SuassunaAo morrer de parada cardíaca  num hospital de Recife, o escritor Ariano Suassuna não chegou a publicar a sua última obra: o livro  “O jumento sedutor”, que estava sendo elaborado ao longo das últimas três décadas..

A Editora José Olympio confirma a existência da obra, cuja versão foi entregue aos editores, mas, em maio, Suassuna  a  pediu de volta para fazer algumas modificações.

Maria Amélia Mello, editora da José Olympio, casa que publica a obra de Ariano Suassuna,  é quem conta:

– “Suassuna  prometeu entregar logo, agora no início do segundo semestre, a nova versão, para que pudéssemos preparar tudo e lançá-lo até o fim do ano. A ideia dele era viajar o Brasil, para divulgar a obra. Trata-se de um romance, bastante robusto e com muitas particularidades da obra do Ariano, como molduras nas páginas. Só não posso falar sobre o enredo porque ele havia me pedido para não comentarmos.

Segundo Suassuna declarara em entrevistas, o título de “O jumento sedutor” seria uma referência ao romance “O asno de ouro”, lançado pelo escritor romano Apuleio no século II.

Agora, o lançamento da obra, de acordo com Maria Amélia, depende do desejo da família do escritor.
Suassuna tinha 87 anos, e morreu às 17h15 de quarta-feira, 22,  de parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana.

Nascido em João Pessoa, quando a capital paraibana ainda se chamava Nossa Senhora das Neves, em 1927, ainda adolescente, Ariano Vilar Suassuna foi morar no Recife, onde terminou os estudos secundários e deixou seu nome marcado na cultura literatura brasileira, especialmente no teatro e na literatura.

Na sexta-feira (18), o escrito  realizou a última aula-espetáculo e abriu as ações cênicas a um público que lotou o Teatro Luís Souto Dourado, durante o 24º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), no Agreste.

A peça fez honras ao poeta Capiba e contava com artistas do Grupo Arraial. Em todos os 17 polos do evento, que segue até o sábado (26), a Secretaria de Cultura (Secult-PE) pedirá salva de palmas ao mestre.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secult-PE lembra que na apresentação ele “falou sobre o poeta e jurista Tobias Barreto, nas palavras dele, um ‘negro, pobre e feio’ que, apesar de aprovado em diversos concursos públicos, não era nomeado para o cargo; citou Camões para ressaltar a beleza da língua portuguesa; lembrou-se do Google, do Twitter e reproduziu piada da internet sobre a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo; pregou a liberdade e a justiça na busca de uma sociedade ideal, criticou o Super-Homem, ‘o cristo americano'”.