Quem anda nestas nossas ruas enxerga que o puxadinho é o expoente máximo das obras do brasileiro.

Em Marabá, puxadinhos existem em toda rua. Ou em quase todas.

Alguns leitores, ultrajados, podem afirmar, provavelmente em expressão cheia de eufemismos, que isso é coisa de pobre.
Mas basta lembrar que o puxadinho foi chancelado pelo governo com a criação do “anexo” do Palácio do Planalto.

O mal vem de cima, lá de cima mesmo.

Assim, um passeio pela cidade revela que as maravilhas da cultura do puxadinho atingem não só a periferia como os condomínios de luxo também.

Como o dessa foto abaixo, onde o dono de um bangalô na Cidade Nova construiu essa geringonça aí em sua calçada, não sei com qual finalidade.

Fruto da incapacidade brasileira de realizar qualquer planejamento superior a trinta minutos, o puxadinho aparece da urgente necessidade surgida com algum acontecimento que, se não podia ser evitado, ao menos poderia ser previsto.

Por outro lado, o puxadinho deixa claro como o brasileiro é capaz de improvisar com criatividade.

Tenho um amigo (ele vai ficar zangado ao ler este post!) cuja casa sofreu tantas mutações ao longo dos anos que o visitante mais desatento poderia entrar no banheiro e se ver na varanda. Uma cozinha deu lugar a um quarto e, com algumas mudanças, terminou como uma sala.

Até hoje é possível observar uma improvável torneira no meio da estante da TV dele

(Enquanto o poster morre de rir, aqui)

A alma de um povo, seja lá o que isso signifique, está expressa em suas escolhas arquitetônicas. Afinal, vivemos, trabalhamos e, enfim, vivemos em construções. Enquanto os arranha-céus de Nova Iorque, com suas paradoxais curvas quadradas, refletem a arrogância conservadora americana envernizada em luxuosa ousadia, a explosão de luzes multicoloridas de Tóquio nos leva a enxergar o povo japonês diferente da imagem tradicional do oriental discreto.

Já o jeitinho brasileiro arquitetônico está conceituado no puxadinho e sua alegre mania de desrespeitar normas.

Nota: As fotos acima foram feitas sem intenção de dedurar ninguém, refletindo tão somente registro de fatos corriqueiros.