Passados dez dias da inacreditável notificação do Ministério Público de Marabá “recomendando” aos veículos de imprensa locais a não publicação de matérias da prefeitura municipal contendo citações religiosas, ou com indicações nesse sentido, não saiu uma nota nos dois principais jornais da cidade sobre a vergonhosa censura prévia.

Silêncio completo, nas páginas do Correio do Tocantins e Opinião.

Ninguém ousou, nem mesmo de forma subreptícia, tratar do tema que tanto incomoda aqueles que lutam pela consolidação de nossa imprensa livre.

Os dois jornais privaram seus leitores de informação e, pior, refugaram a repercussão de um fato que tanto perigo representa à democracia: o renascimento de censores postos, talhadamente, na toga de promotores públicos.

A única “novidade” veio em forma de comentário, enviado ao blog, com assinatura do repórter Laércio Ribeiro, do jornal Opinião. Está lá postado:

O Ministério Público finalmente deu a mão à palmatória e voltou atrás na recomendação dada aos órgãos de comunicação. Pelo menos tratou de melhorar a redação do texto enviado anteriormente à imprensa. Agora, sugere que os meios de comunicação em geral “encaminhem as propagandas institucionais contratadas pela Prefeitura de Marabá para que o Ministério Público fiscalize o cumprimento desta Recomendação pelo Município”.

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Ou seja: pior do que o soneto. A censura escondeu a cara, usando a dialética como instrumento de sua máscara.

Ao “sugerir”, o mau cheiro propagou-se.

Nenhuma redação de jornal foi criada para servir de Off Boy de qualquer autoridade. O Ministério Público, ao gerar suas demandas que as embale, determinando (e fazendo cumprir) à prefeitura o cumprimento de seus despachos.

Com satisfação, o blog registra a posição dos radialistas Zeca Moreno e Chagas Filho, que em seus programas matinais da Rádio Clube, repercutiram o fato, lendo post do blog e condenando enfaticamente a tentativa de censura patrocinada pelo Ministério Público.