Em qualquer lugar do mundo, a chegada de uma siderúrgica desenhada para produzir aços planos laminados – gera satisfação, servindo de reverberação positiva a iniciativas empresariais paralelas, principalmente em tempos de desânimo econômico como o vivido atualmente pelo país e, principalmente, pelos marabaenses.
Todo empreendimento de verticalização impulsiona a economia não apenas do lugar onde está sendo implantado, mas de toda uma região.
Não importa seu tamanho.
Serve no aumentativo e diminutivo.
Ressabiada a anúncios de projetos de industrialização que deram com os burros n´água, a população de Marabá recebe com cautela as primeiras informações sobre a possibilidade de um grupo argelino montar, em sociedade com a Vale, uma siderúrgica de médio porte na área onde seria edificada a Alpa.
Com um pé dentro e outro fora, formadores de opinião e a comunidade, modo geral, comentam o resultado da primeira reunião do Grupo de Trabalho criado pelo Governo do Estado, para discutir a viabilidade da siderúrgica.
Como já foi amplamente divulgado, o encontro em Belém deu o pontapé para a discussão mais aprofundada da proposta.
Durante toda a reunião ocorrida na última segunda-feira, na capital do Estado, integrantes do grupo tiveram a preocupação de zelar cuidados em torno do assunto, para não gerar falsas expectativas.
“Não podemos politizar, e muito menos deixar escapar à sociedade o sentimento de que estaríamos fazendo promessas que não se concretizarão”, disse Salame durante a reunião, com a aprovação dos demais integrantes do grupo.
Na verdade, o que está ocorrendo em torno desse assunto?
Dirigentes da Cevital – poderosa empresa da Argélia – fizeram ver ao governo do Estado o interesse da empresa argelina em prospectar o potencial do Estado na produção agrícola e mineral, com verticalização da produção.
O governo mostrou aos executivos da multinacional a vocação mineral de Marabá, estimulando-os a estudarem a possibilidade de montagem de uma siderúrgica.
E é isso que está ocorrendo, no momento.
O Grupo de Trabalho formado pelo governador, que tem dez membros – entre eles, o prefeito de Marabá e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Ítalo Ipojucan – realiza estudos de viabilidade técnica do projeto.
Pode dar certo.
Pode dar errado.
Pode se concretizar, ou não.
O projeto siderúrgico desenhado pela Cevitar não tem nada a ver com a Alpa.
No futuro, dependendo do humor do mercado de aço no mundo, até a famosa Alpa pode vir a se concretizar.
Ou não.
Da mesma forma, o Distrito Industrial de Marabá teria duas siderúrgicas, uma com o porte da Aços Laminados do Pará e outra do tamanho do projeto Cevital, empreendimento de um bilhão de dólares que ninguém, em lugar do nenhum do mundo, ousa diminuir sua importância.
Todo tipo de investimento industrial, é bem-vindo, não importa seu tamanho.
Até projetos de 50 milhões de dólares, são comemorados.
Quem tem noção de valores, não comete o erro politizado de desqualifica-los.
A Cevital, ao propor parceria com a Vale, visando viabilizar a siderurgia de Marabá, quer apenas a participação da mineradora na cessão de uso da ferrovia (caso se alongue o tempo de conclusão da hidrovia) para escoar a produção de aços laminados e a diferenciação do preço final do minério a ser utilizado na industrialização do minério.
Até chegar ao atual estágio de discussão da siderúrgica da Cevital, é bom lembrar a participação da Assembleia Legislativa na aprovação de nova lei de incentivos e a do governador Jatene, que abraçou a ideia.
Para renovar os incentivos fiscais da mineradora que venceram em julho deste ano, o governo do Estado está exigindo a solução de um passivo financeiro da Vale, que gira em torno de R$1,8 bilhão, e algo concreto no sentido da verticalização mineral.
Como nada disso foi atendido pela multinacional, o diferimento de ICMS não foi renovado até hoje.
A hipotética participação da Vale nessa parceria com a Cevital – caso a siderúrgica seja viável – é sinal de que mineradora e governo voltaram a conversar, e podem estar se acertando.
Outro episódio importante ocorrido nessa questão da siderúrgica, foi a preocupação do governador em não permitir qualquer tipo de conotação política à proposta.
Tanto que ele convidou o prefeito de Marabá, João Salame para a reunião em seu gabinete com a Vale e Cevital, bem como o incluiu no Grupo de Trabalho.
Como quase todo mundo sabe, Salame e Jatene mantém entre si divergências políticas.
Ulisses Pompeu
14 de dezembro de 2015 - 22:46Senhores, parabéns pela discussão sobre o tema. Usei o termo Alpinha no Jornal CORREIO não foi por gracejo, como quer fazer crer nosso colega Agenor Garcia. E sim pelo valor do investimento, que é menos da metade do valor da Alpa. Sem contar que o Projeto Aline não vem embutido no previsto pela Cevital. E, claro, tanto Salame – em 2016 – quanto Jatene – em 2018 – vão querer tirar proveito político disso. Para mim, continuará sendo “Alpinha”, e respeito a opinião dos demais.
Djalma Guerra
11 de dezembro de 2015 - 19:31Por que em Açailândia no Maranhão as guseiras funcionam a todo vapor inclusive uma delas investindo na construção de Aciaria e aqui nada funciona?????
Rafael Milhomem
14 de dezembro de 2015 - 10:55Seu Guerra,
Lá as guseiras não estão funcionando assim como foi dito. E se estão, estão irregulares No Maranhão o IBAMA quem manda é Sarney, o Honorável Bandido, como disse um escritor renomado do Brasil. Estão predando o que resta de madeira em florestas vizinhas, A fiscalização é corrupta e poderia ser fiscalizada pelo MPF que iria constatar que os fornos de lá não queimam carvão certificado.Além do mais, a produção caiu mais de 70% devido a um arremedo de fiscalização feita mais ainda muito deficiente, O sr. está veiculando notícias falsas. Pare com isso.
Rapha Milhomem.
jr
10 de dezembro de 2015 - 14:11E verdade, todo investimento e bem vindo.
Paulo Eduardo O. Leite
10 de dezembro de 2015 - 13:39Muito bom texto Hiroshi. Bem pé no chão e sem demagogia.
Chamar o empreendimento em questão de Alpinha soa pejorativo.
Sabemos que a população de Marabá anda desacreditada de tantas promessas não cumpridas, mas não podemos virar as costas para tal oportunidade, em que concordo com o comentário anterior do Agenor.
Outra discussão que não acrescenta nada nesse momento é tentar atribuir essa intenção às eleições de 2016 que se aproximam. Só contribui para perturbar a discussão e perder o foco na discussão principal, que é o desenvolvimento econômico do município de Marabá e do sul do Pará.
O momento é de união de esforços!
Abraços
agenor garcia
10 de dezembro de 2015 - 10:56Caro Hiroshi,
Concordo com o comentário postado. Penso que a chegada desta empresa no distrito industrial de Marabá, no porte em que está sendo oferecido, deve ser imediatamente aceito pelas autoridades competentes. Sejam elas especialistas ou não nesta atividade. Do porte oferecido e que está sendo discutido, já seria um grande investimento, um passo muito seguro à frente. Haveria, sim, um “up” na economia do município. Acredito, ainda, que a siderúrgica na medida em que está sendo oferecida, cresce no momento certo. Se, o consumo do aço está em baixa, crescerá pois esta é a tendência estudada, inclusive, pela poderosa Fiesp de São Paulo. Os investimento em infraestrutura, pensado em oferecido como saída para a crise tão alardeada, vai precisar do insumo básico que é o aço. De qualquer porte, e chega de gracejos bobos do tipo “alpinha”, a vinda do investimento estudado deve ser urgente paraMarabá sair desta pasmaceira em que está metida.
Abraços,
Agenor Garcia
jornalista e gestor ambiental.
Apinajé
11 de dezembro de 2015 - 11:44Presado Garcia.
Bela reflexão,cheia de observações pertinentes,porém se me permite,gostaria de botar um pouco de água nesse angu e também dá um “colheradinha”,beleza?
Por mais importante ou não,um projeto desses não sai do papel em menos de uns dois anos(sendo otimista)portanto,ainda que as partes políticas envolvidas estejam cheias de boas intenções,seguindo um raciocínio lógico e cronológico,esse projeto atenderá sim interesses políticos eleitoreiros,uma vez que se meu raciocínio estiver certo,esse assunto estará pegando fogo em pena campanha eleitoral para prefeito,daí mais uns dois anos,se hipoteticamente tiver sido implantado o projeto(eu duvido)será a vez do governador capitalizar nas urnas o “investimento” na nossa região,aí se me perguntar:e a vale o ganha?te digo isentivos fiscais de praxe.
vamos aguardar,eu mesmo de longe,como todos vocês,também torço por dias melhores para nossa região.
um abraço
Adevaldo s Araujo
Agenor Garcia
16 de dezembro de 2015 - 09:24Caro Adevaldo, menino das praias de Apinagé. Voce está devendo uma visita a nós la nas Flecheiras. Sabe, caríssimo, não há em nenhuma parte do mundo governo que não tire uma casquinha de possíveis investimentos em seus respectivos distritos políticos. Uns aproveitam bem, outros são apenas demagógicos e em nada contribuem. No comentário que fiz da postagem do Hiroshi, não neguei que o interesse político pode ser explorado pelos políticos de plantão. Foquei na necessidade de tratarmos do tema sem opiniões personalísticas, adjetivadoras, sem graça, a respeito de um investimento que, apesar da escala industrial cogitada, deve merecer de todos nós respeito e senso de oportunidade. Marabá precisa de investimentos que possam tira-la do seu engessamento em termos econômicos. Foi por aí meu modesto comentário. E se a carapuça serviu a quem quer que seja, não
foi a principal intenção. Penso que, seja de que tamanho for, o investimento será bem vindo. No tempo certo,quiça, e sob as bençãos dos bons e ou dos maus políticos.
Grande abraço
Agenor Garcia.