O preço do boi gordo superou a marca de 300 reais por arroba, apontou o indicador Cepea/B3 nesta segunda-feira, 1,  novo recorde da série histórica iniciada em 1994, motivado pela baixa oferta de animais prontos para o abate e demanda externa aquecida, mas o fraco desempenho nas cotações da carne no mercado interno preocupa, disseram analistas.

Na última sexta-feira, o índice já havia encerrado janeiro com alta de 12,24% na variação mensal, a 299,85 reais por arroba. Agora, a cotação chegou a 301 reais, avanço de 9,97% em relação ao mês anterior e um salto de 53,4% no comparativo anual.

Analistas previam, em reportagem publicada pela Reuters em novembro, que os preços do boi gordo se aproximavam dos 300 reais, o que indicaria aperto para as margens dos frigoríficos que negociam a carne no mercado doméstico.

A diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel, disse que a carne bovina está indo bem no mercado externo, mas alertou que essa alta no preço do animal é perigosa do ponto de vista do consumo interno —considerando que cerca de 70% da proteína produzida é consumida no país.

“O preço da carne descolou do boi”, disse a especialista. Se por um lado os frigoríficos conseguem remunerações elevadas com compradores internacionais, impulsionadas pelo câmbio, no Brasil o enfraquecimento do poder de compra da população em meio à pandemia e o fim do auxílio emergencial travam o avanço das cotações da proteína.

Levantamento da Scot Consultoria divulgado em boletim nesta segunda-feira indica que, no acumulado da última semana, o preço médio de 22 cortes analisados no atacado caíram 0,3%. Desde o início do ano o valor dos cortes subiu, em média, apenas 1,8%.

A cotação dos cortes de traseiro, de maior valor agregado, caiu 0,6% na semana passada, e a dos cortes dianteiros subiu somente 0,4%.