Ossadas com indícios de serem de guerrilheiros executados pelo Exército durante a guerrilha do Araguaia desapareceram em Brasília.

Trata-se de um conjunto de cinco ossadas e um crânio localizados e desenterrados do cemitério de Xambioá (TO) em uma expedição realizada em outubro de 2001.

Os esqueletos tinham inequívocos sinais de violência: um estava sem as mãos, e outro estava com os braços para trás. Havia ainda ossos acomodados em lonas e com indicações de estarem amarrados por cordas -o que poderia caracterizar a condição de prisioneiro.

No lugar das ossadas encontradas na expedição de outubro de 2001, a Polícia Federal identificou restos mortais de quatro crianças.

O caso surpreende pelo mistério: nunca, em nenhuma busca por corpos na região onde ocorreu a guerrilha do Araguaia, foram recolhidas ossadas de crianças.

A intriga aumenta pela ausência de pistas do local onde o material se perdeu (as ossadas circularam por vários órgãos federais em Brasília até irem para a UnB, em 2009) e muito menos quando.

O sumiço das cinco ossadas e do crânio foi percebido por Diva Santana, integrante da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos que acompanhou a expedição em 2001, ao ver o inventário da Polícia Federal.

Irmã e cunhada de dois guerrilheiros mortos no conflito, ela diz ter ficado “chocada” com o aparecimento dos esqueletos das crianças.

As buscas realizadas há 12 anos foram organizadas pelo então deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), como representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Ele, sua assistente à época, Myrian Alves, e familiares que acompanharam a expedição confirmaram que nenhuma criança foi exumada. “As ossadas foram entregues para o IML de Brasília. Depois, não sei o que aconteceu”, disse Greenhalgh.

O IML também não tem explicação. O perito José Eduardo Reis, responsável por analisar as ossadas em 2001, aposentou-se.