A debandada geral começou por São Paulo, com a saída de Geraldo Alckmin.

Nesta terça-feira, foi a vez do ex-governador do Pará, Simão Jatene, anunciar também o seu desligamento da legenda fundada por Mário Covas.

O ex-governador Simão Jatene confirmou sua saída do PSDB, em vídeo publicado nas redes sociais.

No vídeo, ele relembra a trajetória dentro do partido, desde a fundação do PSDB no Pará, há mais de 30 anos, e as contribuiçãos à sociedade paraense.

Citou realizações das gestões tucanas, como Alça Viária, energia na Transamazônica, novo aeroporto de Belém, Complexo Feliz Lusitânia, Estação das Docas, Mangal das Garças, entre outros.

Porém, afirmou ter percebido que as atitudes e manifestações de aguns filiados agrediam princípios que deram origem ao partido. Jatene criticou principalmente o apoio que o PSDB tem dado ao atual governo.

Segundo ele, participar de aliança com o grupo que está na gestão estadual é “renegar a nossa história” e “esquecer o passado” da legenda no Pará.

A aprovação do nome do governador de São Paulo João Doria Junior, para concorrer à Presidência da República, durante as prévias do PSDB, levou à decisão definitiva do ex-governador.

Após o anúncio do resultado, o grupo capitaneado pelo ex-governador Simão Jatene começou a arrumar as malas para deixar a legenda. Jatene fez campanha para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que ficou em segundo lugar.

Além de Jatene, devem deixar a legenda, imediatamente, outros militantes tucanos como o presidente da juventude do PSDB, Pablo Alves. O ex-senador Fernando Flexa Ribeiro não descartou seguir o mesmo caminho, mas afirmou que não tomará a decisão “no calor da refrega”.

O destino político do ex-governador Jatene ainda é incerto, mas uma das apostas é de que ele vá para o PSD, partido que, no Pará, é presidido pelo ex-vice-governador Helenilson Pontes.

Nos últimos meses, Jatene foi visto ao lado de Pontes em locais públicos e ambos chegaram a compartilhar as fotos nas redes sociais, sinalizando uma possível aliança.

Jatene foi eleito três vezes governador pelo PSDB, mas desde que saiu da gestão, em 2019, a relação com parte dos filiados vinha se tornando cada vez mais distante.

A crise chegou ao seu ápice ano passado, quando toda a bancada tucana na Assembleia Legislativa, formada por quatro deputados, Cilene Couto, Victor Dias, Ana Cunha e Luth Rebelo, votou pela reprovação das contas de Jatene referentes ao exercício de 2018, dificultando uma possível candidatura dele ao governo ou ao Senado, no ano que vem.

“Se eu tenho que admitir que o partido pelo qual lutamos e com o qual sonhamos não existe mais, do mesmo modo devo dizer que a cada dia se fortalece mais a minha crença no Pará e na nossa gene. Que venha o futuro e com ele novos tempos, nossos ares, construídos por mãos do bem”, declarou. “Mais uma vez agradecendo e em respeito a todos aqueles que acreditaram e confiaram em nós, eu deixo o partido sem envergonhar meu nome e sobrenome. Deixo o partido para ficar com aqueles que não se vendem e não se rendem, porque sonhos não envelhecem”, disse Jatene no video.