Prova disso é a onda reacionária que varre as manchetes e espaços editoriais dos jornalões em, ataques aos sem-terra, cobrando-lhes sacralização, numa santificação que não permita um vacilo, um pecado, um erro, imaginando que uma organização da amplitude e da importância do MST seja algo monolítico, com absoluto controle sobre suas ações. É o mesmo que cobrar do Sistema Judiciário Brasileiro que não exista nenhuma Ana Tereza Sereni Murrieta presa e logo solta por crime de peculato no Pará. Ou toda a Igreja de Bento XVI pelos processos judiciais por pedofilia.

Talvez preferissem que a grande massa hoje fixada nesses acampamentos viesse às cidades se somar à violência com tantos desvalidos que essas dinastias alegam não ser problema seu. Quanto mais virarem as costas, quanto mais ignrarem os trabalhadores perambulando pela periferia do consumo, em busca de um canto para a agricultura familiar e não do agronegócio, mais eles virão atrás os seus direitos com menos ou mais fome, com maior ou menor violência porque essa é uma luta que não há como cessar, até o último asentado, pois ao menor descuido os Direitos retroagem e teimosamente voltamos à escravatura: o sonho mais cínico das classes proprietárias no meio rural e urbano brasileiro.

Trecho acima extraído do editorial do jornal Público, edição desta terça-feira, que tem defendido posições firmes de total apoio aos movimentos sociais espalhados em diversas manifestações pelo Estado.

Conciso e muito bem escrito, o texto, para alguns, pode embutir espécie de “pecado original” por conta dos interesses múltiplos dos meios de informação formados sob a égide do autoritarismo. Mas, como bem dizia Durkheim, a melhor maneira de checar se um fato social está lá mesmo é desafiá-lo e ver o que acontece com você.

Entrar assim de forma independente num barato em que os movimentos sociais são o foco de proteção editorial, pode ser puro sacrilégio aos menos ousados

Ou um complicador para quem não quer ter comprometimentos.