Com quase  cem por cento  dos leitos ocupados, precisamente  97%  , casos diários da Covid-19 aumentando, o município de Marabá parece ter sido “imunizado” a qualquer medida que vise  uma paralisação total de suas atividades.

Quando se fala na necessidade  de decretação de lockdown, forças ocultas funcionam de tal forma que o poder executivo parece ficar sitiado, evitando desagradar uns e outros.

É o que está ocorrendo agora.

Chega ao blog informação sobre a reunião ocorrida  nesta quinta-feira, na secretaria de Educação, do tal Comitê Municipal de Gestão Covid que reúne representante da Associação Comercial,  Sindicato do Comércio e pessoas representativas da prefeitura e Câmara Municipal de Marabá.

Logicamente, todos congregando o mesmo pensamento: primeiro a atividade econômica; depois a Saúde.

Trocando em miúdos: embora o secretário de Saúde de Marabá tenha feito exposição preocupante sobre a sufocante situação  da área de atendimento público e privado, chegando a sugerir, nas entrelinhas  (claro,  ele não teria a  ´audácia´ de falar a palavra locodown diante dos representantes do PIB local) a paralisação de todas as atividades não essenciais.

Recebeu um chega pra lá, educadamente – evidente.

No frigir dos ovos, ficou decidido o seguinte.

Enviar ao prefeito Tião Miranda três sugestões, para ele decidir o que fazer.

1- Decretar o fechamento, a partir de segunda-feira, de alguns estabelecimentos comerciais, a serem  selecionados  sob  a supervisão dos representantes do Comitê, pelo prazo de uma semana;

2- Acumular os feriados que virão, a partir do final da próxima semana e início da primeira semana de abril (Sexta-Feira Santa e 5 de abil, aniversário de Marabá),  bem como fechar o comércio total  nos dois sábados e domingos subsequentes.

3- Oficiar o Ministério Público de Marabá a instar prefeitos e secretários de saúde dos municípios do entorno de Marabá para que não enviem doentes para os hospitais de Marabá.

Ou seja, na atual condição na qual se encontra a saúde pública local asfixiada, uma brincadeira – principalmente essa última proposta que envolve o Ministério Público.

Aguarda-se, agora, a decisão do prefeito municipal, que sempre fugiu do lockdown como o diabo da cruz.

Vereadores precisam levantar a voz.

Não apenas bater palmas, aplaudindo o resultado da reunião, “que teria sido satisfatória”, nas palavras de Marcelo Alves, do PT.

Omitir-se diante da morte de pessoas, maioria  vitimadas em suas casas por não terem leitos disponíveis, é uma das atitudes mais graves que um homem público eleito pelo voto popular possa cometer.

A realidade é gravíssima, em Marabá.

Há nas mãos da Promotoria Pública  dados totalmente adversos dos relatórios diários liberados pela prefeitura de Marabá sobre a capacidade de leitos dos hospitais locais.

O município estaria expondo dados totalmente aquém dos números coletados pelo sistema de Regulação hospitalar do Governo do Estado.

De dentro do Hospital Municipal, o Ministério Público teria resgatado relatos dando conta de que há mais de meia centena de doentes aguardando na fila, para internamento em UTIs.

Doentes que, infelizmente, poderão perder a vida por falta de atendimento médico.

O prefeito Tião Miranda precisa dar uma basta nessa falta de atitude mais dura.

São vidas humanas se perdendo diariamente por opções decisórias equivocadas do mandatário do município, seguindo o que expõe o Comitê Municipal de Gestão Covid-19