O que o empresariado marabaense  pode fazer para garantir participação nas obras da siderúrgica ALPA, em fase de construção?

Quase sempre esse questionamento é colocado.  Pergunta a merecer especial atenção!

Inicio de 2009,   ainda no comando da pasta da  Secretaria de Indústria e Comércio de Marabá,  iniciava um trabalho de esclarecimentos e informações  a respeito do tema. A realização de um Fórum com convidados especiais, dentre eles, Secretário de Desenvolvimento do Estado, a VALE  e seus projetos no Pará ,  inclusive com o projeto ALPA,   Sinobrás e Eletronorte -, dentre outros.

Os governos Estadual e Federal apresentavam suas expectativas de investimentos em infra-estrutura,  obras estruturantes e estratégicas como alternativas em transporte e produção de energia. O setor privado apresentava suas    perspectivas de investimentos e cronogramas de execução.

Não era outro o objetivo, senão demonstrar para a sociedade  o momento singular que se avizinhava e as oportunidades que traziam e ofertariam no mercado. Os palestrantes, longamente e com detalhes possíveis à ocasião, discorreram a respeito das quantificações e especificações dos empreendimentos. Apontaram, ainda,  as demandas que iriam se estabelecer, um convite tentador aos empresários com espírito empreendedor.

Desde então a ACIM tem sido palco de recorrentes debates, tentando em definitivo, demonstrar  a todos  que o momento exige atenção, estudo, planejamento e  ação.

Na seqüência, em mais uma iniciativa conjunta ACIM/SICOM, intermediados pela Vale,  propiciou a  grupo de empresários locais,    a oportunidade de conhecer o Pólo Siderúrgico da CSA- Cia Siderúrgica do Atlântico,  no Rio de Janeiro, local  onde se implantava uma indústria similar a ALPA,   programada para  Marabá.

Logo a seguir, e novamente com intermediação da Vale, estendemos  oportunidade a um  grupo maior, composto por membros do legislativo municipal e empresários, desta  vez  para   conhecer a cidade de Ipatinga-MG,  onde a USIMINAS opera uma unidade de produção de aço,  com longos anos em atividade,  e que estabeleceu um novo corredor de desenvolvimento na região.

Em  Ipatinga, a Usiminas  contribuiu para a  construção da  cidade dentro de conceitos inovadores, planejando o município para absorver e transformar os efeitos sociais demandados em referenciais, o que se traduziu em  efeitos benéficos a todo o seu   entorno.

Certamente, o conhecimento de um processo já consolidado como o de Ipatinga, transmitiu a todos os integrantes da comitiva  a dimensão do processo industrial  implantado sob a égide de  novos referenciais de desenvolvimento. A visita serviu para mostrar como  a  relação afinada entre o empreendedor e a comunidade, pode,  de fato, transformar uma realidade, capturando oportunidades para diversificar sua atividade econômica.

Os indicadores sócio-econômicos da cidade são referência. E,  convenhamos, números não mentem: expressam o que de fato é a realidade empreendida a partir da instalação do projeto.

Voltando a pergunta inicial,  sem chance de errar:   acredito que o processo  industrial no Sudeste do Pará é um fato. É o
primeiro passo para o empreendedor estar se habilitando a participar do momento, de forma efetiva, prática. Em outras palavras, vendendo bens, serviços, ou empreendendo em atividades  outras, que serão oportunizadas.

Nos debates estabelecidos durante os  encontros de negócios, muitas “atividades outras” foi objeto de identificação e divulgação pelos técnicos dos empreendimentos base.

A ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá) tem esse arsenal de informações  registrada, pelo que disponibiliza a todos  os interessados.

Natural que para tudo isso acontecer, investir no seu próprio negócio,  como forma de capacitar adequadamente a equipe de trabalho, melhorar  processos de gestão e tecnológicos, são  necessidades para que possam ofertar  aos demandantes,  qualidade e competitividade, sinônimo de condição para garantir a sua participação nesse contexto.

Por outro lado, em virtude da característica  empresarial local  ser constituída por micro e pequenos negócios, a acessibilidade desse grupo às oportunidades tem  necessidade de contar com ações políticas e apoio institucional. Exemplos dessas ações  já podem  ser observados, quando o empreendedor divulga, como política sua, extensivos às grandes terceirizadas que operam como ancoras da montagem,  a priorização  das compras e contratações  no mercado local.

Nesse caso  recomenda-se à  Prefeitura Municipal,  via SICOM, a Câmara Municipal,  ACIM, FIEPA/PDF e setor contratante,   estabelecer
critérios e formas de aferir e acompanhar a evolução dos indicadores.  Uma sugestão inicial seria a criação de câmaras setoriais  ou  mesa permanente de avaliação e acompanhamento.

Para exemplificar ações pró-ativas nessa direção,  por ocasião da elaboração dos processos licitatórios, a ACIM tem reivindicado ser informada a respeito. Em poder de informações, a entidade alimenta o contratante,  do universo dos seus associados que detenham a condição de participar. É uma forma de manter a sinergia e alimentar o empreendedor com alternativas locais de fornecedores disponíveis.

O principal nessa dinâmica,  é que de alguma forma, a priorização das compras e contratações no mercado local de fato se evidenciem, aconteçam. Para tanto, faz-se é necessário quebrar alguns paradigmas estabelecidos pelo setor de compras das  empresas de grande porte.

Fracionar alguns serviços e compras, de forma a contemplar um universo maior de fornecedores regionais, que pelas suas características não têm musculatura para encarar grandes pacotes, é provavelmente uma,  dentre  outras alternativas.

A relação entre empreendedor e comunidade é umbilical, o interesse  comum.

Para recordar e enfatizar que é possível seguir essa rota, em passado recente, na montagem do Projeto Sossego,  foi empreendida  política de priorizar a economia local nas contratações. O resultado é o projeto ser referendado  como modelo em sua implantação, no que diz respeito a   política de compras e contratações empreendidas.

Via de   regra, a  forma de implantação dos grandes  projetos mineradores,  é  truculenta por necessidade mesmo. Números que impressionam e cronogramas a serem executados à risca  exigem do empreendedor, certeza da qualificação de quem se credencia  como parceiro de sua implantação.

Grandes empresas e investidores de considerável envergadura, já estão desembarcando em Marabá e região. São representantes dos mais diversos segmentos que acreditam e  antecipam suas ações, cônscios da condição favorável  para participação no bolo. O mercado local dificilmente vai ter condições de reagir e fazer valer sua condição, por  “estar aqui”, como fator de diferenciação.

Portanto, a pergunta é oportuna e certamente vai exigir medidas como as mencionadas anteriormente.

É uma forma de dar a atenção devida ao comércio em relação à expectativa gerada com a chegada dos  empreendimentos.

A ACIM tem se mostrada obstinada em produzir alertas.

Haveremos de buscar modelos coletivos, como forma de fortalecimento estrutural e assim, habilitarmo-nos nos processos ofertados. Nada impede que  grupos locais se consorciem para desafios maiores,  ou  inovem -, investindo em  pequenas indústrias de transformação, tendo como matéria prima, os produtos a serem disponibilizados pelas indústrias de base.

Outra infinidade de opções está na prestação de serviços, uma característica forte da cidade,  que em muito pode melhorar e ser uma excelente alternativa nessa disputa.

Com inicio previsto para o mês de maio, a ACIM começa a construir  um calendário  de palestras, envolvendo novamente  os principais empreendedores, órgãos públicos municipais, estaduais e federais,  responsáveis diretos e indiretos pela dinâmica econômica da região. O objetivo é atualizar o status dos diversos empreendimentos e projetos.

Naturalmente, a entidade aguarda concorrida  participação  dos agentes produtivos regionais durante debates. Essa é uma forma de criar condições reais de participação dos empresários  no processo de mudança em curso.

Dessa forma, a  ACIM espera, com a  iniciativa,  socializar a informação junto a comunidade,  contribuindo  para o crescimento de todos.

(*) – Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá