Engenheiro e excelente músico, Ricardo Smith dá seu berro contra os procedimentos inseridos no edital de licitação do projeto “Basa Cultural”.

Emeio do colaborador:

BASA CULTURA ?
Por obra do acaso, tomei conhecimento do projeto Basa Cultural. Por acaso sim, pois não houve divulgação suficiente para que todos tomassem conhecimento dos R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) disponíveis para todos e quaisquer projetos culturais na região amazônica. Isso é suficiente para montagem de várias peças teatrais, gravação de CDs, shows musicais, incentivos a projetos culturais em Escolas Públicas, edição de livros com coquetel de lançamento e tudo, e até filmes.

O Edital normativo para tal modalidade se iniciou em outubro do corrente e se encerrará em novembro, mais precisamente no dia 13. O Julgamento das propostas será em fevereiro do ano que vem, e os pré-requisitos para participação são no mínimo ridículos, pra não dizer coisa pior. Lá no tal Edital existem alguns fatores que vedam a concessão do patrocínio pelo Banco da Amazônia, à projetos:

a) Que evidenciem discriminação de raça, credo, orientação sexual ou preconceito de qualquer natureza;

b) Que possam denegrir a imagem do Banco da Amazônia;

c) Contrários às disposições constitucionais… Ora meus caros estou tentando participar do certame com um livro que intitula-se: “AMAZONIA … em algum lugar”, um romance de ficção , apoiado em fatos que não são novidade alguma para nenhum brasileiro. Temas como:

a) exploração de mão-de-obra, de certa forma, similar a escravismo;

b) exploração não sustentável dos recursos naturais na Amazônia;

c) conflitos agrários do sul do Pará, que longe estão de satisfazer as disposições constitucionais.

Entendo que, ainda que não existisse o óbice do cadastramento na SERASA, encontraríamos como causa impeditiva essas condicionantes. Eu pergunto: o que seria denegrir a imagem do Banco da Amazônia? Acho isso de uma subjetividade inexplicável. O que poderia fazer ou não fazer um escritor; um artesão; um artista;um cineasta ou dançarino que não fosse passível desse enquadramento? Esses caras estão é restabelecendo a censura!

Destaco o seguinte:

a) não é tão raro as pessoas terem problemas com inadimplência que redundam em cadastramento nos órgãos de defesa dos credores (lojistas; bancos; etc.). E a meu ver isso não deva ser parâmetro para excluir um escritor; um artesão ou músico;

b)Os critérios de seleção dos projetos são extremamente inibidores e limitadores da arte e/ou cultura, pois estabelecem pontuação a cada item, variando de 0 a 5 e priorizam dentre outros: 1) Inovação; 3)fortalecimento da imagem do Banco; 6) retorno negocial. A meu ver isso só será satisfeito se a obra ou projeto foi concebido já direcionado a satisfazer essas exigências.

Por fim, desta feita,não vejo como seriam patrocinadas obras de: Paulo Coelho; Caio Fernando Abreu; Ken Follet ou Sidney Sheldon.

Afinal a dinheirama toda é para incentivar a cultura ou para direciona-la num único sentido o da sub-cultura?

Ricardo Smith