Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.

A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente

 

Noel Rosa, em seus versos imortalizados,  saúda  a magia do samba em Vila Isabel.

A mesma Vila que acaba de conquistar mais um carnaval do Rio de Janeiro, com o enredo “A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo/Água no Feijão que Chegou mais Um”.

Autoria de Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Leonel, André Diniz e Tunico da Vila, o samba foi um dos mais tocados no Rio de Janeiro, durante o mês de fevereiro – junto com o da Portela.

Descontente com os rumos dados aos concursos de escolha de samba-enredo, Martinho se mostrava decepcionado, antes da definição do enredo como tema da escola.

Ele já dizia isso, ano passado:

 

“Este é o meu último ano. Os concursos não acontecem mais por amor às agremiações. Antigamente os sambas eram feitos por integrantes da ala de compositores, que amavam e frequentavam as escolas. Hoje em dia viraram uma espécie de campanha política: Só entra quem dá dinheiro, leva torcida, distribuir camisas, ingressos, enfim: virou comercio! Sei que é um caminho sem volta para todas as escolas então, tô fora!”, desabafou o compositor.

Mas, agora, o que vale, é exaltar a conquista da Vila Isabel, berço do samba carioca.

Cai a tarde, acendo a luz do lampião
a lua se ajeita, enfeita a procissão
de noite, vai ter cantoria
e está chegando o povo do samba
é a Vila, chão da poesia, celeiro de bamba
Vila, chão da poesia, celeiro de bamba

Festa no arraiá,
é pra lá de bom
ao som do fole, eu e você
a Vila vem plantar
felicidade no amanhecer

 

O galo cantou
com os passarinhos no esplendor da manhã
agradeço a deus por ver o dia raiar
o sino da igrejinha vem anunciar
preparo o café, pego a viola, parceira de fé
caminho da roça, e semear o grão…
saciar a fome com a plantação
é a lida…
arar e cultivar o solo
ver brotar o velho sonho
alimentar o mundo, bem viver
a emoção vai florescer

Ô muié, o cumpadi chegou
puxa o banco, vem prosear
bota água no feijão já tem lenha no fogão
faz um bolo de fubá

Pinga o suor na enxada
a terra é abençoada
preciso investir, conhecer
progredir, partilhar, proteger…
cai a tarde, acendo a luz do lampião
a lua se ajeita, enfeita a procissão
de noite, vai ter cantoria
e está chegando o povo do samba
é a Vila, chão da poesia, celeiro de bamba
Vila, chão da poesia, celeiro de bamba