Publicado originalmente em O Liberal:

 

De acordo com o geólogo Milton Matta, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), a água mineral que se consome no Pará não atinge a quantidade ideal de minerais e possui um pH muito ácido, prejudicial para o organismo. Pesquisa de campo feita para monografia de especialização em Gestão Hídrica e Ambiental, pela engenheira agrônoma Érica Rodrigues, sob a orientação de Milton, revelou que o líquido comercializado em garrafões no Estado não pode ser considerado ‘mineral’, mas, sim, água potável comum. 

‘A água foi coletada através de amostras de supermercados, pois nenhuma das empresas solicitadas permitiu que a água fosse retirada diretamente na fonte. O achado principal da pesquisa é que o consumidor paraense está sendo lesado, pois consome um produto que não segue o padrão’, declara o geólogo. Pelas quantidades de minerais encontradas nas águas paraenses, Matta acredita que estas deveriam ser classificadas como ‘água potável de mesa’ – água ‘normal’, proveniente de fontes naturais ou artificiais e que apresenta condições de potabilidade -, pois não diferem de qualquer outra água subterrânea comum, encontrada nos mananciais que abastecem a capital. Desta forma, a água engarrafada, com a classificação de ‘natural’, nomenclatura utilizada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), perderia significativamente o valor econômico. 

O Decreto Lei de número 7.841, de 8 de agosto de 1945, conhecido como Código de Águas Minerais, define parâmetros dentro dos quais a água pode ser ou não considerada ‘mineral’. Estabelece que, mesmo se a água não atingir os padrões estabelecidos, caso seja comprovada sua ação medicamentosa – através de estatística completas, observações e documentos clínicos -, pode ser classificada como mineral. 

Este decreto é seguido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) na liberação das fontes para exploração comercial, porém, esta definição não é unânime. ‘Por ser uma lei de 1945, já está defasada em termos de denominação. Por causa disso, recebemos alguns questionamentos de geólogos em relação a esses parâmetros’, explica o chefe do Serviço de Fiscalização do DNPM no Para, Sérgio Saito. Atualmente, 18 empresas possuem licença para engarrafar e vender águas de fontes ditas minerais em todo o Pará. 

Enquanto as definições não são revisadas, consumidores podem estar pagando por água mineral e consumindo o líquido ‘normal’. Na casa da recepcionista Shirley Carvalho, de 33 anos, o consumo é de um garrafão de 20 litros a cada dois dias. ‘Usamos a água mineral para tudo. Preparo de sucos, comida e, é claro, para beber. Aqui em casa não falta’, afirma. Ela acredita que esta água é a mais segura para servir aos seus dois filhos, Luna, de 4 anos, e Airton, de 13. ‘Não confio na água de torneira, pois já ouvi relatos de pessoas que tiveram problemas de saúde ao consumi-la. Como tenho filhos pequenos, prefiro não correr riscos’, declara. 

Alternativa – O número de soluções disponíveis no mercado para diminuir a acidez da água cresce de forma proporcional ao aumento das pesquisas acerca do tema. Filtros ionizantes por ser encontrados com valores entre R$ 700 e R$ 3 mil. Jarras e capsulas com sistemas magnéticos prometem estabilizar a água em questão de horas, com preços menos “salgados”, entre  R$ 400 e R$ 500. “Nas minhas primeiras pesquisas sobre a acidez da nossa água, vi a necessidade de adquirir um filtro que corrigisse o pH da água. É o método mais eficaz até agora”, explica Matta. Neles, a água é filtrada através de minerais, como a calcita, que alcalinizam a água, deixando seu pH entre 7 e 8,5, ideal para consumo. 

Para quem não dispõe destes valores para investir, o geólogo recomenda uma solução simples: “Invista em um filtro comum e utilize a água da torneira. A Cosanpa trata e equilibra o pH da água, logo, observadas as condições de higiene, ela é mais recomendável para consumo”.