As eclusas de Tucuruí estão há mais de ano abandonadas, sem nenhum órgão para cuidar de sua manutenção.

Resultado: a formidável estrutura de elevadores hidráulicos foi invadida pelas águas do rio Tocantins sem que apareça ninguém para assumir o controle da situação;

O blogueiro conseguiu desvendar o mistério que vinha sendo mantido em segredo há meses, quando  maquinários e todo um parque de tecnologia controlado por computadores foram totalmente alagados, tornando o funcionamento da transposição do rio inviável.

Por falta de operador do sistema, após o vencimento do contrato que o DNIT tinha com a Eletronorte, as salas de máquinas da eclusa foram totalmente tomadas pelo rio.

Atualmente, mesmo com o esgotamento das estruturas de maquinários, existe a necessidade de manutenção dos equipamentos que foram alagados, associado a renovação da Licença de Operação junto a SEMAS, que também venceu.

Para tal, o Minfra (MInistério de Infraestrutura) tem que definir se a operação passará ao DNIT – já que a Eletronorte largou o bonde andando -,  ou se essa operação será licitada ou concedida.

Em verdade, desde 2017,  apurou o blogueiro, está vencido o contrato de manutenção que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelas eclusas, mantinha com a Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás que administra a hidrelétrica de Tucuruí e as eclusas.

O Dnit chegou a atrasar pagamentos devidos à Eletronorte e hoje acumula dívida perto de R$ 5 milhões com a estatal.

Por enquanto as eclusas estão inoperantes.

O mais extraordinário nesse escândalo, é que a classe política paraense tem conhecimento do problema, que se arrasta há anos.

Tem conhecimento, mas faz de conta que desconhece a barbaridade.

Ou seja, um empreendimento que era grande sonho  de gerações, afundou, ficou coberto de água.

Em novembro de 2010, foram inauguradas as duas eclusas de Tucuruí, no Pará, estruturas formadas por um canal e elevadores de água para vencer grandes desníveis e propiciar a subida e descida de embarcações.

O empreendimento foi entregue depois de mais de 30 anos de obras, paralisações e investimentos que, em preços da época, consumiram mais de R$ 1,66 bilhão.

Erguidas na barragem da hidrelétrica de Tucuruí, as estruturas prometiam viabilizar uma hidrovia de mais de 500 quilômetros de extensão no rio Tocantins, ligando Marabá ao porto paraense de Vila do Conde, em Barcarena.

No momento em que se prometia  a retomada e conclusão de obras de infraestrutura para enfrentar a precariedade da logística nacional, o governo mantém, há sete anos, duas eclusas bilionárias completamente inutilizadas, estruturas que poderiam transformar a realidade do escoamento de cargas pela região Norte do País, mas que hoje só produzem prejuízos milionários aos cofres públicos.