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O presidente da Companhia Docas do Pará (CDP), Carlos José Ponciano da Silva, e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Hito Braga de Moraes (foto acima), apresentaram no final da tarde de hoje (3) o projeto do Sistema Integrado do Rio Tocantins, que inclui a Hidrovia Araguaia-Tocantins e terminais, incluindo o Múltiplo Uso 2, na Vila do Conde.

A reunião, realizada no auditório da prefeitura, teve à frente o secretário de Indústria, Comércio, Mineração, Ciência e Tecnologia (Sincom), Ítalo Ipojucan, que abriu as explanações falando do projeto da hidrovia e destacando o quando ele vital para a região. Segundo ele, pouca gente sabe desse estudo para a realização do projeto. Daí a importância do representante da UFPA e a da CDP o explicarem para a sociedade local.

Hito Barga, que é coordenador do projeto feito pela UFPA, explicou todos os detalhes do estudo para tornar o Tocantins navegável durante todo ano, no trecho Marabá Tucuruí, que inclui a derrocagem do Pedral do Lourenção, em uma extensão de 43 quilômetros. Ele deixou claro que esse projeto é o único viável, porque torna o custo da obra acessível. Outro, segundo ele, inviabiliza a obra pelo alto custo.

O professor fez comparativos, mostrando outras alternativas para mudar o curso do rio, desviando do pedral do Lourenção, e garantiu que a única maneira viável é seguir o curso natural. Ele detalhou que no trecho há um desvio lateral, mas que torna a navegação inviável durante a seca do rio. “A derrocagem é a única alternativa viável”, assegurou.

Segundo ele, o projeto deixa o trecho do rio com uma largura de 70 metros, com uma profundidade no período de seca de cerca de quatro metros de profundidade, garantindo a navegação segura. Ele observou que o rio Mississipi, por exemplo, nos Estados Unidos, é navegável com dois metros de profundidade e, em alguns países da Europa, se navega com menos que isso.

O projeto tem um custo de R$ 520.144.372,79, valor muito abaixo de projetos que aumentem a largura ou proponha alteração do canal natural do rio.

O professor, que tem pós-doutorado, mostrou a viabilidade da hidrovia e os benefícios que ela trará para o transporte da região, com a redução de custos. Num gráfico, ele comparou o custo/ano dos três tipos de transporte, mostrado que o rodoviário é o mais caro, seguido do ferroviário. O transporte fluvial sai por menos da metade do transporte ferroviário.

O presidente da CDP, Carlos Ponciano, lamentou que o projeto até hoje não tenha sido executado e pediu aos parlamentares e a sociedade como um todo que se engajem nessa luta. Segundo ele, o transporte não pode ficar condicionado a apenas uma empresa e a um meio de escoação, que é o ferroviário. Disse isso se referindo a Vale.

“O Pará precisa ser respeitado. Não podemos mais permitir que esse Estado, que contribui com boa parte do Produto Interno Bruto do País, seja tratado como um Estado de segunda categoria. Ver o que é produzido aqui não ter como ser escoado, porque estamos condicionados a apenas um meio de transporte, que é gerido por uma única empresa, é um tapa na nossa cara”, criticou.

Vereadores e outras pessoas presentes fizeram vários questionamentos e todos concordaram que é preciso unir forças para cobrar a hidrovia, independente do Projeto Aços Laminados do Pará (Alpa), que é da Vale. A presidente da Câmara Municipal, Júlia Rosa, disse que o Legislativo de Marabá vai liderar a realização de um seminário para debater o assunto, contando com a presença de todas as câmaras e prefeituras da região.

Nesse sentido, o prefeito João Salame,  que já tinha conhecimento desse estudo da UFPA, sugeriu que o seminário conte com a presença de representante do Governo Federal e Estadual e que já se aproveite a presença em Marabá de autoridades ligadas ao Governo Federal, agora no aniversário da Cidade, para apresentar essa demanda. “Se depois desse seminário as coisas não fluírem, vamos encabeçar uma campanha, unindo prefeituras, câmaras de vereadores e sociedade civil organizada, com divulgação na mídia, em prol da hidrovia. Vamos mostrar a todos que a hidrovia é vital para o nosso desenvolvimento”, frisou Salame.   (Tina Santos – Ascom)

 

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