Começam a ser fechadas, o que resta ainda de janelas e portas da casa do grande senhor, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo, em segundo turno.

Com a decisão da maioria dos deputados federais, o Brasil avexa os passos para ingressar, finalmente, no rol das civilizações humanizadas.

Ainda há caminhos a percorrer.

Ninguém sabe o que ocorrerá no Senado, para onde a matéria será encaminhada para passar, também, pelo processo de discussão e votação, em dois turnos.

Mas grande parte da classe política sinaliza  estar buscando sintonia com os anseios da sociedade.

De pouco vale, neste instante, o estribucho dos descentes dos senhores feudais – ainda vivos e atuantes, no Congresso Nacional, falando em definir o que é trabalho escravo, argumento tão surrado quanto suas habituais formas desumanas de tratar trabalhadores.

As duas fotos aparecem aqui como meio de instrumentalizar a representação sombria da Casa Grande, apesar do paradoxo identificado numa delas, exatamente o casarão de traços arquitetônicos da era do cafezal – bucolicamente embutindo suavidade do campo e o lado negro da vida escrava imposta aos trabalhadores de antes e de agora.

Com a aprovação da PEC, na Câmara,  o Brasil já pode estampar um sorriso de país caminhando para ocupar status de Nação verdadeiramente civilizada.

Os patriarcas das propriedades agrárias terão, agora, a obrigatória missão de aprender a caminhar sob os efeitos de nova ordem jurídica.