De todos os candidatos de Marabá a deputado estadual, quem se encontra em situação mais confortável, buscando reeleição, é João Salame (PPS).

Esperto, como todo galego, Salame procurou, ao longo de seu primeiro mandato, ampliar o leque de atuação, para não depender exclusivamente dos redutos responsáveis pela conquista de votos que o levaram à Assembléia Legislativa.

Resultado: João deverá conquistar surpreendente votação em diversos municípios, inclusive Belém, cuja soma já é tida pelo próprio PPS numa conta em que Salame aparecerá como o deputado mais votado da legenda, garantindo retorno à AL.

Bernadete

Bernadete Ten Caten (PT) trava luta desesperada para subtrair votos, dentro de sua própria legenda,de adversidades representadas pelas candidaturas de Sebastião Ferreira, Raimundo Oliveira e Raimundo Nonato – o “Nonatinho da Fetraf”.

Na eleição de 2006, Bernadete navegou em calmas águas, com o apoio, inclusive, de Raimundo Oliveira e Nonato da “Fetraf”. O primeiro era Superintendente do Incra aqui em Marabá, enquanto o outro Raimundo pedia votos pra Ten Caten .

Bernadete recebeu 11.650, somente em Marabá.

No Incra, Raimundo fez das tripas coração para conseguir colocar grande parte das pequenas lideranças de sem-terras nos assentamentos, geradores de votos pró-Caten.

Nonato, atuando diretamente dentro da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) como representante direto de Chico da “Cib”, o coordenador Norte da Fetraf e um dos primeiros aliados de Bernadete na federação, gastou solas de sapatos buscando votos pra candidata petista.

Como resultado, Bernadete obteve mais de 36 mil votos, eleita deputada como a mais bem votada dos candidatos que apoiaram a eleição de Ana Júlia.

Atualmente, é guerra pura a relação de Bernadete com seus antigos aliados.

Até mesmo Sebastião Ferreira, presidente licenciado do Águia de Marabá, candidato a vice na chapa em que Bernadete disputou a Prefeitura de Marabá, em 2008, é um de seus maiores obstáculos, pedindo votos à Assembléia Legislativa em faixa paralela.

Dentro do Incra, comandado atualmente por uma preposto de Bernadete, o que se constata é uma guerra declarada entre os seguidores de Bernadete, sob orientação da Superintendente Rose, e as “viúvas” de Raimundo Oliveira, muito bem instalados em postos estratégicos.

Há denúncias de que a Superintendente Rosilvete Lima da Silva, puxada à fórceps, apressadamente de São Gerado do Araguaia, para ocupar o cargo no rastro de chantagiosa manobra da dupla Bernadete-Zé Geraldo que incluía ameaça de disputar com Ana Júlia, a indicação do PT ao governo do Estado, esteja perseguindo todo aquele servidor simpatizante das candidaturas de Raimundo Oliveira e Nonato.

O uso da máquina estatal estaria totalmente voltado à eleição de Bernadete, com o couro do cinturão voltado ás costas de quem se opõe àquela estratégia.

Verdade ou mentira, verossímil mesmo apenas o configurado cenário de terríveis dificuldades antepostos à campanha de Bernadete, que depende agora, mais do que nunca, de votação expressiva em diversos outros municípios paraenses para obter seu passaporte de volta à Assembléia.

Há informes de que na conta da deputada, a meta é buscar 12 mil votos em Marabá.

Ou seja, pelo menos repetir a votação de 2006;

Impossível?

Talvez, não. Mas, difícil. Dificílimo.

Para obter 12 mil votos, num universo de 90 mil válidos, previsão de gente do fórum eleitoral de Marabá para as eleições de outubro, Bernadete, desta vez, encara pesos pesados.

Tiao Miranda, ex-prefeito do município, projeta abocanhar de 30 a 40 mil votos, somente em Marabá.

Calcula ser possível buscar fora, o restante, pra passar a régua.

Raimundo e Nonato

Eleitoralmente, Raimundo Oliveira e Nonato da “Fetraf” se inviabilizam mutuamente tateando zonas do mesmo interesse. A votação de ambos, pelas características de suas origens, tem sobrevida nos assentamentos.

Até o dia 3 de outubro, uma delas, ou as duas, estará descarnada, sugando, ao mesmo tempo, votos que poderiam estar sendo canalizados à candidatura de Bernadete.

Nesse caso específico, a matemática pode prever desalento aos dois protagonistas.

É quase impossível, o movimento dos sem-terra do Sul do Pará produzir votos suficientes para o atendimento daquelas demandas

Ferreirinha

Dificuldade idêntica saboreia Sebastião Ferreirinha. Só que numa escala mais urbana.

Pela natureza da candidatura, o presidente licenciado do Águia de Marabá não posta seus tentáculos no movimento dos sem-terra, nem possui biografia ligada aos movimentos sociais, ou à esquerda, propriamente.

A votação de Ferreirinha, nas diversas vezes em que se elegeu vereador, foi conquistada nos bairros da cidade e em alguns trechos do setor rural através de contatos diretos com as lideranças locais, bem como nos segmentos ligados aos desportos.

Ferreira embaralha a disputa com as candidaturas de Tião Miranda e João Salame.

E é aí se aguça a curiosidade pra saber qual dos três será menos descarnado.

O trio tem suas metas.

João Salame, no mínimo, planeja ter seu nome confirmado nas urnas pelo menos por dez mil eleitores.

Na eleição de 2066, ele se elegeu com 15 mil votos, em todo o Estado.

É provável que passe agora de 22 mil, buscando metade dessa votação em Marabá.

Tião Miranda

Tião Miranda não deve estar confiando em seu admirável perfil de “bons modos”.

Ele mesmo sabe o quanto a falta de carisma e o estilo durão, “caporreiro” até, usando expressão bem marabaense, agora estará sendo colocado em teste.

Não são poucos os ex-prefeitos, e até mesmo atuais, que torcem o nariz quando o nome do ex-prefeito de Marabá é citado. Há unanimidade numa expressão:

                                – Como posso apoiar um cara que malmente falava comigo quando éramos prefeitos, nas reuniões da AMAT ou em outras oportunidades?!

Tiao sabe que ninguém morre de amores por ele.

Tanto sabe que concentra esforço de guerra no município, dando visibilidade à uma candidatura montada na grana, espalhando recados de que eleito deputado estará mais rapidamente dentro da Prefeitura de Marabá, outra vez, “pro trabalho voltar”.

Nesse embate, Tião e João Salame se chocam mutuamente.

Os dois viraram inimigos, depois de rompida antiga amizade.

Nesse caldo, há agradável interesse pra se medir, ao fim da eleição, quem realmente pode assumir o comando de parte do eleitorado municipal.

Agora, por onde passam, os dois espalham sentimento de desconforto que nutrem um pelo outro.

Trocando em miúdos, correndo na mesma faixa eleitoral, Tião Salame e Ferreirinha têm suas contas.

Tião admite ser possível conquistar 40 mil votos em Marabá.

Número, a propósito, superdimensionado, em avaliação que o deputado federal Wandenkolk Gonçalves (PSDB) teria feito, de corpo presente, num bate papo recente com o ex-prefeito de Marabá.

O pôster ainda não ouviu Salame, mas pessoas próximas garantem estar nos planos dele lutar pelo menos por dez mil votos no município.

Em 2006, o deputado do PPS somou 8.728 votos na cidade.

Sebastião Ferreira não foge desses números. Otimista, agora há pouco, pelo celular, confirmou estar trabalhando para auferir 15 mil votos, buscando 25 mil fora do município.

Na soma que o blog vem registrando desde o início deste post (usem a máquina de calcular), há votos de mais e eleitores de menos, passando a régua.

Por que existem outras candidaturas na rua, não menos vigorosas.

Elza Miranda

Baleada pela desfeita de não ter conseguido reeleição em 2006, a empresária Elza Miranda (PR) está trabalhando para tentar retornar à Assembléia Legisaltiva.

Ela conserva ainda eleitores residentes nos grotões do município, sempre dependentes da eficiente máquina de favores multifacetados, que inclui distribuição de remédios, cesta básica.

À base do escambo: toma lá, dá cá.

Não reeditará grandes votações do passado, mas é candidata para segurar um pacote de 5 mil votos.

Em 2006 (sinal dos tempos), Elza somou 11.500 votos em Marabá, 13% dos válidos.

Irismar

Irismar Sampaio (PR), candidata da Assembléia de Deus e muito ligada aos movimentos sociais de bairros, pode ser a surpresa desta eleição.

Numa disputa direta com Elza Miranda (são do mesmo partido), a vereadora marabaense não deverá encontrar dificuldades para suplantá-la, em número de votos, no Estado. Trabalha para ficar na faixa de 22 mil, buscando parte dessa votação em Jacundá, onde por muitos anos residiu e construiu forte leque de influencia, dentro e fora da Igreja.

Irismar disputa com Marcos Filho, voto a voto, o eleitorado de Jacundá.

Seu principal concorrente é filho do médico Marcos, que já disputou por três vezes a prefeitura do município, sem sucesso.

Cálculos feitos pela direção do PR, em Belém, incluem Irismar entre as prováveis eleitas pela legenda, num grupo de cinco deputados cotados a assumirem cadeira na AL.

Macarrão, Tetê e Suleima

No meio da embolada, aparece, vigoroso e ousado, o ex-prefeito de Tailândia, “Marcarrão” (PMDB), com uma campanha rica e espalhada pelos quatro cantos de Marabá.

A forma como Paulo Jásper (como é menos conhecido o candidato) colocou a campanha em Marabá apresenta indícios de que ele quer garantir seu passaporte à AL com a votação de Marabá.

Nesse meio, não custa nada acrescentar ai, pelo menos, uns 3 mil votos por ex-prefeito de Tailândia.

Suleima Pegado e Tetê Santos, ambas do PSDB, querem um pedaço do bolo, já bastante lambido.

Transformada em nova eleitora de Marabá desde quando decidiu mudar o domicílio de Belém, Suleima tem uma campanha um tanto apagada, na cidade. Depende muito da movimentação de seu amigo Raimundo Nonato, secretário de Agricultura do município, que não lhe nega apoio.

Tetê Santos, como sempre ocorre nos processos eleitorais, se finge de morta, comendo pelas beiradas. O pôster não tem conhecimento de como está o humor dos eleitores a candidata tucana,sempre fiel às suas investidas num tempo em que o PSDB tomava conta das decisões políticas do Estado.

Pelas próprias características dessas eleições, Tetê não deverá repetir, em Marabá, a votação de 2006.

Nem ela, nem Suleima.

Naquele ano, Tetê obteve 1.199 votos. Suleima, 3.609