A média de internações/mês no Hospital Regional de Marabá “Geraldo Veloso” é de 315 pacientes.

Demanda altíssima.

Mas,  considerando os 22 municípios abarcados pela 11ª Regional de Saúde, a qual o HR está inserido, não é para  estranhar esse elevado percentual de procura do hospital.

Afinal, são mais de um milhão de pessoas habitando os vinte dois municípios,  Marabá como polo.

Com 480 funcionários, o HR impressiona pelos números gerados.

Em oito meses de 213, realizou 2.577 procedimentos cirúrgicos.  17.711 consultas ambulatoriais;  39.157 sessões de fisioterapia; 96.475 exames clínicos;  18.633 exames Raio X;  1.592 ecocardiogramas;  1.347 eletrocardiogramas. E por aí, vai.

O blog esteve no Hospital Regional, levantando números e o que está sendo feito lá dentro para melhorar sua estrutura de atendimento.

Hospital Regional 2A grave crise no setor de saúde local pode ser amenizada, caso o Hospital Municipal, em fase de ampliação pela prefeitura de Marabá,  ofereça leitos para o atendimento de casos emergenciais – quem acredita nisso é o médico Luiz Sérgio, que já foi diretor do Hospital Municipal e hoje controla o centro de regulação do Regional.

“Nós estamos ansiosos para a prefeitura concluir a reforma, tão esperada em todos esses anos, porque ela representará o retorno das cirurgias eletivas, suspensas por falta do centro cirúrgico, e isso será um atenuante no conjunto de atendimento nas duas unidades de saúde pública da cidade”, explica o médico Luiz Sérgio (foto), chefe da Central de Regulação do Hospital Geraldo Veloso.

“Quando as seis salas cirúrgicas do Hospital Municipal forem entregues à sociedade, tenho certeza que a medida desafogará em muito o Hospital Regional”, sentencia o médico.

Como se sabe, a reforma do HMM está sendo feita nos setores do centro cirúrgico, na unidade de tratamentos especiais (UTE), nos leitos psicossociais, na cozinha e lavanderia hospitalares.

Luiz Sérgio controla um dos setores mais complexo da unidade hospitalar do Estado, e é um dos profissionais que mais conhece as deficiências da área de Saúde do município.

“O maior problema nosso, a concentração de tantas demandas aqui no Regional e no HMM, é porque a maioria dos municípios não faz o dever de casa, cuidando da atenção básica e da média e baixa complexidade”, explica Luiz.

Segundo ele, os grandes desafios são, na realidade, a continuidade.

“É preciso que a Atenção Básica seja levada a sério, e que haja continuidade dos programas, de uma gestão para outra,  ganhando qualidade, melhorando no ponto de vista da abrangência, melhorando no ponto de vista da atenção, do cuidar. Esse é o grande desafio, para isso é preciso trabalhar em cima de gargalos. Quais são os grandes gargalos do SUS? Urgência e emergência. Então nós temos que trabalhar  ampliando  esses serviços”, explica.

Luiz Sérgio entende  ser fundamental trabalhar a prevenção melhorando o programa de hipertensão e diabetes, “porque sabemos que se não der para controlar hipertensão e diabetes você vai ter um paciente com AVC, sobrecarregando os hospitais de referencia,  mais na frente”.

Luiz Sérgio explica que a Central de Regulação do Hospital Regional  atua de forma estratégica para melhorar o acesso do usuário do SUS aos serviços públicos de saúde, oferecidos por uma unidade de  média e alta complexidade.

No HR,  há uma demanda reprimida no atendimento oftalmo  e otorrinolaringologia. ““Um dos grandes desafios nossos é tentar reduzir a demanda nessas duas especializações”, conta.

Obras reiniciadas

As obras de ampliação do Hospital Regional “Geraldo Veloso” foram reiniciadas.

Inicialmente, numa primeira fase, o governo construiu mais dez leitos na UTI.

As obras reiniciadas, dias atrás,   contemplarão o HR com um prédio de três andares e mais trinta leitos para cirurgia.

Hospital Regional“No térreo desse edifício, funcionará o setor de hemodiálise  com 20 máquinas. No segundo andar, a Administração.  E, no último andar, o Centro de Estudos destinado ao Hospital Escola, para residentes médicos e estagiários de enfermagem, da  Uepa. Iniciamos, também, as obras da Hemodinâmica, onde hoje funciona a administração”, explica o diretor-geral do hospital, Valdemir Girato (foto).

Ampliação do HRGV prevê ainda, no fundo do prédio,  construção de uma unidade de resíduos, onde será desinfectado o lixo hospitalar, a ser liberado para recolhimento público da prefeitura.

Hoje o HR dispõe de  três UTIs.

Uma UTI neo, com nove leitos; UTI pediátrica, com nove leitos e UTI adulto, com 20 leitos.

“Atualmente, está aptos a realizar 300 cirurgias mês, utilizando os 115 leitos atuais. Com a construção de mais trinta leitos, nossa capacidade será de 600 cirurgias/mês. Não fazemos mais cirurgias, porque não tem como internar. Cada paciente operado fica em media quatro dias internado”, esclarece o diretor.

Quando estiver com a ampliação concluída, o Geraldo Veloso terá 145 leitos, o maior do Estado do Pará.

Valdemir Girato adianta que a unidade está recebendo, também,  mais duas salas cirúrgicas e  uma sala de acolhimento, além da  ampliação do setor de apoio, dotado de almoxarifado, arquivo CND (Serviço de Nutrição Dietética, que cuida da produção diária de refeições), e lavanderia.

Uma das grandes conquistas do Hospital Regional, segundo o diretor, é oferecer serviço de  Hemodinâmica, quando a ampliação for concluída.

“Com esse ganho, poderemos trazer para a rotina do hospital uma das mais delicadas intervenções médicas, a operação torácica. Isso nos permitirá fazer  cateterismo no próprio hospital. Por exemplo, chegou um paciente enfartando,  ele será colocado na máquina de hemodinâmica,  onde será aplicado um contraste nele que permitirá a equipe medica detectar onde está o entupimento de veias e ali vai entrar o cateterismo para o laser desentupir a artéria, ou colocação de stent.  Isso em caso de cardíacos e AVC”, explica.

O procedimento evitará uma cirurgia no paciente, como abrir o crânio.

Segundo Valdemir Girato, previsão para terminar todas as obras é de oito meses.

“Mas como dependeremos da compra de equipamentos importados, melhor trabalhar com uma previsão de um ano e meio pela frente, para estar tudo pronto. A hemodinâmica, apenas como exemplo, é importada, ao custo aproximado de U$ 1,6 milhões”, esclarece.

Campanha educativas

O diretor geral fez uma revelação surpreendente.

Nos últimos três anos, tem aumentado assustadoramente casos por acidentes de motos.

Diante desse cenário, a direção do hospital determinou estudos para saber como enfrentar o grave problema.

“São jovens,  de 22 a 35  anos , as maiores vítimas desses acidentes. Precisamos saber as causas disso, porque é uma realidade muito cara para o setor de saúde pública, demanda muito dinheiro para tratamento. Precisamos reduzir isso, quem sabe, fazendo campanhas em parceria com a prefeitura, corpo de bombeiros, Detran, DMTU”, sugere.

Valdemir Girato conta que somente no mês de julho, onze pacientes deram entrada no HR vítimas de acidentes, com fraturas de artrodese (coluna).

“Diminuindo a media de acidentes de motos, são mais vagas que ficam disponibilizadas para, por exemplo, uma cirurgia. No mês de julho, tivemos onze pacientes com fratura por mergulho no rio  (pularam a bateram com a cabeça). Do total, apenas um voltou a andar, enquanto dez estão aleijados”, conta.

Para se ter ideia da dimensão grave desses acidentes,  uma cirurgia de artrodese, para o Hospital Regional,  tem valor altíssimo, em torno de  30 mil reais.

“Você multiplica onze acidente, num mês temos a conta batendo em R$ 330 mil. Isso dentro do hospital onde você consegue comprar tudo mais barato.  No mercado privado, nem sei quanto fica o valor de um paciente com esse tipo de acidente. Mas é bem mais elevado”.