitos, o nosso inclusive, não tem vontade política de executar as propostas de assistência do SUS, muito por desconhecimento e por ineficiência e muito por não crer que a maior responsabilidade que um prefeito tem é de zelar pela integridade das pessoas.

Existem recursos em Marabá para fazer dessa cidade um modelo de atendimento médico. Porém, o Prefeito não prioriza a vida das pessoas como o principal investimento, negligencia os recursos que poderiam ser alocados para o SUS e não faz os projetos que deveria fazer para obter o financiamento Federal. Não se preocupou em indicar pessoas técnicas para cuidar da saúde, enfileirou advogados como secretários de saúde, um atrás do outro, cometendo um equívoco imenso, indicando pessoas sem conhecimento para tratar de um assunto tão importante como a vida das pessoas.

Infelizmente estas atitudes, ou a falta delas, nos levaram a ter a falsa impressão de que Marabá não tem condições de ofertar para sua população uma gestão eficiente que consiga nos deixar seguros.

Poderiamos ter uma interação muito maior com os munícipios próximos, inclusive participando de uma ótima estrutura que é o CISAT (consórcio intermunicipal de Saúde), para aperfeiçoar o atendimento das pessoas das cidades vizinhas sem prejuízo para os marabaenses. Não devemos mais aceitar a desculpa de que o atendimento em Marabá é ruim por culpa de atendermos o povo das cidades circunvizinhas. Devemos sim procurar dirigentes políticos que priorizem a saúde pública porque cuidar das pessoas é o dever principal do homem público.

 

Na sua avaliação, foi um equívoco da atual gestão de Marabá abrir mão da implantação  da UPA na Cidade Nova alegando que a prefeitura necessitaria de alto valor mensal para tocar a estrutura?

Talvez tenha sido o seu maior erro, mas, não devemos esquecer que não existe nenhuma novidade impactante, nenhum programa original, nenhuma nova obra ou serviço médico, odontológico, fisioterápico, nutricional ou de saúde mental, durante todos estes três anos e meio deste governo. Nada mudou na prestação de serviço na área de saúde. Não abrir uma UPA, que já estava com sua obra física concluída, alegando incapacidade financeira, é difícil de acreditar, já que nossa cidade tem orçamento anual bilionário. Temos capacidade suficiente para fazer funcionar uma, duas e até três UPA’s.

Um pronto-atendimento estruturado, com regras, diretrizes e protocolos de atendimento é a porta de entrada para toda situação mais urgente e complexa na saúde. Enquanto a prevenção e a saúde profilática, ou seja, a saúde básica, não estiver apropriada para segurar as doenças e evitar que as pessoas tenham alterações agudas, precisaremos de UPA’s para fazer a triagem necessária, reduzir a quantidade de complicações e aperfeiçoar o atendimento hospitalar.

 

 

 

Precisamos de um gestor humanizado que possa ver o problema dos mais carentes, trabalhando para resolver os problemas principais das pessoas. Que possa olhar as pessoas nos olhos e consiga sentir a dor delas, para tentar solucionar ou pelo menos minimizar as dificuldades e com isso tornar a vida de cada um mais feliz.

 

 

 

 

 

 

Duas eleições enfrentadas por você o colocaram como  político de forte consolidação de votos. Tanto na eleição para prefeito em  2016 como para deputado federal, cerca de 50% dos votos válidos do eleitorado de Marabá foram destinados ao seu nome. O senhor se considera preparado para assumir uma possível candidatura à prefeitura de Marabá?

Sim, me considero preparado e respaldado para assumir essa candidatura. Sinto o apoio e o suporte de grande parte da população pelos votos que recebi e que vê meu nome como esperança de mudança do perfil da prefeitura. Creio que temos que ter um prefeito que consiga ouvir as pessoas, que procure entender seus problemas, que possa se colocar no lugar do outro para sentir suas reais necessidades e agir de forma com que as pessoas se sintam bem tratadas e acolhidas. A prefeitura serve para resolver o problema do cidadão, para tornar a vida dele melhor. Precisamos de um gestor humanizado que possa ver o problema dos mais carentes, trabalhando para resolver os problemas principais das pessoas. Que possa olhar as pessoas nos olhos e consiga sentir a dor delas, para tentar solucionar ou pelo menos minimizar as dificuldades e com isso tornar a vida de cada um mais feliz.

 

Todos os municípios brasileiros enfrentam o grande problema na questão de geração de empregos. Isso é nítido e todos sabem. Caso eleito, quais ações você tomará para tentar reduzir o quadro de desempregados no Município?

A prefeitura tem um papel muito importante na oferta de emprego e na geração de riquezas. Temos em mente várias ações voltadas para aumentar a capacidade das pessoas terem renda.

Umas delas é utilizar o manejo do lixo urbano para incentivar a criação e apoiar cooperativas de reciclagem, com campanhas de conscientização da população para a coleta seletiva.

Naqueles bairros mais afastados onde ainda não há rede de água e esgoto, adotaremos a  pavimentação das ruas com bloquetes, ajudando a diminuir o desemprego por aumentar a oferta de emprego na própria rua e no bairro, utilizando moradores para o serviço na rua e na fabricação dos pré-moldados que serão produzidos no local. Esse tipo de pavimentação, além de gerar  empregos, facilita, no futuro, retirá-la e colocá-la de novo, sem danos, no caso de implantação futura da rede de saneamento. Claro que continuaremos com a utilização da pavimentação asfáltica tradicional, principalmente nas avenidas e ruas de tráfego mais intenso.

Vamos incentivar a agricultura familiar, implantando hortas públicas nos bairros periféricos, com orientação da secretaria de agricultura. Iremos incentivar a produção de hortifrutigranjeiros e estabelecer centrais de abastecimento, trabalhando e apoiando tecnicamente as cooperativas de produção de alimentos.

Tiraremos do discurso e do papel a real viabilização do nosso Distrito Industrial, atraindo empresas para cidade, dando incentivos fiscais e fazendo a formação profissional adequada coordenada pela Secretaria de Educação para dar suporte através de cursos técnicos que irão gerar mão de obra qualificada para as necessidades das empresas que vierem para cá, empregando os marabaenses.

Através da reativação de eventos culturais que foram abandonados e do estímulo ao Turismo, nas suas várias formas;  eventos gastronômicos e de lazer, poderemos aumentar as possibilidades de emprego e renda familiar.

O investimento público na infraestrutura de Saúde atrairá o investimento privado, o que irá aumentar a oferta de vagas na área de saúde, como enfermagem, técnicos de laboratório e de radiologia, entre outros. Gerará também aumento do chamado turismo de saúde, com melhorias para o setor hoteleiro, de restaurantes e transporte.

 

 

 

 

Vamos melhorar o gerenciamento e monitorização dos agentes comunitários de saúde, fazendo sua preparação, trazendo ferramentas digitais que possam aperfeiçoar o atendimento e o acompanhamento das pessoas na parte básica de saúde em sua área geográfica. O atual hospital municipal será destinado a realizar cirurgias eletivas.

 

 

 

 

De certa forma, se analisarmos com muita frieza a realidade, Marabá tem perdido o protagonismo de cidade polo, correndo o risco de, com isso, perder também investimentos do setor privado, que sempre busca locais onde o protagonismo de influência regional esteja consolidado. Você concorda com essa observação do blogueiro?

É fato. Marabá perdeu o protagonismo e isso é culpa principalmente da classe política e, principalmente dos últimos prefeitos, incluindo o atual. A falta de um planejamento de longo prazo, a preocupação apenas com seu mandato, sem pensar nas consequências futuras, tem sido fatais para nós.

Mire no exemplo do nosso prefeito atual: parece que Marabá não tem futuro. Só o que se vê são ações de curto prazo, focado na situação do dia a dia, no feijão-com-arroz. Não se vê nenhuma preocupação com projetos futuros, tudo é imediatismo. Isto acaba inviabilizando a atração de investimentos e de capitais. Pensar apenas no presente é o que nos leva a perder a esperança em um futuro de prosperidade.

A saída é um trabalho de atração de empresas e investimentos, além de procurar melhorar o relacionamento com as cidades vizinhas. Temos que nos afastar destes pensamentos pequenos e sem ousadia.

Nas mãos corretas, nossa cidade pode voltar a ser o que era e reassumir de novo a dianteira do protagonismo, para que ela seja o que está vocacionada a ser, uma Metrópole Regional. Só precisamos acertar nossas escolhas.

 

Você avalia ser  possível melhorar os índices de satisfação das áreas de Saúde, Educação e Infraestrutura do Município? De que forma?

Sem dúvida nenhuma. Na Saúde, nós vamos construir um hospital novo e criar novos centros integrados, para cuidar da saúde do idoso e um centro de referência em traumato-ortopedia para recuperação das lesões dos acidentados. Vamos melhorar o gerenciamento e monitorização dos agentes comunitários de saúde, fazendo sua preparação, trazendo ferramentas digitais que possam aperfeiçoar o atendimento e o acompanhamento das pessoas na parte básica de saúde em sua área geográfica. O atual hospital municipal será destinado a realizar cirurgias eletivas.

Na Educação faremos as recomposições salariais, discutindo com a classe a forma de como melhorar o desempenho, apoiando a capacitação e a reciclagem, além de promover melhores condições de trabalho. Construiremos escolas novas, e faremos melhorias estruturais nas existentes, não apenas superficialmente, como está sendo feito hoje. Temos um projeto que batizamos de Cidade da Criança que serão estruturas novas para fazer o contra-turno das escolas públicas. Lá as crianças terão aulas complementares na área de música, teatro, quadra esportiva e piscina, visando a prática de várias modalidades esportivas. Terão hortas e cozinhas para aulas de manejo para produção de alimentos, espaços para aulas sobre higiene pessoal e pista apropriada para aulas sobre o trânsito. Em resumo, tornar várias escolas em regime integral, sem o custo de ampliação e manutenção de cada uma, concentrando esforços em um lugar. Cada setor da cidade terá seu centro de aulas complementares.

Na parte infraestrutural, revisaremos o plano de transporte municipal, para que o deslocamento e a movimentação urbana tenha ganhos de tempo, qualidade para o usuário e viabilidade de tarifas compatíveis com o poder aquisitivo da população. Queremos integrar o transporte com vans, e reintegrar as demais modalidades. Vamos melhorar as vias principais, com obras de alargamento, faremos outra ponte sobre o Itacaiúnas, novos acessos para os bairros e novos itinerários do transporte público, com a pavimentação das vias principais. Vamos pavimentar a estrada do Rio Preto por que é uma obra vital para a economia da cidade.

Temos plenas condições de fazer tudo isto com nosso orçamento atualmente à disposição. Teremos mais aporte financeiro através das novas regras do CEFEM e do incremento da mineração no município. Também buscaremos trazer investimento do Governo Federal e do governo estadual através de convênios e emendas, o que não está sendo feito por este governo municipal atual.

 

Nota do Blog: na quarta-feira, publicaremos a segunda parte da entrevista