encontro do tocantins com o araguaia (2)

 

Helder Messias, repórter-fotográfico à bordo da balsa de buriti, que fez, em dez dias,  o trajeto Estreito (MA)-Marabá,   tem belas histórias pra contar.

Estórias & histórias registradas  no clic de suas máquinas, algumas (de surpreendentes), capazes de encantar insensibilidades.

Selecionando-as, no início da noite desta quarta-feira, 1,  o pôster  sentiu prazer indescritível absorver cores e traços do cotidiano de pessoas simples, do ir e vir jogado ao léu,  do remanso despretensioso de águas circulando vidas & vidas, ao longo da viagem.

As imagens trazem uma visão mais íntima e humanizada do ofício do fotojornalista, profissional responsável por captar, através da câmera fotográfica, muito mais que fatos, mas sentimentos, emoções e a realidade social.

Além de centenas de fotografias produzidas, Messias dirigiu imagens para um vídeo documentário que a produtora VídeoV começará a editar, contando o trajeto da viagem, e seus efeitos junto às comunidades.

Documentário terá a responsabilidade não apenas de perpetuar  o trajeto da expedição, mas trazer à lume testemunhos de pessoas que residem nas ribanceiras do Tocantins, sofrendo a desatenção de governos, sumariamente ignoradas, diante das consequências geradas pelas grandes obras de “interesses nacionais”, entre elas as hidrelétricas – causadoras de danos irrecuperáveis na vida de famílias simples.

Mas isso é outra história, que ficará a cargo do documentário.

O que importa, aqui, são as imagens de Messias, que desmistificam o mito do fotojornalismo enquanto ofício meramente técnico e provam que, por trás da profissão, tem muito mais que “erguer uma máquina e apertar um botão”.

Personagens que veremos, logo abaixo, mostrados em pequenos textos, são, decididamente,  vidas humanas (e coisas que fazem a vida humana respirar), olhadas a partir de um olhar humano (o de Helder) sensivelmente encantado por sua “estranha mania de ter fé na vida”.

Todavia, as fotos não exprimem apenas o talento de um profissional, mas também a importância de lutarmos, todos nós, para nunca perdermos a sensibilidade e a humanidade diante dos fatos.  Sensibilidade essa tanto para percebê-los quanto para não perdê-los (e saber a melhor forma de fotografa-los, com respeito) e, ainda, algumas vezes, poupá-los.

 

Povos e cidades, numa mesma balsa

A  balsa de buriti, que reproduziu, em plena Sérculo XXI, trajetória usada pelos desbravadores do rio Tocantuns,  carregou, em sua viagem,  não apenas esforços de um grupo de idealizadores da expedição em resgatar um pouco de nossa História, mas a marca e um pouco da história de cada município, por onde o meio de transporte aportou.

As bandeiras hasteadas em pontos estratégicos da balsa, representaram  cores e lutas de cada município, ao longo dos tempos.

Na balsa, cada bandeira pulsava o coração dos habitantes tocantinos.

SAIDA DE SÃO JOÃO

 

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Curiosidade  ribeirinha

O olhar distante, às vezes tímido, dos moradores de ribanceiras, sempre seguia acompanhado de um aecno carinhoso, vendo a balsa passar.

(Ou a banda, que o Chico cantava, “dizendo coisas de amor”?

Alguns moradores não se conformavam em apenas avistá-la. Queriam estar mais perto, saber que “diacho era aquilo”.

E muitos a cercaram, zanzando com suas rabetas, em torno do veículo não motorizado, flutuante de buriti.

 

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A Coluna Prestes esteve aqui

Em suas andanças por Carolina, bela cidade maranhense, à véspera da partida da balsa de Estreito, Messias capturou imagens de forte expressões simbólicas.

ESTA CASA A COLUNA PRESTE SE HOSPEDOU (2)

 

ESTA CASA A COLUNA PRESTE SE HOSPEDOU (1)

 

A casa  acima serviu de abrigo para  o coronel Juarez Távora, durante a  passagem de uma das divisões da Coluna Prestes, em 1925.

O valoroso e idealista oficial do Exército Brasileiro permaneceu alguns dias nesse casarão, aguardando a chegada de Luiz Carlos Prestes, comandante suprema do movimento revolucionário comunista.

 

Anastácio de Queiroz

A casa  onde, muitos anos, morou João Anastácio de Queiroz, ex-prefeito de Marabá.

Hoje, a residência permanece com os mesmos traços, preservada pelos novos donos do imóvel, que aparecem abaixo.

NOVOS MORADORES (1)

 

CASA DO JOÃO ANASTACIO (5)

 

CASA DO JOÃO ANASTACIO (2)

 

CASA DO JOÃO ANASTACIO (9)

 

CASA DO JOÃO ANASTACIO (14)

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Amanhã,  sequência deste post.