Você faz planos, planeja
Deseja, o desejo sangra
Quer uma casa em angra
Quer carro, ipad, família
Filhos na universidade
(…)
Tanta pobreza humilhada
Tanto canalha no topo
A marcha da falência dos valores da nação
E quando o salvador é o próprio vilão.
Zeca Baleiro
Esta letra do rap de Zeca Baleiro ilustra de forma ardilosa a sociedade consumista em que vivemos. O desejo que sangra, que arde, que tira o sossego, dita o nosso caráter. Até que ponto devo criticar o politico, o endinheirado, a celebridade? Somente quando não prejudicar meus interesses? Meu desejo?
A televisão, a internet, o hipnotizante facebook (também fui fisgada por ele) nos remetem a um mundo atraente, repleto de opções, objetos, tecnologia, fantasias, consumo…
Você já reparou de que é feito o Smartfone que você ganhou? Sabe de onde vem o lápis que entrega para seu filho semanalmente e ele sem piedade aponta? Conhece a procedência do seu leitinho diário? Entende como a energia chega à sua casa?
Estes bens industrializados não provêm de uma mágica acionada por palavras engraçadas e um toque da varinha de condão. A matéria-prima de cada coisa é extraída da mãe natureza. Os recursos naturais alimentam nosso vicio tecnológico, nossa fome consumista.
As empresas fabricam, nós compramos, a natureza desaparece. O ciclo consumista degrada o meio ambiente, não há como acelerar a produção de bens sem passar pela extração dos recursos naturais.
Na serie de palestras ministradas na escola em razão do Projeto de Empreendedorismo, este tema ganhou um destaque importante, sugerido por Eloiso Augusto Araújo, Relação Institucional da Vale/Alpa. A principio pensou-se apenas na necessidade de abordarmos sobre Empresas Verdes, no entanto, o Eloiso ampliou nosso leque de possibilidades, falando sobre o compromisso social e ambiental que uma empresa deve seguir e o impacto que o consumo desenfreado causa ao meio ambiente.
No rastro da Rio+20, as empresas criadas por nossos alunos, como resultado do Projeto de Empreendedorismo, devem ser sustentáveis, ambiental, social e economicamente, seguindo os três pilares da economia global.
Por exemplo, a turma da 4ª Etapa da EJA empreende na criação de uma Indústria de Sabão Ecológico, cuja principal base será o reaproveitamento do óleo de frituras de lanchonetes e restaurantes, a turma mirou nos restaurantes da Orla do Tocantins, após ficarem sabendo que o óleo utilizado na confecção do delicioso tucunaré frito, é lançado diretamente no esgoto que desagua no rio.
Outra sacada positiva das equipes empreendedoras, será a utilização de embalagens retornáveis, o restaurante e a fábrica de sabão, por exemplo, utilizarão vasilhas épicas para a entrega de seus produtos. O Restaurante BOM SABOR, da turma do 4º ano, copiou a ideia de um restaurante carioca, e ressuscitou a saudosa marmita de alumínio, que será envolta em um delicado pano de prato estilizado.
O cliente levará para casa muito mais que comida gostosa, levará sustentabilidade, levará consciência ecológica. Ao escolhermos um local para comer, para curtir, para comprar um objeto devemos ser orientados por princípios éticos, sociais e ecológicos. Nem sempre o que está em voga segue estes critérios.
Deixar de comprar um produto ou utilizar um serviço de uma determinada empresa como forma de denunciar sua postura insustentável também é uma excelente sacada. Outra pegada legal é a pratica dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar.
Ampliado para 4Rs por alguns setores( recuperar, reduzir, reutilizar e reciclar).
Estes Rs são viáveis em toda e qualquer situação, olha só:
* Um final de semana na praia: 3Rs em ação:
- R: reduzir: o que precisará para se divertir na praia? Pencas e pencas de comida que depois se transformarão em lixo? Que tal levar o básico e curtir momentos de interação com a natureza?
- R: reutilizar: Por que priorizar o uso de latas e latas de cervejas e refrigerantes no lugar das saudosas garrafas de vidro retornáveis? Lembre-se estas latinhas, se não forem recicladas, levarãoanos bolando pelo meio ambiente.
- R: reciclar: Mas se em todo caso você não resistir às latinhas, amasse-as e doe para a reciclagem, não as deixe em nossas praias.
* O início do período letivo: 3Rs norteando comportamentos:
- R: reduzir: Seu filho precisa mesmo de 30 lápis preto? Pra que servirá aquele monte de adesivos?
- R: reutilizar: A mochila do ano passado ainda está usável? Então não compre outra, lave, escove, faça pequenos frufrus, se for para meninas, e leve seu filho para escola em grande estilo.
- R: reciclar: o caderno comprado no final do ano ainda possui folhas limpas? Retire-as com cuidado, recorte em pedaços menores, encaderne-as e obtenha um caderninho de recados personalizado.
Para finalizar nosso pensamento, quero compartilhar a encantadora letra da música Bolacha de água e sal, do grupo Palavra Cantada:
Gosto quando vou brincar na rua
Gosto quando encontro meu amigo
Gosto quando a mãe do meu amigo
Me oferece uma bolacha
De água e sal
Gosto de bolacha sem açúcar
Gosto de bolacha sem recheio
Gosto de bolacha sem perfume
Gosto do que é normal
Uma bolacha de água e sal
É… uma coisa natural
É… barata e não faz mal
De qualquer marca
É tudo igual
Quando a gente está meio enjoado
Quando a gente está passando mal
Quando a gente fica aperreado
Bolacha de água e sal
Quando a minha avó era criança
Quando a vida era sempre igual
Lá na roça acordavam cedo
Pra comer bolacha de água e sal
Quando o meu avô era criança
Veio num navio de Portugal
A viagem ficou na lembrança
Só comiam bolacha de água e sal
O meu gosto é radical
Gosto porque é fundamental
Farinha, fermento, água e sal
Simplicidade, no trivial
Se um dia você for lá em casa
Pra brincar comigo no quintal
Vamos combinar um picnic
Pra comer muita bolacha
De água e sal.
É isso aí! Se um dia você for a minha casa, será recebido com bolacha de água e sal, acompanhada de um delicioso suco de fruta, da fruta mesmo, de fruta de verdade.
Como educadores, devemos valorizar o que não prejudica o meio ambiente, respeita o próximo e desenvolverá na criança sua consciência social. Seguindo o conselho da consultora de moda Glória Kalil: menos é mais, isso vale para a moda, para a educação, para o planeta.
Evilângela Lima Alcântara, Edycadora, diretora da Escola de Ensino Fundamental São José.
Francisco Sampaio Pacheco
9 de julho de 2012 - 10:46De volta ao trivial !
Debruçado sobre a janela, inclinei meu olhar rumo às estrelas como se quisesse desvendar o segredo da eternidade.
Como ainda não havia dobrado a esquina, voltei pelos mesmos rastros. Precisava voltar ao trivial, esse trivial que me faz sentir bem, que me faz sentir flutuando no espaço feito floco de neve ouvindo Enya.
La Soñadora, sei que tu és tudo isso e muito mais! Sei que tens a capacidade de pôr em pratica uma idéia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. Sei que tens a arte de Enya naquilo que tu fazes.
Sim, sei que tu és tudo isso! Imagine o céu bem lá no alto. Sob meu rosto eu permaneço frágil.Seja livre. Ande através dos campos. Trechos de algumas letras de Enya.
Avilangêla, teus alunos e amigos precisam dessa doçura proporcionada por DEUS tal qual o corpo precisa da alma, o orvalho com a sua madrugada, assim como a Enya precisa entoar seu belo canto!
Busquei ouvi inúmeras vezes Caribbean Blue até concluir essas linhas. Quanta suavidade! É como se essa melodia invadisse o meu ser me dominando, deixando-me sem ação para outras coisas. Minha alma agradeceu.
Quero muito viver, quero muito ouvir Enya, essas melodias eternas alimentam minha alma. Se não for possível viver muito, então quero pelo menos mais um instante para descansar junto ao vento onde predomina as fragrâncias das flores para depois gritar bem forte… À VIDA É BELA!! Pois quando estiver não sei onde, quero ouvir o eco da minha voz.
Sim, tu és tudo isso, o aconchego, o amparo de quem precisa!
Carinhosamente,
Saudações!!
Evilângela
29 de junho de 2012 - 22:28Francisco Pacheco;
Você me atiçou. Fui procurar Enya. Nas lojas de CDs (raras em Marabá) não encontrei, ainda bem que existe a internet…
Ouvi uma melodia fluída, etérea, sobrenatural, tocou na alma o instrumental
Fairytale, não sei o que deu em mim, tão triste, tão forte, tão bela…
Me encontrei em cada toque, na voz suave e profunda, nos instrumentos harmoniosos. Obrigada por ter me apresentado Enya.
Esta parece comigo:
La Soñadora
Enya
Yo; el otoño
Yo; el vespero
He sido un eco.
Seré una ola
Seré la luna
He sido todo, soy yo.
Yo; el verano
Yo; el ébano
Soy la soñadora.
Tenho sido tudo, sou eu…
Amei.
Beijão, Francisco Pacheco.
Francisco Sampaio Pacheco
29 de junho de 2012 - 11:09Asas para o pensamento!
Pra quem gosta de escrever e a música como fonte de inspiração, recomendo ouvir Enya. Não vejo como um canto triste para acordar a saudade! Vejo um canto para uma reflexão viajando pelos vales da vida. Se formos parecidos, os pensamentos ficarão inquietos e começarão a trabalhar silenciosamente com a regência suave dos acordes da linda música.
Vejo o eu dos meus concidadãos com as mãos estendidas como se estivessem implorando uma migalha de pão, e os tiranos calados com olhos vendados!
Vejo um túmulo feito de PAZ para os meus concidadãos e, um coração vazio para os tiranos com seu inferno construído em vida que não são irmãos!.
Obs: Evilângela, o Hiroshi de forma elegante comentou que você conquistou o espaço através dos teus méritos, além disso, há um mar de elogios dos amigos comentaristas que de certa forma contribuíram para que eu pousasse, me recolhesse nesse espaço coberto daquilo que é tudo de bom!
Carinhosamente,
Um abraço
Prometo fazer uma pausa.
rsrsrs
Evilângela
28 de junho de 2012 - 20:37Hiroshi, precisa colocar mesmo um botão aqui no blog de curtir, urgente!
Assim poderemos curtir comentários lindos como o do Francisco Pacheco.
Obrigada, Franciso Pacheco, não sou merecedora de tantas palavras bonitas…
Francisco Sampaio Pacheco
28 de junho de 2012 - 12:02O que a bela música faz junto ao trivial!
Lendo tua matéria ouvindo Enya, não me contive, então cá com meus botões pensei: preciso escrever mais algumas coisas pra me sentir melhor.
Bendito seja o trivial, pois a riqueza do mundo pode ser vista numa fatia de pão e num agasalho para espantar o frio da madrugada, o calor aquece a alma para mais um dia de labuta e sofrimento, me fazendo entender que essa gente não será desprezada, principalmente quando existe uma Senhora de nome Evilângela. Eis aí a verdadeira grandeza de um ser humano, uma beleza que não é só externamente mas principalmente na luz que há no coração!
“Pessoas iguais a você precisa sempre existir para que o mundo não desabe de vez”
Saudações
Evilângela
27 de junho de 2012 - 22:22Francisco Sampaio Pacheco, você me emocionou, sou uma manteiga derretida…
Quando nem o trivial existe? Isso mesmo, existem famílias que nem o trivial possuem. Não me incomodo com o que os endinheirados comem, mas me incomodo com o que os miseráveis não comem.
Confesso a você, Francisco Pacheco, não suporto mais ver tanta hipocrisia na sociedade, me recuso acompanhar esse rastro de corrupção oportunista deixado por poderosos insossos.
Achego-me a quem precisa de mim, quem precisa de conforto, porque não quero perder tempo com quem já possui demais, e por isso não valoriza o pouco que ofereço.
Obrigada. Abraço grande, enorme!
Francisco Sampaio Pacheco
27 de junho de 2012 - 14:27Quando nem trivial existe!
Devo dizer que o dia ficou mais bonito lendo esses comentários belíssimos!
Até meu amigo que ficava na janela, havia desaparecido, mas que de repente aparece toando um canto dos mais bonitos existentes na natureza como se estivesse me saudando. Um lindo pássaro!
Bolacha água e sal à moda antiga? Que nada, sempre estará na moda, nunca sai de cena amenizando a fome dos necessitados e daqueles que gostam, me incluído é claro. Enquanto aqueles que detém o poder há a sua mercê os melhores pratos marcados nos seus favoritos em cima da miséria dos outros, como um bútio, e os miseráveis de pratos vazios, quando não, é o trivial mesmo! Que lástima!
Quando teremos um fiel servidor que possa realmente se preocupar com o bem-estar da nossa gente? Que possa decidir de mãos dadas com seu povo?
“Evilangêla, esse espaço é um amor indo diretamente aos corações dessa gente que tanta precisa”
“Se existe um novo dia, existe também uma nova esperança”
Saudações
Evilângela
24 de junho de 2012 - 20:01Hiroshi;
Hoje foi o dia D: aconteceu a Feira do Empreendedor. Mesmo sem estar presente, você foi lembrado, tanto por ser um grande homem, como por ter nos apoiado sempre.
A Feira foi resultado do trabalho de 6 meses de toda equipe escolar, nossos alunos apresentaram as empresas criadas por eles.
Foi um tremendo sucesso! Só faltou você.
Não posso deixar de registrar sua importância para o nosso trabalho, você acreditou, se dispôs a nos ouvir, abriu espaço para nos expressarmos e ainda tolera muita coisa, tudo isso por ter visto algo que nem eu havia visto ainda: que é possível fazer barulho bom, saudável, com palavras.
Guardei sua camisa e outras lembrancinhas da Feira para você.
Muito obrigada, Hiroshi, espero nunca decepcioná-lo.
Beijão.
Agradeço, Evilângela. O espaço no blog quem conquistou foi você com sua determinação e competência. Parabéns pelo sucesso da Feira. Abs
Evilângela
21 de junho de 2012 - 05:35Johnny, meu bom amigo, devemos continuar tentando… Um dia conseguiremos.
Obrigada por sua presença, sempre tão presente.
Abraço.
johnny
20 de junho de 2012 - 15:00É verdade, devemos pensar que um dia a matéria-prima vai acabar, mais é tão dificil ser um consumidor consciente…Vou tentar ou morrer tentando.
Evilângela
20 de junho de 2012 - 07:39Valdirene;
Quanta saudade, minha amiga.
Você sempre se posicionou de uma forma ímpar, autêntica, sem máscaras. A admiro por isso! Sua competência, meiguice, honestidade, simpatia são seus principais ornamentos.
Por isso você é linda!!! De alma e corpo!
Beijão amiga e obrigada.
Valdirene
19 de junho de 2012 - 12:00Às vezes fico pensando se sou realmente deste “tempo”. Tempo de desperdício, de coisas supérfluas, de imoralidade, antiética… Gosto de coisas simples, da bolacha de água e sal, de pescar com linha de mão, etc. Não fui fisgada pelo facebook. Até agora consegui ficar apenas no email.
Sou criticada muitas vezes por não comprar roupa de grife, andar na moda, ter mais roupa no armário. Concordo com Glória Kalil, menos é “muito” mais (grifo meu). Parabéns Evilângela por suscitar esta temática.
Valdirene Ferreira