Emeio do craque José Alencar, enviado ao blogger, lembra as poderosas golden share, em poder da União, como arma de pressão para a construção da Alpa, priorizada pela Vale.
Lendo alguns posts sobre a solenidade de entrega da licença de operação da siderúrgica da mineradora, nosso magistrado trabalhista e blogueiro, na mensagem enviada ao email pessoal do pôster, lembra:
Meu caro Hiroshi,
A propósito: relembremos que foi graças às golden share que a União detém – doze – que a ALPA se tornou uma prioridade para a Vale. Até a União ameaçar fazer valer as golden share, a Vale não dava menor sinal de interesse pela ALPA, antes pelo contrário, dizia que aço era um mercado reservado para seus compradores de minério e ela com eles não concorreria. Terminou encontrando uma forma de se aliar em lugar de concorrer.
A pergunta a ser feita agora é: por que não usar mais vezes o poder de fogo das golden share, já que elas operam milagres como esse?
Outra: que tal se a União doasse uma dessas golden share – só umazinha – para o Estado do Pará?
Imagine o poder de fogo e o cacife do Pará com um trabuco desses nas mãos.
Estou cada vez mais convencido que o Presidente Lula fez bem em usar o poder das golden share para forçar a Vale a mudar sua estratégia, subindo a siderúrgica ALPA no ranking de seus (dela, Vale) investimentos. Graças à ação do Presidente o que era low se tornou high. A Vale é um gigante que só se move quando um poder maior e mais alto se alevanta. A União, com suas golden share, é esse poder maior.
O Estado do Pará pode ter também esse poder. Basta que a União faça a doação de uma – umazinha só – golden share para o Estado (ela tem doze). No dia seguinte à doação as relações da Vale com o Pará seriam outras, bem outras. O Estado seria obrigado a subir de nível e a Vale não precisaria se acocorar para ouvi-lo. Claro que isso vai depender de quem estiver no Governo do Estado, mas no ato de doação a União poderia blindar a golden share contra seu mau uso eventual por algum governador, para que ele não caísse na tentação de usá-la como instrumento de extorsão para benefícios pessoais ou grupais escusos. E, claro, poderia haver uma legislação estadual de suporte que desse mais força ainda ao Estado nas suas relações com a Vale, que precisam mudar (para melhor e mais elevadas).
Estou também convencido que agora é o momento exato para propor essa doação e esta sugestão é como passarinho e samba: é de quem pegar. É copyleft.
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No mesmo emeio, sempre generoso com o pôster, José Alencar eleva a nossa auto-estima:
Obrigado pela cobertura up to date do, digamos assim, lançamento da ALPA.
Digo e reitero: quem for contar a história contemporânea do Sul do Pará terá que citá-lo, ou estará mentindo. Você é nosso homem aí no front, nosso correspondente de guerra, nosso Joel Silveira e nosso Rubem Braga. Por isso mesmo você já começa a ficar nos devendo um livro – que tal um e-book? – sobre a saga contemporânea do Sul do Pará. Mais ou menos cem anos atrás outro jornalista passou pela Amazônia e escreveu algumas coisas sobre a saga de então, a da borracha. Está faltando quem escreva sobre a saga dos minérios. Você está escalado para ser também nosso Euclides da Cunha e mostrar para nossos pósteros o que está acontecendo aí nessa página não escrita do Gênese. Pense nisso nesta Páscoa, que desejo seja uma passagem para você e para o Sul do Pará. Uma boa passagem, como foi para os judeus.
NT (Nota do Blog): Nota acima está sendo postada depois de devidamente autorizada pelo amigo Alencar.
Hiroshi Bogéa
6 de abril de 2010 - 16:47Caro Alencar, correção providenciada, tenho mais uma vez de agradecê-lo. Daqui farei tudo para continuar merecendo a sua confiança e de milhares outros leitores. O trabalho continuapá, intensamente, inclusive estudando a sugestão de escrever um livro. O tempo desse projeto está perto. Quanto ao LFP, ele realmente é hors concours. Abraços
JOSÉ DE ALENCAR
6 de abril de 2010 - 13:49Meu caro Hiroshi.
Muito obrigado pela publicação das mensagens.
Peço corrigir um erro de digitação: em lugar de "excusos", leia-se "escusos". Não prejudicou o entendimento, felizmente.
Concordo que o Lúcio sempre relatou essa saga, mas meu desejo é que o Hiroshi faça isso daí do Sul do Pará.
Ademais, o Lúcio é hors concours…
Hiroshi Bogéa
6 de abril de 2010 - 12:5709:47, em verdade, foi o Lúcio quem sempre jogou luz sobre esse tema, nem sempre escrito, pelos seus principais protagonistas, de forma reansparente. Abs
Anonymous
6 de abril de 2010 - 12:48Mas não esqueçamos que o Lúcio Flávio Pinto, em seu Jornal Pessoal, narra a saga do minério, desde que a mina de Carajás foi descoberta por acaso.