Com problemas de saúde acumulados ao longo dos dois últimos anos,  o jornalista, escritor e poeta, Ademir Braz está precisando do apoio de amigos e pessoas da sociedade.

Apoio presencial e financeiro.

Há movimentos na cidade de alguns amigos tentando arrecadar recursos para a manutenção de um tratamento consistente, sem problema de continuidade.

Atualmente, Ademir Braz esta sendo acolhido numa unidade do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) da cidade.

A permanência do poeta no CAPS segue um tempo definido, já que a unidade psicossocial tem regras específicas que contemplam o acolhimento apenas em momentos de crise ou em tratamento passageiro.

Ele foi internado na última sexta-feira, 22.

Intenção de amigos e parentes é tentar conseguir o acolhimento de Ademir Braz  no abrigo São Vicente de Paula, casa de idosos que atende a comunidade há mais de 20 anos.

Ali, o escritor e poeta poderia ser cuidado com segurança já que a residência própria de Ademir Braz não oferece  condições para ele permanecer, dado  o grau de insalubridade do imóvel.

A casa de Ademir necessita de reparos em toda a sua extensão, e não há recursos para isso.

Na Casa São Vicente de Paula, Ademir receberá cuidados médicos, acesso a higiene, boa alimentação e companhia.

Ademir Braz necessita de apoio espiritual, moral, financeiro e ser abraçado pelos amigos.

Maria Elena, ex-companheira e com quem Ademir teve um casal de filhos, é quem tem acompanhado direto o poeta, internando-o quando necessário e  dando-o assistência no dia a dia.

À noite desta quinta-feira, amigos de Ademir manterão reunião on line para definir uma agenda de apoio ao talentoso jornalista marabaense, considerado maior poeta de todos os tempos de Marabá e um dos mais admirados do Estado.

 

A OBRA DE ADEMIR

Aos 78 anos, Ademir Braz nunca pensou em deixar Marabá para trabalhar em outros centros.

Oportunidades não faltaram.

Bem jovem ainda,  atuando como repórter correspondente de alguns grandes jornais do país, Braz recebeu convites para trabalhar nas redações de Belém, São Paulo e Rio de Janeiro.

Nunca pensou nessa possibilidade, leal à sua  biografia de um intelectual de cidade do interior.

De Marabá,  ele não se afasta para se fixar em outras plagas nem amarrado.

Isso faz sentido para a semântica de sua criação, impregnada de uma certa melancolia, uma tal desesperança quase profunda, mas que paradoxalmente aspira a ser feliz; uma identidade índia que não se aparta da natureza, de seus rios, pássaros e mitos, da terra ainda espoliada.

Ele é uma voz poética amazônida rara e autêntica.

Quem ama poesia e tem acesso às obras do poeta marabaense, é  tomada de uma real comoção tal a grandiosidade de sua arte.

Tudo o que Ademir escreve impregna-se espécie de convulsão, desalento e despedida que só quem vivia com plena consciência as vicissitudes da nossa região bela e brutal é capaz de manifestar.

Ademir Braz é escritor e jornalista nascido em Marabá, precisamente às margens do rio Itacaiúnas.

Também formou-se em advocacia.

Iniciou-se no jornalismo em 1972, em A Província do Pará, um jornal da capital paraense que integrava o grupo dos Diários Associados.

Publicou Esta terra (Belém: Neo­gráfica, 1981); Antologia Tocantina (Marabá: Fundação Casa da Cultura de Marabá, 1998); e Rebanho de pedras (Projeto Usimar Cultural 2003), todos dominantemente livros de poemas.

Integra várias antologias, entre elas a Poesia do Grão-Pará, organizada por Olga Savary, em 2001.

Recebeu o Prêmio Buiúna 1999, conferido pela Associação dos Artistas Plásticos de Marabá e Secretaria Municipal de Educação, como destaque da cultura marabaense.