João Lima é o caçula regional da blogosfera. Seu sítio cuida, especificamente, de questões ambientais.
O post abaixo é de sua lavra.
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Amazônia para todos e a qualquer preço
A notícia sobre a venda de terras da Amazônia passa despercebida pela grande maioria dos brasileiros, é claro, dos brasileiros que vivem na Amazônia.

O último post do blogger trata dessas negociações de grandes áreas amazônicas, sob as quais se escondem minérios e aqüíferos, além da diversidade biológica que as recobrem.

A biopirataria, uma outra forma de venda da Amazônia, tem sido bastante combatida na sua forma mais grosseira, como é o caso do açaí e do cupuaçu, com protagonistas japoneses em ambos os casos. Muitos se esqueceram do que aconteceu com a seringueira que foi embora para a Malásia.

A maioria da população, e aqui não é somente aquela esquecida nos confins da mata, nem se dá conta do flagelo que o pau rosa passou quando da exploração do seu óleo essencial, para a produção do Linalol, que é a essência do famoso Chanel #5.

Agora, os euronários, aportam os microcomputadores em todo o mundo através da internet para vender as nossas riquezas. Tudo muito fácil.

Todo mundo viu o documentário do Al Gore intitulado An inconvenient truth e sabe que ele ganhou milhões de dólares com o Oscar, fora a grana preta que ele recebeu para dar uma de suas palestras em São Paulo. Todo mundo viu que o maior responsável pela manutenção do clima da terra é o Hemisfério Norte, por terem a maior parte das florestas do planeta.

Ninguém brada pela incoerência do seqüestro de carbono que dá aos países daquele hemisfério o direito de continuarem poluindo e matando as suas florestas desde que nós não possamos usufruir de nenhum modo dos nossos recursos, nem mesmo sustentável. Aliás, esse negócio de reserva legal de 80% parece que é legal, digo por efeito de lei, somente aqui no Brasil. Nunca ouvi falar disso lá nos países de
lord, kaiser, king, emperor, president e por aí vai.

O Norte rico mata as suas florestas para que os pobres do Sul recebam migalhas para continuarem a viver felizes com a miséria, violência, por conta de programas que só tem demonstrado a inviabilidade de manter a floresta em pé e se empenham e se especializam cada vez mais para entregar ao invés de integrar.

Existem duas formas de exploração pelas quais passamos como país: grilagem e pilhagem, por meio da escravidão. Nenhuma delas, ao que parece, foi suficientemente significativa para que nos ensinar a simplesmente não as querermos mais. Pelo que demonstram os números, e basta que qualquer um acesse por aí o quanto a China ganha com venda de créditos de carbono, essa metodologia só não leva em conta as condições degradantes de trabalho às quais milhões de pessoas estão submetidas naquele país, pois foi o que fez o Spielberg deixar o comitê organizador dos Jogos Olímpicos, segundo as suas alegações.

É preciso parar para pensar se vale mesmo a pena vendermos créditos de carbono às custas da nossa liberdade de discutirmos e decidirmos o nosso futuro, direcionando a observação às ONGs nacionais e estrangeiras, aos movimentos sociais, ao governo, aos empreendedores e ao cidadão comum.

Haverá um fim para a Amazônia, do mesmo modo como haverá um fim para tudo o que vive, como houve para os dinossauros e para o que houve antes do advento do Big-Bang. O que não se pode admitir é que esse fim seja a qualquer preço, como tem sido até agora: venda de indulgências para as consciências globais, com interesses lucrativos escondidos sob a bandeira do preservacionismo e do desenvolvimento sustentável e o risco do aquecimento global.

É nessas horas que a gente que vive aqui percebe que tudo para quem vive na Amazônia é difícil ou é dificultado, mas para os de fora é fácil até mandar.

Olha a Amazônia! Olha a Amazônia!! Olha a Amazônia!!! Vai um pedacinho aí, sinhô? É fácil, basta clicar.