Cantor e compositor Zeca Baleiro decidiu meter a colher na panela que ferve no Maranhão, batendo ferozmente contra a oligarquia da família Sarney, “governantes vitalícios, que agem como os velhos donos das capitanias hereditárias do passado.”.
A pauleira de Baleiro está publicada, originalmente, na Folha de São Paulo, repdoduzida abaixo:
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Uma notícia está chegando lá do Maranhão
(*) Zeca Baleiro
Leio com assombro as notícias que chegam do Maranhão. Imagens e relatos dolorosos e repugnantes despejados em tempo real em sites, jornais e telejornais, escancarando a nossa vergonha e impotência diante de barbaridades que já extrapolam nossas fronteiras e repercutem mundo afora.
Como todos, estou pasmo. Mas nem tanto. Nasci no Maranhão e sei que a barbárie (a todos agora revelada de um modo talvez sem precedentes) já impera há anos na prática de seus governantes vitalícios, que agem como os velhos donos das capitanias hereditárias do passado.
Se o crime organizado neste momento dá as cartas e oprime o povo com ameaças e ações dignas dos mais perigosos terroristas, é porque há uma natural permissão -a impunidade crônica dos oligarcas senhores feudais, que comandam (?) o Estado com mãos de ferro há 47 anos (a minha idade exatamente) e que, ao longo desse tempo, vem cometendo atrocidades sem castigo, com igual maldade, típica dos grandes tiranos e ditadores.
Esses donos do poder maranhense (e nunca dantes a palavra “dono” foi empregada com tanta adequação como aqui e agora) são exemplo e espelho para que criminosos ajam sem nenhum medo da punição.
Pois a miséria extrema que assola o Estado há décadas, o analfabetismo estimulado pela sanha dos coiotes ávidos de votos, a cultura antiga de currais eleitorais, a corrupção mais descarada do mundo e o atentado ao patrimônio histórico de sua bela e triste capital são crimes tão hediondos quanto os cometidos no complexo penitenciário de Pedrinhas.
A diferença crucial é que, enquanto os bandidos que agora aterrorizam (e matam) a população aos olhos assustados da nação estão em presídios infectos e superlotados, os criminosos de colarinho branco (e terninho bege) habitam palácios.
No meio do caos, soa tão patética quanto simbólica a notícia veiculada dias atrás neste jornal sobre abertura de licitação para o abastecimento das residências oficiais da governadora.
A lista de compras é de um rigor e de uma opulência espantosos. Parece coisa da monarquia francesa nos dias que antecederam sua queda.
No presídio de Pedrinhas, cabeças são cortadas. Resta saber se, para além dos muros da prisão, alguém um dia irá para a guilhotina.
(*) ZECA BALEIRO é cantor e compositor maranhense
E. Silva
14 de janeiro de 2014 - 07:40Esse Zeca Baleiro é um Zé mesmo….porque só agora ele vem fazer esse comentário? Outra é que ele tem quase 50 anos e só agora ele se deu conta da oligarquia no MA? Quando chega a esse ponto é fácil dizer isso ai.
Francisco Sampaio Pacheco
13 de janeiro de 2014 - 16:06Amigos,
Muito do que li da matéria do Zeca, em algumas palavras há repetições escritas por mim, pois é o sentimento de mais um que não suporta atitudes desses abutres de colarinho branco. Ele não suportou e botou a boca no mundo. Há diferença é essa mesmo, apenas mudança de ambiente. Enquanto uma gama de bandido desfila nos presídios impondo respeito como se fosse o dono de tudo, outros desfilam em tapetes vermelhos num vai e vem parecendo um cururu.
Fala sério! Eis aí uma grande piada o nosso país!
saudações marabaenses!!!
Somos tiranizados por esta oligarquia com o aval dos figuras emblemáticas da polítca brasileira
13 de janeiro de 2014 - 09:38Uma maneira fácil de escravizar o povo, é lhe roubando a educação, e é isso que esta família vem fazendo há décadas.