Em sua página semanal publicada no Correio do Tocantins, edição de sábado, 3,  Ademir Braz  publica artigo denominado “Ainda há tempo para quebrar o círculo vicioso” no qual  estimula a população a buscar alternativas eleitorais fora do eixo tradicional da política marabaense.

A seguir, reprodução à íntegra do artigo:

 

 

Ainda há tempo para quebrar o círculo vicioso

 

Em artigo recente no site de Carta Maior, o colunista Emir Sader propõe que o ceticismo parece um bom refúgio em tempos em que já se decretou o fim das utopias, o fim do socialismo, até mesmo o fim da história. É mais cômodo dizer, segundo ele, que não se acredita em nada, que tudo é igual, que nada vale a pena. O socialismo teria dado em tiranias, a política em corrupção, os ideais em interesses. A natureza humana seria essencialmente ruim: egoísta, violenta, propensa à corrupção.

“Nesse cenário, só restaria não acreditar em nada, para o que é indispensável desqualificar tudo, aderir ao cambalacho: nada é melhor, tudo é igual. Exercer o ceticismo significa tratar de afirmar que nenhuma alternativa é possível, nenhuma tem credibilidade. Umas são péssimas, outras impossíveis.” (…)

É impossível não ler o artigo até o fim sem imaginar que Emir Sader está, na verdade, tratando da realidade política marabaense – cada vez mais sem perspectivas, como dizem alguns, com a possibilidade de duas reeleições inadequadas para o município, porque já testadas na gestão pública e inteiramente desaprovadas por não estarem à altura dos desafios sociais.
Pior: ambos os supostos candidatos já foram (ou são) objeto de ações civis públicas por atos de improbidade, sonegação, desonestidade na prestação de contas e outros crimes, embora dessas ações nada ainda se conheça das conclusões.

A situação, absurda e embaraçosa, tem levado pessoas honestas a indagar se esta falta de perspectiva, este círculo vicioso vai prolongar-se ainda por quanto tempo, impedindo que a modernidade (e a moralidade) cheguem enfim à atividade política – tão ou mais importante do que a atividade econômica.

Também no Legislativo o cenário é sombrio: a Câmara atual já aprovou a elevação de 13 para 21 as suas cadeiras, e o que não falta é candidato que por lá já passou sem brilho ou nos legando um batelão de péssimas lembranças.

Há quem diga, hoje, que nada é possível fazer, melhor deixar como está – e estes que assim pensam, e falam, não possuem qualquer compromisso com a sociedade e, em regra, têm a vida boa porque comem na mão dos ricos e poderosos de plantão.

Mas ainda falta mais de ano para a eleição municipal e certamente nem tudo está perdido. Ainda é tempo de se promover ações conscientes, organizadas, solidárias, como forma de se evitar mais uma gestão de ruínas e inércias, como diria o sociólogo Boaventura de Sousa Santos.

É preciso discutir, questionar, olhar em volta. Sim, existem candidatos alternativos, nomes de pessoas íntegras e capazes, e para as quais falta apenas serem lembradas e convencidas para a mudança obrigatória do futuro trágico que aparentemente nos aguarda.

Sejamos otimistas: ainda é possível mudar. Em política, algumas coisas levam tempo para acontecer, mas acabam acontecendo quando há vontade coletiva de mudá-las.

Evidentemente não se pode desconsiderar os graves problemas que nos afligem, mas ainda é possível mudar as perspectivas, transformar o horizonte, a começar de agora, com mobilizações, encontros para análise e discussão do que fazer e como fazer.

Lembremo-nos que esse momento político tenebroso em que estamos foi historicamente construído. E pode, portanto, pode ser desconstruído; que teve começo, tem meio e pode ter fim. Quanto antes, melhor.

Vamos à luta? (Ademir Braz)