Agora, às 9 horas, o município de Carolina, localizado em terra maranhense às margens do Tocantins, prestará homenagem ao Centenário de Marabá, realizando ato solene à beira do rio, com as presença do prefeito Ubiratan Jucá (PMDB), do vice-prefeito de Marabá, Luiz Carlos Pies; e da presidente das Câmara Municipal de Marabá, Júlia Rosa.
Ato precede a partida da balsa de buriti, que deixará o porto de Estreito (MA), nesta quinta-feira, 18, bem cedinho, como parte integrante da programação do Centenário marabaense.
Carolina tem forte ligação histórica com Marabá.
Desde a época do período de exploração do caucho (borracha), partiam daquele município expedições com interesses comerciais, de olho na gradativa movimentação nas imediações da foz do Itacaiúnas.
Historiadores contam que presença marcante de maranhenses na história social de Marabá, advém desde os primórdios do século XX.
Em 1905, por exemplo, veio da cidade de Grajaú o latifundiário Martim Mota da Silveira, juntamente com dois irmãos e mais 30 caucheiros, equipados com canoas e utensílios diversos, que subiram o rio Itacaiunas onde fundaram um barracão próximo da cachoeira de nome Goiabeira.
Também com interesses de vender produtos aos novos desbravadores, o jovem Anastácio de Queiroz (futuro prefeito da cidade , natural da cidade de Carolina, no Maranhão, participou da fundação de um barracão, em 1905 (na foto de arquivo, um dos barracões edificados na região) de propriedade do coronel Messias José de Sousa, no lugar conhecido como Guindangues, localizado bem na foz do rio Itacaiunas.
Nessa mesma época, Raimundo Maravilha (sogro de Antônio Maia, futuro prefeito de Marabá em 1913) fundou outro barracão no lugar conhecido como Seco Grande.
A leitura sistemática do livro escrito pela sertanista Carlota Carvalho “O sertão” (original de 1924) traz uma série de informações históricas que fazem parte de um capítulo dedicado, especialmente, à geografia e à história de Marabá.
De acordo com o que informa a autora desse livro, a descoberta do caucho na grande área em volta do Burgo de Itacaiunas aconteceu em 1895. Nesse ano, chegaram ao Burgo dois irmãos vindos do Maranhão – Hermínio e Antônio Pimentel – trazendo a boiada para vendê-la nessa região onde o comércio era bastante promissor.
Ali já se encontrava Carlos Leitão.
Os dois irmãos estacionaram a sua boiada na redondeza do Burgo de Itacaiunas e logo ficaram sabendo que os colonos tinham preocupação em encontrar campos naturais para fazer a criação de gados “vacum” e “cavalar”.
Naquele momento, presumiam os colonos do Burgo, influenciados por algumas breves andanças na região, que a floresta não era maciça e provavelmente existiriam campos naturais entre as áreas dos rios Tocantins e Xingu.
Interessados por esse tipo de conversa, os dois irmãos, que tinham espírito empreendedor, prontificaram-se a pesquisar o assunto na região e no mês de outubro de 1895, de acordo com o que informa o livro da sertanista Carlota Carvalho, partiram juntos com uma equipe de oito homens para o interior da floresta, na direção oeste, onde ficaram mais de duas semanas viajando fora do Burgo.
Nesse breve período, os colonos “viram castanhais vastíssimos, palmeiras soberbas e por toda parte uma árvore grande, mole, de casca amarelenta, na qual o mais pequeno ferimento derramava muito leite, que coalhava espontaneamente, poucas horas depois”.
Acabando o sal e a farinha, infelizmente os colonos foram obrigados a retornar ao Burgo depois de vários dias embrenhados na floresta sem nenhuma informação concreta a respeito dos campos naturais que deveriam servir à pecuária extensiva. Entretanto, incentivados pelo coronel Carlos Gomes Leitão, que forneceu por conta do Burgo tudo que precisavam, os irmãos Pimentel realizaram outra expedição contando com a participação de Anselmo Germano, primo do coronel Carlos Gomes. .
Nessa nova equipe de desbravadores que contabilizou mais de 10 integrantes foi carregada estrategicamente maior quantidade de farinha e de sal que serviriam para garantir o paladar da comida a ser feita improvisadamente no meio do mato durante a expedição.
Todas as expedições saíam, basicamente, de Carolina, tal a sua situação geográfica privilegiada, às margens do rio Tocantins.
No ano de 1926 a cidade de Marabá tinha 431 casas, porém, apenas uma centena delas apresentava sólidas construções modernas de alvenaria e de cimento, sendo espaçosas e confortáveis. A população urbana da cidade não passava nessa época de 3 mil moradores. As casas reconhecidas oficialmente pela prefeitura em 1926 ficavam localizadas nas seguintes áreas:
Centro de Marabá
(Fonte: “Viagem ao Tocantins”, de Deodoro de Mendonça, 1926)
De lá pra cá, já se passaram mais de cem anos.
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Atualização às 09:23
Prefeito de Carolina, Ubiratan Jucá, acaba de revelar, em reunião no seu gabinete com a caravana de autoridades marabaenses presente naquele município, que, durante a alta temporada, nos meses de Julho e Agosto, 60% dos veranistas que buscam as praias do município são pessoas advindas de Marabá.
Pesquisa foi realizada pelo Sebrae, objetivando municiar a administração municipal com dados seguros à um planejamento do Verão que a prefeitura de Carolina realizará, a partir de 2013. “Os laços de irmandade entre Carolina e Marabá permanecem até hoje”, disse Ubiratan.
O vice-prefeito Luiz Carlos Pies, representando Marabá, sugeriu ao prefeito uma parceria de ações para estimular o turismo entre os dois municípios.
Outra importante revelação de Ubiratan: há estudos, na secretaria de Educação de Carolina, para a inclusão, na grade curricular do Ensino Fundamental, estudo sobre a relação social de sua cidade com Marabá.
A triste informação do prefeito denuncia o abandono de centenas de famílias antigas de Carolina, vítimas da invasãod e suas propriedades, pelas água do Tocantins, depois da formação do lago da hidrelétrica do Estreito.
“Tivemos 15 mil hectares de área inundada sem que houvesse, por parte do governo, medidas preventivas que evitassem a exclusão de pobres famílias que vivem, atualmente, perambulando pelas ruas de Carolina, sem rumo. Problemas que a prefeitura tem que absorver, sem condições financeiras”, disse.
Em contrapartida, graças a iniciativa privada, já existe em Carolina um moderno estaleiro, construindo enormes graneleiros, para o transporte de grãos, e demais mercadorias, pela extensão do rio Tocantins navegável.
Agenor Garcia
19 de abril de 2013 - 10:02Caro Hiroshi,
Com todo respeito e admiração ao autor (anônimo) do texto 100 anos, postado no dia 17/04, que relembra cheio de saudades dos ilustres pioneiros de nossa cidade, apenas um reparo. O látex que foi produzido em nossa região, não foi de seringueiras(hevea brasiliensis) e sim do caucho(castilla ulei). No nosso caso, houve uma ação predatória lamentável, segundo os estudos, pois as árvores não eram riscadas, como as seringueiras do Xingú, do Jari ou do Tapajós, nos seringais do Acre e da Bolívia. Aqui, as arvores foram “arrochadas” ou seja, a casca que cobria o caule, foram rasgados em talhos profundos, sem aquele desenho clássico das seringueiras, foram praticamente sangradas para o latex escorrer para o chão, não era recolhido em vasilhames e depois, em “pranchas” que se formavam ao pé da árvore, foram recolhidas e embarcadas para o refino. Por isso, o caucho em nossa região, praticamente foi extinto. Uma pena.
Grande abraço,
Agenor Garcia
,Jornalista
Gestor Ambiental
100 anos
17 de abril de 2013 - 10:04Quem também nasceu em Carolina-Ma, foi Dionor Maranhão, que desbravou essa região e tornou-se um dos maiores exportadores de latex extraidos das seringueiras, e inclusive foi um dos que mais forneceu borracha para os alidados da II Guerra Mundial.
Também foi importante no período áureo da Castanha do Pará em Marabá, chegando a bater recorde na colheita de hectolitros da castanha para exportação.
Sua esposa, Edna Corrêa Maranhão, também nasceu em Carolina, e Dionor é sobrinho de Pedro Maranhão, que é avô da Drª Nara Maranhão Braga e sogro do saudoso seu Braga que criou a bebida Huck, tão apreciada pelos notivacos de Marabá nas proximidades da Praça São Felix de Valois.
Dionor Maranhão era primo legitimo do Antonio Maia, e o primeiro marabaense nascida nessa cidade foi o Sr. Odilio Maia, sobrinho de Dionor Maranhão e filho de Antonio Maia.
Saudade desses cidadãos marabaenses.