O deputado federal Beto Salame (PP-PA), usou sua página oficial no Facebook para criticar a proposta do Governo do Pará de retomar áreas de empresas no Distrito Industrial de Marabá. A medida consta no Programa de Competitividade Industrial apresentado esta semana pela Companhia de Desenvolvimento do Estado (Codec).

Para Beto, antes de propor a retomada das áreas, o Governo do Pará deveria apresentar propostas que incentivassem de fato o desenvolvimento na região. O parlamentar citou entre essas medidas a redução do preço da energia elétrica, agilidade no licenciamento ambiental dos empreendimentos e a rediscussão da Taxa Minerária.

Leia a seguir a íntegra da manifestação do parlamentar paraense.

SOBRE AS AÇÕES DO GOVERNO DO PARÁ VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE MARABÁ: NÃO QUEREMOS ESPELHINHOS E MIÇANGAS

Foi com um misto de satisfação e preocupação que recebi o anúncio de que a Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec) pretende implantar seu Programa de Competitividade Industrial no Distrito Industrial de Marabá.

Fico satisfeito por ver que, ainda que muito tardiamente, o Governo do Pará demonstra algum interesse em atuar na construção de uma política de desenvolvimento econômico para Marabá.

Lembro que, pelo menos nos últimos quatro anos, pouco empenho se viu por parte do governador Jatene e seu grupo no sentido de apoiar as iniciativas da prefeitura de Marabá ou do setor produtivo de nossa cidade.

Em verdade, Jatene tratou Marabá como “inimiga”. Rejeitou até mesmo manter uma relação institucional entre Prefeitura e Governo do Estado. Nenhum convênio foi firmado e o esforço da Prefeitura em busca de asfaltamento não recebeu qualquer apoio por parte de Jatene.Assim, não posso deixar de expressar minha preocupação quando vejo que entre as medidas cosméticas propostas pelos técnicos do Governo do Pará no sentido de “revitalizar” o Distrito Industrial está a retomada dos lotes industriais que estiverem ociosos.

Antes de se preocupar em tomar a propriedade de empresas estabelecidas no Distrito Industrial, Jatene precisa explicar porque não oferece diferimento nas tarifas de energia elétrica para as empresas paraenses, que pagam um valor altíssimo para produzir aqui.

Jatene precisa explicar porque a burocracia estadual é tão lenta quando o assunto é liberação de licenças ambientais para empreendimentos em Marabá.

Jatene precisa explicar porque ao invés de oferecer incentivos fiscais ou de outra natureza, o governo do Pará cobra uma certa Taxa Minerária, que ninguém sabe o destino dos valores arrecadados e da qual os municípios que mais arrecadam pouco recebem.

Nos últimos quatro anos, contando com o apoio da Prefeitura Municipal, grandes grupos empresariais vieram para Marabá – Grupo Matheus, Havam, Correias Mercúrio e Cevital, entre outras. Infelizmente, a participação do Governo do Pará foi mínima em todos esses casos.

Marabá enfrentou sozinha a maior crise da história recente do País.

Infelizmente, esta é a triste realidade.

Mas, de minha parte estou como sempre estive, à disposição para dialogar com o setor produtivo de Marabá e região no sentido de termos uma pauta realista para apresentar ao Governo Federal e até ao Governo do Pará, que avance para além de investimentos já programados, como a derrocagem do Pedral do Lourenção, que vai viabilizar a hidrovia Araguaia-Tocantins.

A importância do Distrito Industrial é muito grande e não posso aceitar que medidas apenas cosméticas sejam apresentadas à sociedade marabaense como se fossem a redenção para nossa estagnação. O Distrito Industrial de Marabá é estratégico para nosso desenvolvimento e não pode ser usado como mero elemento da propaganda político-partidária para favorecer o governador Jatene e seus correligionários.

Iniciativas como essas, com seu caráter estreito e oportunista, só reforça em mim a convicção de que passa da hora de discutirmos um projeto verdadeiro de indução do desenvolvimento regional que atenda aos interesses dos empresários e trabalhadores marabaenses, mas que também beneficie cidades próximas entre elas Paruapebas, Canaã dos Carajás e Tucuruí.

A crise que vivemos pode ser uma bela oportunidade para tomarmos em nossas mãos a nossa história e construirmos nós mesmos nosso destino. Ou fazemos isso ou iremos ver aparecer, vez por outra, propostas embaladas em boa linguagem tecnocrática, mas que são equivalentes aos espelhinhos e miçangas com que os colonizadores pretendiam enrolar os nativos no início da história do Brasil.

Não precisamos de quinquilharias. Merecemos muito mais e precisamos nos unir para ir à luta em busca de nosso desenvolvimento. Contem comigo nessa luta.