Quem dormiu bêbado ou emburrado ouvindo o roncar de trovões, no meio da noite de domingo, jamais pensava no amanhecer ensolarado desta segunda.

Saindo e escondendo-se, aqui e acolá, o Sol deste 6 de abril tem jeito de estar anunciando a chegada do verão, deixando a sensação de nos aproximar do inferno tropical.

Bastou o sol quente balbuciar seus raios ríspidos pelas janelas abertas da casa, para, junto com eles, surgir a imagem de praia, vento e gente agoniada andando pela orla em busca do primeiro barco.

 

– “Dia de luz festa de sol / E o barquinho a deslizar … “

 

Reforço, então, a promessa de iniciar a dieta prometida havia mais de três meses, para diminuir a gordura e ter pouca cintura – é possível, nesta idade?

Nem bem coloquei os pés no carro, indo pro trabalho (passava pouco das 8 horas) o sol quente me faz lembrar picolé de Uxi, da Blaus; água de coco verde com aquela gosminha branca, rede estendida na  barraca de palha montada nas areias molhadas do Tocantins.

O  “velho” João Bogéa, do alto de sua sapiência amazônida, não se cansa de dizer:

 

– Depois da  Semana Santa, o inverno vai embora.

 

E eu sempre me certifiquei dessa verdade, acompanhando tantas e tantas Páscoas pelo Pará afora.

Diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no rio quando as praias começam a aparecer, não me resta outra alternativa senão saudar o Verão que já deu o ar, discretamente, na manhã ensolarada desta segunda.

Pai pode até se enganar, mas o vento leve, de atiçar pipa ao ar, que senti quando me levantei, é a cara do Verão.