Ex-deputado estadual e advogado, Plínio Pinheiro comenta a crise na atividade florestal:

Já faz algum tempo que o assunto meio-ambiente/devastação é conduzido de forma emocional e, sobretudo, política. Faz-se dele, de tempos em tempos, um cavalo de batalha, por algum motivo que reflete, aqui ou lá fora. É claro que a ocupação desordenada das terras contribui e muito para a devastação, mas será que a culpa é de quem ocupa e devasta ou, acima de tudo, de quem deveria direcionar as ocupações, através de um zoneamento ecológico, que se existe, nunca foi aplicado.

Por outro lado, não se pode jogar toda a culpa sobre o particular. Pergunto: você já viu o Governo reflorestar para recompor as áreas cortadas por extensas estradas? Multiplique a extensão pela largura e veja os milhões de hectares que ele devastou abrindo estradas. E os milhões de hectares que ficaram sob lagos de usinas, estão replantados pelo Governo em que local? Tomemos como exemplo os mais de 400 Projetos de Assentamentos ou Assentamentos do Incra em nossa região e verifiquemos através de imagens de satélite, como eram à época da imissão do Incra na posse e como estão agora.
Concluiremos que toda a mata existente à época da desapropriação desapareceu por completo e quem devastou foi o Governo. Assim foi com a Bamerindus, com a Três Poderes e com a Macacheira. Esta, por exemplo, tinha em 1996 quando foi desapropriada, mais de 3.000 hectares de mata fechada e hoje, tem menos de 300.
É coisa para ser levada a sério e cada um deve assumir a sua parcela de culpa e recompor o que devastou. Não será Tailândia que eximirá o Governo de sua culpa de maior devastador das nossa belas e ricas matas.