Assinada pela bonita morena Flavia Lisbôa, matéria do Diário do Pará expõe um dos motivos do surgimento nos últimos anos em Marabá, e nos demais municípios da região, de grande numero de menores assassinos: inexistência de espaços dignos acolhedores de meninos de rua .

Este poster sempre fez restrições ao desempenho do prefeito Tiao Miranda (PTB) na área social, apesar de reconhecer sua extrema competência no gerenciamento dos recursos públicos e por dotar o município de importantes obras estruturais.

Só que Marabá, como pólo irradiador, deveria servir de referencia nesse campo. Investir pesado num programa de recuperação de meninos a infestar diariamente esquinas, portas de bares e restaurantes, numa peregrinação marginal formadora de revolta e ódio.

Se todos os prefeitos priorizassem recursos para o desenvolvimento de programa de resgate de cidadania infanto-juvenil, o quadro seria menos apavorante nas cidades. Porque os meninos gazeteiros são hoje o que fizeram deles, a família, a sociedade, o Estado. Ou seja, tiveram a infância seqüestrada.

Dificilmente esses seres humanos, precocemente feitos adultos violentos, terão uma vida saudável e adaptada à sociedade. É necessário começar do começo. E como fazê-lo agora? A essa altura podemos dizer que perdemos o momento certo de atuar. Somos responsáveis pelas conseqüências.

“Bufunfa”, “Nego Jó” “Cara de Tacho”, “Breno” -, assassino de Rayara -, e demais pivetes a assustar “os bons” , muito provavelmente, como tantos outros, sofrerão precocemente a pena de morte não oficializada que a sociedades lhes impõe. Morrerão prematuramente em razão da vida que levam, em conflito com traficantes ou com a polícia, por acidentes ou abuso de drogas, por doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, ou situações diversas certamente evitáveis.

Sem uma ação partindo do núcleo municipal, com seus atores envolvidos, o poster confessa sua descrença em resultados.

Está cansativo dizer que lugar de criança é em casa e na escola. Chavão demasiadamente repetido a não sensibilizar as autoridades, que não sofrem qualquer punição em razão de sua omissão. Tampouco são responsabilizados os pais, omissos, negligentes, freqüentemente agressores dos próprios filhos. Filhos que aprendem em casa a cultura da violência, aprendizado que se consolida no dia a dia das ruas. Crianças que cresceram sem carinho, afeto, sem referências de vida em sociedade. Que não foram educados, nem informados, nem receberam qualquer atenção.

Pelo andar da carruagem, o jeito é invocar a Lei de Proteção aos Animais. Só assim para assistir crianças com os direitos que lhes são negados.

A natureza animal da infância deve ser considerada quando a humana já não os justifica.