Durante as 18 horas em que permaneceu em Marabá, a governadora do Pará abriu pinicada para a pavimentação futura de uma relação de confiança mútua com a sociedade. Até a última viagem de Ana Julia, havia na cidade um clima de descrença quanto as intenções da administração do PT e as aspirações multifacetadas de um município que cresce a taxa de 12,5% ao ano e quer se firmar logo-logo como um dos principais pólos de desenvolvimento do país.

IML novo
Na reinauguração da Unidade Regional do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”, reformado em três meses, deu para perceber mudanças.

Para quem conheceu o velho pardieiro -, um dos muitos muquiços da Era Tucana -, espantou-se ao percorrer o novo prédio. Não apenas reformado fisicamente, mas equipado com modernas ferramentas. Até uma viatura de remoção de cadáveres foi entregue. Antes, o órgão era (mal) servido pela contratação de serviços terceirizados, alvo de denúncias cabeludas de superfaturamento.

No entanto, a governadora não está satisfeita. Quer mais. E disse isso ao prefeito Sebastião Miranda (PT), ao lhe perguntar se o município poderia ceder ampla área para o Estado construir um Centro de Perícias à altura da grandeza de Marabá.

O prefeito topou a parceria.

Escola para o trabalho
Pegando todos de surpresa, a governadora anunciou que a partir de janeiro/08 dará inicio às obras da Escola de Trabalho e Produção.

A novidade não estava no script. Pelo menos no dos personagens que mantém canal aberto com algum assessor de governo.

A ETP, sem medo de errar, pode ser apontada como a obra de maior significado econômico-social para a região, carente de mão-de-obra qualificada em todos os segmentos.

No último ano do governo Jatene, convênio assinado com a prefeitura destinava R$ 3,5 milhões para a construção da obra. A primeira e única parcela liberada, quase não dava para concluir o muro que cerca a área do projeto. Entre idas e vindas de gente da prefeitura e do Palácio dos Despachos, o certo é que a gestão tucana chegou ao final e a tal escola não andou um palmo a mais -, além do que foi feito.

Sábado passado, quando se deslocou a Marabá para avaliar com o alto comando da segurança pública a Operação Paz no Campo, a governadora recebeu em audiência o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Gilberto Leite, de quem ouviu amplo relato sobre a importância da Escola de Produção e Trabalho e a situação em que se encontrava a obra.

Ana Julia pediu a Gilberto que a levasse para conhecer o local destinado ao empreendimento.

Às 10 horas de domingo, 25, utilizando digital de seu celular, a governadora bateu fotos da área destinada a ETP, em diversos ângulos. Antes de deixar Marabá, Ana Júlia disse a Gilberto que brevemente a comunidade teria boas notícias sobre a escola.

Seis dias depois, ao anunciar que havia equacionado em Belém, com sua equipe de governo, a questão financeira do convênio, a governadora deu a boa nova.

Foi aplaudida demoradamente.

Expansão do DI
A expansão da área do Distrito Industrial era outra reivindicação antiga.
À véspera de sua chegada, Ana Julia despachou para Marabá o secretário da Sedect – Desenvolvimento Ciência e Tecnologia -, Maurílio Monteiro, para antecipar o lançamento do edital de licitação para conclusão da primeira etapa e a implantação da segunda etapa do DI.
À noite de sexta-feira, diante de empresários e a comunidade que se encontrava na Feira da Indústria, Comércio e Artes (Ficam), a governadora assistiu a um vídeo com detalhes do projeto de expansão da área industrial,que prevê a construção do Centro de Convivência e do projeto Urbanístico da Fase II, além da conclusão do projeto Urbanístico da Fase I.
O Centro disporá de estacionamento, quadra poliesportiva, espaço ecológico (praça/parque), hall para exposições, auditório para 100 pessoas, restaurante, salas para treinamento de operários, 3 agências bancárias, agência dos correios, salas para atendimento médico-odontológico (ambulatorial), salão de jogos, academia de ginástica, biblioteca, banheiros públicos, instalações administrativas, etc.
Notícia melhor do que essa, os empresários aguardavam há tempos. Mas não imaginavam que o projeto tivesse o alcance social dimensionado pela Sedect.

Ponte aérea
No estande da Associação Comercial e Industrial de Marabá, o vice-prefeito, Ítalo Ipojucan, fez uma revelação: comprovou que Ana Julia já esteve em Marabá dez vezes, somente este ano, como governadora. E disse que seu secretariado fez do trecho Belém-Marabá-Belém, “uma ponte aérea de integração”.
De outro ângulo, com habilidade, Ítalo fazia muitos lembrarem que os dois governadores do PSDB – Almir Gabriel e Simão Jatene – nas raríssimas vezes em que foram ao município, o faziam de forma apressada e, quase sempre, às escondidas em salões de hotéis da cidade, cercados sempre pela panelinha que comandava o Estado.

Neutralidade
Desde quando chegou no aeroporto até os últimos contatos na cidade, na manha deste sábadoo, Ana Julia esteve sempre acompanhada de pré-candidatos a prefeito, eventualmente num ou noutro local. Em nenhum momento, no entanto, fez esforços para privilegiar este ou aquele. Deu o mesmo tratamento a Bernadete Caten (PT), João Salame (PPS), Ítalo Ipojucan (PDT) e Asdrúbal Bentes (PMDB).
Certamente em função da necessidade de agradecer discurso em sua defesa proferido pelo deputado Asdrúbal Bentes na Câmara Federal, a governadora demorou-se um pouco mais abraçando Asdrúbal Bentes, quando o encontrou em sua chegada na XIV Ficam.

Nova Ipixuna
Consta que alguns militantes do PT andaram fazendo lobby junto a assessores da governadora na tentativa de levá-la, pela segunda vez em uma semana, a Nova Ipixuna, numa visita surpresa de apoio à candidatura a prefeito de Clovis Avelino Ribeiro (PT), que neste domingo disputa com Edison Raimundo Alvarenga (PTB) o controle da prefeitura municipal -, numa eleição extemporânea convocada pela Justiça Eleitoral para a vacância do mandato cassado do ex-prefeito Zezão (PT).

Bolsa sorriso
Percorrendo 185 estandes da Ficam, Ana Julia parou em quase todos. Parou e foi festejada. Num deles, ocupado pela Associação dos Moradores da Liberdade, uma jovem se jogou nos braços da governadora, soltando em voz alta agradecimento:

– Eu recebo R$ 70,00 do Bolsa-Trabalho, graças a senhora. Obrigada.

Ana ficou emocionada. Abraçou a garota e bateu fotos ao lado de outros jovens e dirigentes da entidade.

Pegando leve
Nem a governadora. Nem os empresários. Ninguém quis entrar fundo na questão da divisão territorial.
Quando se encontrava no estande da Associação Comercial e Industrial, onde falou para o setor produtivo, Ana Júlia tocou no assunto dizendo que fora eleita pelas populações dos 143 municípios e que gostaria de ter um voto de confiança para terminar seu mandato governando os 143 municípios. “Somente depois disso, peço que avaliem se o Estado melhorou ou não”, disse.