Pelo andar da caravana, o ex-deputado Luiz Sefer acabará colocando na cadeia, com a anuência de algumas graduadas representações do judiciário paraense, a garota que lhe imputou prática de crime de pedofilia.

Alguém duvida disso, diante da decisão da Câmara Criminal Isolada do TJ que absolveu o ex-parlamentar da condenação de 21 anos de prisão pelos abusos cometidos contra a menina de nove anos?

Os arrufos do Sefer, numa entrevista coletiva em Belém, conduzem a essa possibilidade.

Ele declarou ter conhecimento de que “a própria menina já revelou ser tudo (os abusos por ele cometidos) uma farsa”, ameaçando processar parlamentares e até a freira Henriqueta Cavalcante, além de uma delegada de polícia. Se o caratonha ficar invocado, pensa!, acaba sobrando pra menina estuprada.

Tonificado com a absolvição do TJ, Sefer canta de galo. Fala até em publicar um livro “sobre esse período” da vida dele, “contando tudo”.

Contar o que, gabiru?

Em verdade, a sociedade paraense passa a conviver com um dos fatos mais indecorosos a que se tem conhecimento, depois que saiu a decisão da CCI.

A conclusão pode ser conferida em qualquer cidade do estado.

A indignação tomou conta do seio familiar, de donas de casas revoltadas com a desprezível absolvição de um crime que teve sua apuração levada ao extremo, com provas e contraprovas, revelações surpreendentes da jovem estuprada.

A absolvição de Luiz Sefer gera desesperança, estimula a sempre revigorada impunidade, além de desconfiança em toda ação de instâncias diversas da Justiça.

Como o livro certamente que Sefer irá escrever deverá estar elevado à categoria de ficção, não custa nada o caratonha contar detalhes de como ele conseguiu o sublime milagre de sua absolvição.

Absolvição patrocinada, na terra, pelos homens -, diante da imaculada reprovação de Deus.