Os médicos cubanos
* Paulo Santa´Ana
Em meio a essa polêmica sobre a necessidade que o Ministério da Saúde vê de trazer 6 mil médicos estrangeiros para o Brasil, surgiram pessoas que duvidaram da qualidade da formação dos médicos cubanos.
Com a notícia espetacular divulgada ontem pelo Tulio Milman, de que o presidente do Sindicato Médico do RS, Paulo de Argollo Mendes, tem dois filhos médicos que se formaram em Cuba, não cabe mais qualquer dúvida sobre a idoneidade e eficiência dos cursos de Medicina em Cuba.
O doutor Argollo, conhecedor como é da problemática médica, não ia mandar para estudar e formar-se em Cuba dois de seus filhos em vão. Se os mandou, é porque em Cuba a formação médica é melhor até que a do Brasil.
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Ora, cabe até uma reflexão amena: se o doutor Argollo tem o direito líquido e legítimo de manter em sua casa dois filhos que são formados em Cuba, por que o povo brasileiro não teria o direito de usufruir do atendimento de 6 mil médicos cubanos?
Os direitos do presidente do Simers e do povo brasileiro são idênticos. O doutor Argollo obrigatoriamente terá de compartilhar com o povo brasileiro esse privilégio de abrigar em seu lar nada menos do que dois médicos formados em Cuba.
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Por sinal, recebi ontem um telefonema de um assessor do Ministério da Saúde em Brasília. Ele me disse que essa pretensão do ministério de importar 6 mil médicos vem exatamente ao encontro de um dos slogans preferidos das entidades médicas gaúchas, divulgado com insistência na Rádio Gaúcha: “Não se faz saúde sem médicos”.
Vejam, então, que as entidades médicas gaúchas e o Ministério da Saúde estão perfeitamente sintonizados em suas intenções e ideias sobre a questão da falta de médicos na maioria esmagadora dos municípios brasileiros. Estão pensando por telepatia.
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Tenho notado, no meio que percorro, uma absoluta indiferença dos médicos com quem converso na Capital para com essa polêmica da importação dos médicos pelo governo.
É claro que nossos médicos acompanham a polêmica, mas demonstram indiferença, acreditando que, mesmo que sejam importados os médicos, em nada afetarão a carreira dos médicos daqui.
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Derivando para o terreno do folclore popular, imagino uma pessoa que necessite de tratamento médico de urgência e telefone para uma unidade de atendimento: “Por favor, estou tendo fortes dores no tórax e no abdômen. Os senhores podiam mandar aqui para minha casa, imediatamente, um médico, mas gostaria que fosse formado em Cuba, tenho mais confiança nos que vieram da ilha de Fidel”.
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Ou então outro telefonema: “É da Urgecor? Preciso imediatamente de um médico aqui em casa, acho que estou tendo um infarto. Mas me façam um favor: não me mandem médico formado em Cuba. Quero médico genuinamente nacional”.
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Agora, ponha-se no meu lugar: conhecendo a experiência do doutor Argollo e a competência extrema dos médicos Nédio Steffen, Jorge Gross, Matias Kronfeld, Luiz Lavinsky e Sady Selaimen, que me atendem diariamente, se eu não os tivesse à disposição, iria querer um médico cubano.
* Paulo Santa´Ana, colunista do Zero Hora.
Guerrilheiro
9 de julho de 2013 - 14:46O grande poblema são os jovens ricos medicos, formados por que seus pais pagam seus estudos, e sempre vivendo em boas condições não vão querer ir para o interior.. eles são os próprios culpados de tudo.. são arrogantes..
Romerson Rodrigues
3 de julho de 2013 - 13:25Quero parabenizar o Sr. Dario pela sua postagem!!! PARABÉNS!!!
O que falta mesmo é a prática da cidadania!!!
ROMERSON RODRIGUES
Dario
2 de julho de 2013 - 07:51Os médicos do Brasil deveriam fazerem o dever de casa primeiro, não suporto mesmo é o tal “com recibo ou sem recibo, senhor”? Esses dias mesmo ouvi isso da secretária do meu médico, que mesmo necessitanto de ser atendido o mais rápido possível, só consegui uma consulta com 12 dias adiante. Adoram sonegar IR e ficam posando de bons mocinhos! Trabalho no setor público e vou te contar, a pior situação que enfrentamos é contratar médicos, o primeiro documento que eles apresentam é o número da conta bancária, o restante a gente tira na unha! Contrata-se para seis horas diárias, mas na verdade eles trabalham no máximo duas horas. E olha que nem estamos na “periferia do país”, temos uma boa estrutura, mas eles gostam mesmo é de dinheiro! Não podemos generalizar, mas a maioria é assim! Uns se acham Deus, outros tem a certeza! E mais, tenho médicos na família, inclusive uma filha cursando medicina (mostro e peço para ela o tempo todo pra que seja diferente do restante da classe, e como estuda em uma Federal, que ao formar dedique um tempo para as pessoas carentes como forma de compensação pelo estudo que o estado lhe deu de graça (de graça não, nós pagamos impostos pra isso). Acho que o texto não ficou como queria e deveria ser, mas esse é o meu recado. Médicos do Brasil, além da medicina, pratiquem também a cidadania!
Paulo Filho
1 de julho de 2013 - 22:08Hiroshy,
É público e notório, que a vinda de medicos de outros paises, não resolve o propblema, e jaamais o governo federal, disse isso. Agora, conheço um amigo médico, que trabalha em dois municipios no pará, sendo 15 dias em cada municipio, e ganha 25 mil reais, em um municipio e 25 mil reais, no outro. ou seja no final de cada mês, fatura 50 mil liquido, sem despesas..O receio dele, é que com a vinda de medicos estrangeiros, os prefeitos, não queiram mais pagar esses altos valores. Então, esse é um dos motivos, da rejeição a proposta, outros motivos, é a questão ideologica etc..
apinajé
1 de julho de 2013 - 14:40dizer que a vinda de médicos estrangeiros resolve o problema da saúde,é tapar o sol com a peneira,em caráter emergencial até pode ajudar,mas não resolve definitivamente.
o problema é estrutural,falta planejamento,a vinda desses profissionais tem um viés político,o governo quer fazer uma média o regime de Fidel e passar a nossa população a ideia de que está empenhado em resolver a situação.se for para resolver tudo que tiver errado em nosso país importando profissionais,sugiro que:importemos policiais para cuidar da segurança,juízes para agilizar a justiça,deputados que façam leis que beneficiem a população de bem,e governantes padrão de primeiro mundo que diferentemente dos que temos por aqui, saibam e cumpram suas atribuições,por fim importemos cidadãos escandinavos, para termos uma sociedade que coloque seus deveres sempre antes de seus direitos.
sem planejamento e ação,jamais encontraremos o caminho que nos leve a ser uma nação de expressão mundial,os problemas que temos, muitos países de primeiro mundo queriam te-los.
se nos falta mão de obra qualificada para preencher vagas em todos os níveis profissionais,também é verdade que nos falta políticos para gerenciar o nosso Brasil.
trazer médicos para ocuparem estruturas ociosas,OK! outra coisas é trazer esses profissionais e larga-los a própria sorte,como hoje se faz com os médicos que bravamente tentam dar atendimento a população em hospitais que não tem,esparadrapo,gaze,aspirina…e quando tem foram compradas de empresas financiadoras de campanhas políticas e agora buscam seus dividendos em licitações Hiper faturadas.
Essa luz no fim do túnel pode ser um “trem bala”vindo de encontro a nossa própria incompetência governamental.
Para aqueles que venham pensar que falo do governo Dilma,enganam-se,falo de todos que comandaram nosso país..desde Cabral.