Jornalista Augusto Barata, em seu blog com mais de 500 mil acessos, disseca em três posts os verdadeiros motivos pelos quais a Alça Viária é um problema sem fim para o governo estadual, exigindo postura mais ética do deputado estadual José Megale (PSDB) em relação às cobranças que ele faz do plenário da AL para a Setran recuperar a importante rodovia paraense.

O poster considera oportuno reproduzir a história como ela é do combativo blogueiro paraense:


Alça Viária – A meia verdade de Zé Megale
Na manhã desta terça-feira, 17, o deputado Zé Megale, líder do PSDB na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, foi à tribuna denunciar o abandono em que se encontra a Alça Viária. Megale acentuou, obviamente, que a obra é um, dos principais legados do ex-governador tucano Almir José Gabriel que, com a instituição da reeleição, permaneceu por dois mandatos consecutivos como ilustre inquilino do Palácio dos Despachos.É saudável e elogiável a preocupação do líder do PSDB na Alepa, e deve ser cobrada, sim, a conservação e/ou melhoria da malha viária do Pará, pelo governo de Ana Júlia Carepa. Faltou, porém, Zé Megale admitir que, ao desengavetar e materializar o projeto da Alça Viária, Almir José Gabriel patrocinou uma obra feita à toque de caixa, sob um ritmo frenético e com erros técnicos crassos, segundo engenheiros da Sertran, a Secretaria de Estado de Transportes. Por isso, cerca de seis meses depois da inauguração da obra, as estradas da Alça Viária já estavam sucateadas.

A história tal como ela é
O ex-governador tucano Almir José Gabriel tem, inegavelmente, o mérito de materializar o projeto da Alça Viária, que dormitava em alguma gaveta do Executivo desde, pelo menos, a administração do ex-governador Hélio Gueiros (PMDB). Mas, quando assim o fez, Almir José Gabriel privilegiou a pressa em detrimento da qualidade, porque preocupado prioritariamente em utilizar a obra eleitoralmente. Tal qual ocorreu nas eleições de 2002, quando elegeu como seu sucessor o também tucano Simão Robison Jatene, com o auxílio do ex-governador Jader Barbalho, o líder inconteste do PMDB no Pará.Na época, o apoio de Jader Barbalho à candidata do PT ao governo do Pará, Maria do Carmo Martins, foi desprezado por setores da legenda petista. Setores que incluiam, ironicamente, Ana Júlia Carepa, eleita governadora em 2006 com o decisivo apoio daquele a quem, até passado recente, tanto satanizara, por conta da súbita evolução patrimonial e de ter seu nome associado a escândalos de corrupção.

A (inusitada) austeridade tucana
Então governador, já ao final do seu segundo mandato consecutivo, o tucano Almir José Gabriel precisava tanto, mas tanto, da inauguração da Alça Viária, que até impôs um padrão inusitadamente austero nos gastos da máquina administrativa do Estado. A palavra de ordem então advinda do Palácio dos Despachos cobrava a mais rigorosa austeridade nos gastos públicos.Essa foi uma época na qual a tucanagem alojada no Executivo preocupa-se em economizar desde energia elétrica a água, passando por diárias, embora sem abrir mão daquelas mordomias básicas, como carro, gasolina e motorista pagos pelo erário, ainda que também para uso pessoal, até porque ninguém é de ferro. Nada mais previsível, nada mais natural, não só pelos custos das obras da Alça Viária, mas também para fazer reservas de caixa, tendo em vista a sucessão estadual.