Em dezembro último, participando de encontro de lideranças comunitárias no bairro São Miguel da Conquista, em Marabá, a convite dos organizadores, o pôster viveu momentos de intensa satisfação ao constatar o elevado grau de politização de lideranças de entidades populares, cada vez mais interessadas em qualificar suas gestões buscando melhorias para as comunidades.
Durante debates acalorados, destaque para o desabafo de Maria das Dores, sobre os descaminhos construídos ao longo dos relacionamentos entre entidades populares e os governos municipais.
– “Os prefeitos de Marabá fazem de tudo para acabar com nosso trabalho, tentam nos comprar de várias formas, endurecem negociações para facilitar novos acessos através da cooptação”, lamentou.
Foi a gota d´água.
Comunitários mais à direita vestiram a carapuça, desdenhando do desabafo de Das Dores, alguns com expressões chulas e agressivas.
Instado a manifestar-se, no decorrer do encontro, o pôster fez algumas colocações, tentando convencê-los de que entidades comunitárias fortes, e respeitadas, devem trilhar caminhos do enfrentamento. Ao invés de serem acuadas, devem construir radicalismos e tensionamentos, enquanto puderem, nas suas relações com as representações oficiais – para não se dobrarem diante das grandes questões.
No campo da participação popular não existe ajuda. Existem direitos e deveres somente.
A própria colocação da “ajuda” é um erro de princípio e de prática. Está na própria lógica da participação autêntica: somente quer associar-se participativamente aquele que não quer ajuda, mas colaborar, contribuir, conquistar sob o signo da autodeterminação.
E foi mais do que correta a crítica que a amiga Maria das Dores fez quanto aos esforços dos prefeitos de plantão, para enfraquecer as entidades legitimamente comunitárias.
Governos são agentes de desmobilização, porque isto faz simplesmente parte da lógica dinâmica do poder.
É uma ingenuidade total esperar que o Estado seja corifeu da participação. Somente é realista quem parte da tendência desmobilizadora do Estado, não quem a ignora e em seguida se admira inutilmente com ela.
O que as associações e entidades populares não podem perder de vista é a marca insubstituível da conquista histórica, ou seja, de um processo que não busca a tutela de governo algum, mas aspira colocar-se até mesmo contra o Estado.
Não há liberdade, se mantida por terceiros. Dessa forma, a entidade comunitária só pode ser conquista do interessado.
E o líder comunitário que busca ser mantido pelo Município mostra, no mínimo, falta de estratégia, porque perde diante deste o espaço da competência conquistada, recaindo no pântano do espírito público, sempre profundamente desmobilizador.
Quanto mais existe a tutela do Município, mais é propício o ambiente para forjar-se o desvirtuamento de processos participativos. Imaginar uma prefeitura, ou Estado, que não tenda a tutelar, é argumentar pela exceção, não pela regra.
Capitu
17 de janeiro de 2012 - 03:39Hiroshi;
Estamos sentindo falta de informações sobre a movimentação política em Marabá.
Percebemos intensa corrida de vereadores e pretensos candidatos a prefeito em todos os bairros, vilas e botecos da cidade.
Sim, em Marabá política se faz nos botecos, a base de muita cachaça e sem uma única gota de honestidade.
Como jornalista comprometido deve manter seus leitores informados, para que possam ter condições de decidir com segurança. Apoiando quem merece nossa confiança e afastando-nos de quem não passa de golpista.
Dê nomes, cite situações, traga à luz situações que, de tão vergonhosas, causariam repugnância até em um verme.
A população precisa participar desse debate, não apenas os “politicos interessados”.
E seu blog tem sido um instrumento de conscientização da dona de casa, do pedreiro, do estudante, do professor, do sindicalista, do agricultor, do idoso, de quem sofre e chora…
A informação fidedigna sempre foi e sempre será uma importante arma de defesa.
Capitu, o blog está atento a essas movimentações, maioria “balão de ensaio”. Tudo o que fazem agora pode não valer daqui a uns dias. O que importa são as sinalizações de alguns passos – estas estaremos acompanhando e informando – como fiz recentemente quando detectei as articulações estratégicas do deputado João Salame distanciando-se do Governo Jatene para capitalizar sua pré-candidatura a prefeito em oposição ao candidato do governador, o ex-prefeito Tião Miranda. Tenha certeza de meu compromissos com as informações que possam ajudar na formação consciente da população. Abs
Paulo Pereira
15 de janeiro de 2012 - 13:30Caro Hiroshy.
Corretissimas as tuas colocações.A liderança comunitária só alcançara os fins a que a destinou o seu surgimento, se mantiver a independencia, não se atrelando a posicionamentos politico-geográficos que rotulam, entravam e prejudicam.Nem a esquerda e nem à direita, mas sim no rumo do objetivo maior e final.Castro Alves já nos falava lá pelos idos de 1800 da força e do poder do povo:
“A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor;
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor
Senhor!… pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu…
Ninguém vos rouba os castelos,
Tendes palácios tão belos…
Deixai a terra ao Anteu.”
Vemos pois que o povo não pode deixar que lhe roubem a sua praça, o espaço mais democrático da cidade.É nela que o povo se fortalece, capacita e vence.Se deixar que os encastelados tomem a sua praça, não lhes restará rua.Só para complementar e explicar o raciocinio, ANTEU era um gigante filho de Netuno e da Terra. Dispondo de uma força prodigiosa, obrigava a todos os que passavam pelo deserto da Líbia a lutar com ele, e invariavelmente, os esmagava. Castro Alves compara o povo a este gigante, que tinha sua força no contato com a mãe terra, tanto que Hércules só o venceu após descobrir isso e mantê-lo suspenso no ar.O povo não pode perder o contato com a realidade que só ele conhece e vive, se deixar que o suspendam nos ares, que o tragam para os castelos, perderá a força e não irá a lugar nenhum.
PAULO
15 de janeiro de 2012 - 12:42OLA HIROSH!
Gostaria muito que o Sr fizesse uma materia sobre o PSF (programa da saude da familia), por que Marabá nao tem? O dinheiro não vem? Abrace esta causa, nao consigo ver mais o sofrimento de nossos irmaos no HMM, uma cidade que tem um orçamento de MEIO BILHAO DE REAIS, nao pode ter a saude na uti, Melhor sem UTI, sem medicos, sem medicamentos, será possivel que vamos ver nossa cidade afundando e não vamos fazer nada? Será onde está o MINISTERIO PUBLICO, a JUSTIÇA, onde recorrer? Será que todo mundo ta cego? Ou será que eu estou tendo so eu estou com pesadelos? Será que sou louco? Ou com tanto descaso, todos nós perdemos a vergonha na cara?