“Como meninos agitados de um lado para o outro…” (Efésios 4:14)
Foi esta frase que me veio à cabeça ao assistir o jogo do Águia contra o Remo no último domingo. Meninos correndo atrás de uma bola, meninos perseguindo sonhos, meninos que se descontrolam diante de uma simples ofensa, meninos que não conseguem impor limites aos seus próprios instintos.
Não são meninos que montam os espetáculos esportivos, são homens bem formados, muitas vezes metódicos, que calculam custos, estratégias, traçam normas, fazem e refazem contratos, conhecem seus limites, impõe limites.
Os torcedores assistem a tudo, gritam, choram, falam mal do juiz, sofrem mais que os próprios jogadores, nossos meninos agitados.
O mundo do futebol brasileiro é gigantesco, a direção dos clubes passa, frequentemente, por disputadas acirradas, a ferro e fogo. Toda conversação em torno das diretorias demonstra a ganância dos interessados, não propriamente em promover o esporte, mas em usufruir dos dividendos do futebol.
Não irei me adentrar em questão tão espinhosa, como a dos lucros do futebol, lucros muitas vezes que nossos meninos agitados não participam. Poucos, muito poucos, são os que conseguem uma boa qualidade de vida com o futebol profissional.
Infelizmente, esses poucos iluminados ganham um destaque enorme na mídia, são endeusados, são invejados, tornam-se ídolos meninos dos nossos meninos, e de algumas meninas, em formação, e, muitas vezes, deixam família, escola e amigos próximos na tentativa de se igualarem aos meninos agitados do futebol.
O que pretendo levantar diz respeito ao financiamento das empresas ao futebol, aos clubes, propriamente dito. São altos os valores dos patrocínios, com a finalidade de tornar suas empresas mais visíveis.
Ressaltamos, porém, que algumas possuem boas intenções na promoção do esporte.
Investem no futebol, sem deixar de cumprir suas obrigações com a melhoria da educação de nosso país, de nossa cidade. Em Marabá existem empresas que são fidedignas financiadoras da educação, ano após ano deixam suas marcas em muitas escolas públicas de localidades carentes, promovem ações educativas, pagam transporte para alunos prosseguirem seus estudos, envolvem-se nos projetos pedagógicos da instituição, ministrando palestras para pais, alunos e funcionários. São verdadeiras promotoras educacionais.
E ainda patrocinam o Águia, o time do coração de todo marabaense. São exemplos de responsabilidade social. Mas não são todas que possuem este perfil, uma constatação que nos deixa entristecidos.
Pois comportamentos como que presenciamos domingo no Estádio Zinho de Oliveira são típicos de meninos que não passaram por um preparo emocional, não foram educados a tolerar perdas, tolerar afrontas em nome da ética, para não mancharem sua trajetória enquanto seres humanos e profissionais.
Alguns desses ensinamentos obtêm-se em casa, no convívio familiar, outros na escola. Ouvimos muitas criticas às escolas publicas por não oferecerem um ensino de qualidade, mas algumas empresas não procuram ser parceiras na construção dessa educação tão almejada, educação capaz de evitar situações embaraçosas como a que fomos obrigados a assistir, atônitos, depois de um jogo brilhantemente ganho no campo.
Perderam na formação, perderam na educação.
Não arvorarei bandeiras barulhentas com a finalidade de conseguir que mais empresas invistam na educação pública, prefiro minhas rebeliões silenciosas, questionadoras, que chegam ao coração, que se transformam em atitudes.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental São José conta com parcerias de empresas há anos, empresas leais com a educação (Construfox, Unimed, Buritirama, Vale, Itapuan, Hidrovias do Brasil (nossa nova companheira), e, claro, o Hiroshi Bogéa). No entanto, quantas escolas públicas de nossa cidade funcionam precariamente por não contarem com alguma contribuição, mínima que seja, para seus projetos educacionais?
Muitos jogadores desajustados são frutos dessas escolas sofridas, que necessitam de mãos ajudadoras. Empresas ajudadoras.
Você empresário, adote uma escola pública. Invista no futebol, sem deixar de investir no que falta no futebol: EDUCAÇÃO!!!
Evilângela Lima, Educadora, Diretora da Escola de Ensino Fundamental São José.
Evilangela
26 de fevereiro de 2012 - 06:12Edineia;
Isso mesmo, continue acessando o blog, porque é garantia de informação de qualidade e conhecimento cultural.
Beijão amiga.
Edneia
25 de fevereiro de 2012 - 16:06Fico feliz em ver alguem preocupado naõ só com a bola saltando e fazendo gool,mas com um social tão pouco divulgado .Parabéns pelo artigo ,vou virar seguidora do blog
Evilangela
24 de fevereiro de 2012 - 05:39Isso tia, futebol é uma caixinha de surpresa, não uma barra de surpresa.
Os “donos do futebol” mercadejam esses meninos agitados, quando já não são mais úteis os abandonam, sem dinheiro, sem trabalho e, pior, sem educação formal para prosseguirem com a vida.
Beijão nos primos que estudam para não serem pegados de surpresa por barras na vida.
Cleomar Caldas
23 de fevereiro de 2012 - 20:43Na vida é necessário acreditarmos em um futuro melhor. Uma das maneiras de se concretizar esse sonho é preciso investirmos no agente responsável pela mudança: a Educação. Assim, o governo,os empresarios e a sociedade em geral precisam acreditar e “abraçar” essa causa para que em vez de “barra de ferro” ,o ser humano utilize a sabedoria para a resolução de problemas.
Evilangela
20 de fevereiro de 2012 - 11:34Wal;
Legal, bons de bola e bons na escola.
Bom mesmo seria a criação de leis que exigissem das empresas investimento na educação. Mas ficamos, quase sempre, esperando pela boa vontade dos empresários.
Falam que investem no social, mas esse social é muito amplo. Pode ser esporte, filantropia, associações. Educação é opção.
Acredito que nosso país só será desenvolvido de fato quando a Educação for prioridade nº 1.
Wal
19 de fevereiro de 2012 - 23:46Esses empresários parceiros da educação estão parabéns, e você Evilangela também por reconhecer e divulgar essas ações, espero que esse texto sirva de incentivo para que outros empresários como voçê mesma disse “adote uma escola”, e que esses “meninos agitados” que são bons de bola, procurem também serem bons na escola.