Remexendo profundezas de meu baú recheado de documentos e textos diversos, o poster pôs as mãos num artigo antigo do advogado e ex-deputado Plínio Pinheiro Neto, atual colaborador vip do blog.

Pinheiro faz um passeio descrevendo o beijo, cujo conteúdo reproduzo, sem autorização do colaborador -, apesar das tentativas para contactá-lo, sem sucesso.

O BEIJO



                                 – Plínio Pinheiro Neto

O Aurélio, fora de dúvidas o nosso mais festejado dicionário, nos traz a seguinte definição de beijo:“ato de tocar com os lábios em alguém ou alguma coisa, fazendo leve sucção, ósculo”.

Derivado do latim “basiu”, o beijo, pelos tempos afora tem enternecido os corações mais pétreos e tem ativado a fantasia de quantos sentem no peito o fervilhar de emoções e sentimentos.

Quer seja na tela dos cinemas ou no vídeo dos televisores, o beijo hoje é banal, embora não despido de importância e não mais causa reações como nos filmes dos primeiros tempos da cinematografia ou no início das telenovelas.

O beijo, quase sempre é demonstração de carinho, de sincero afeto, do mais aprofundado amor, embora o beijo mais famoso e comentado de todos os tempos, tenha sido aquele com que JUDAS apontou CRISTO aos seus assassinos.

Alcides Carneiro, famoso tribuno da Paraíba, em seus discursos de saudação, sempre repetia, em feliz imagem, que “o elogio de corpo presente, à queima roupa, é como o beijo inesperado que se recebe em público: encabula, mas não desagrada.” Na verdade, quase todo beijo é bem-vindo, à exceção dos que imitam o de JUDAS ou daqueles oriundos de beijadores compulsivos e inconvenientes, movidos por problemas de consciência ou distorções de personalidade, como o tristemente célebre “beijoqueiro” que sempre era custodiado quando chegava alguém famoso ao Brasil, para que não viesse a incomodá-lo com sua mania de colecionar beijos.

A BIBLIA nos diz em Provérbios 27. 6, que : “Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos” e nos demonstra, assim, o cuidado que devemos ter na análise dos beijos que recebemos, quanto a sua origem e sua sinceridade e que as feridas são mais valiosas, quando vem daqueles que nos amam, pois servem para nos conduzir à retidão.

O beijo sincero não pode ser vulgar e muito menos vulgarizado e o beijo do arrependimento, deve trazer em seu cerne a espontaneidade que brota do fundo da alma, caso contrário haverá de assemelhar-se ao do Iscariotes, ou ser tratado com o bíblico cuidado ou, ainda, enquadrar-se com aquele de que nos fala Augusto dos Anjos em seu soneto Versos Íntimos, ao prevenir um amigo quanto ao beijo e o perigo que ele representa quando usado com falsidade:

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.