Em ofício enviado à presidência da Câmara Municipal, o Grupo Atitude de Marabá solicita providências contra a postura do vereador Leodato Marques (PP), que em discurso da tribuna destilou sua natureza homofábica usando expressões preconceituosas contra a realização da Parada do Orgulho  LGBT.

Alguns trechos do documento protocolado na CMM:

A comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) de Marabá está envergonhada pelo pronunciamento do senhor vereador, Leodato da Conceição Marques, por ter argumentado contra a realização da Parada do Orgulho LGBT de Marabá, com base na argumentação “de que nenhuma família tem orgulho de ter um filho ou filha HOMOSSEXUAL”. Na ocasião o mesmo solicitou a casa de leis que ficasse registrada em ATA seus argumentos, fato este ocorrido na audiência publica de aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA). Em seguida o senhor Edil, disparou de forma preconceituosa, ao referir-se à Manifestação da Diversidade Sexual como um ato de DEPRAVAÇÃO, cometendo a nosso ver, transgressão de quebra de decoro parlamentar, conforme a Lei Orgânica de Marabá; no mínimo desrespeitou de forma muito injuriosa a comunidade LGBT de Marabá, situação que exige uma imediata retratação.

A população LGBT de Marabá não merece a situação degradante a que chegou esse vereador que deveria ser o principal responsável por garantir dignidade à população marabaense, respeitando e incentivando a prática dos Direito Humanos.

No entanto, este lamentável episódio serve para trazer algumas reflexões: a casa do povo está servindo aos anseios do mesmo ou apenas para a prática de alguns grupos religiosos e econômicos? A resposta a esta pergunta são os membros dessa casa legislativa é que devem responder, com as atitudes no desenrolar desse caso emblemático o qual lesionou seriamente os Direitos Humanos, consagrados no Pacto de São José da Costa Rica e da própria Constituição Brasileira.

Assim, o Estado brasileiro é laico e como tal não permite prática de tal discriminação fruto de preconceito religioso, o mesmo presenciado em muitos países do mundo, provando que Estado e religião não podem e nem devem misturar-se.

Por todos estes fatos, o requerente, organizador oficial da Parada do Orgulho LGBT de Marabá, filiado ao Movimento LGBT do Estado do Pará e em processo de filiação Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, com cadastro na receita federal e reconhecido por entidades, como a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), repudia a atitude, daquele que deveria ser o representante do povo e exige que o referido parlamentar se retrate publicamente e que a Câmara Municipal se posicione oficialmente acerca dos fatos ocorridos, pois a atitude reprovável que aqui se denuncia foi feita por um representante desta Casa Legislativa e deve ser responsabilizado por essa postura.

Nota do Blog:

Quem assina o documento é o presidente da LGBT de Marabá, Noé Lima da Silva, a quem o poster enumera considerações:

Primeiro, não esperar de figuras como o vereador Leodato Marques o mínimo de compostura civilizada.

Reacionário por natureza, o “irmão”  sempre revelou desvio de percepção, como se fosse um daltônico invertido. Portanto, sem a mínima chance esperar do citado parlamentar ato de “respeito e incentivo à prática dos Direito Humanos”, como sugere a nota.

Ledoato não está preocupado com o bem-estar de pessoas – ele deseja pura e simplesmente que todos vivam suas vidas unicamente em conformidade com o ideal heterossexista por ele aprovado, independentemente das opções pessoais do ser humano.

A Organização Mundial de Saúde, na Classificação Internacional de Doenças n.º 10/1993, declara peremptoriamente que “a orientação sexual por si não deve ser vista como um distúrbio, não sendo possível, portanto, patologizar a orientação sexual homoafetiva”.

O Conselho Federal de Psicologia referendou  tal posição através da Resolução n.º 01/1999,  declarando  que “a homossexualidade não é doença, desvio, perversão nem nada do gênero”, proibindo, em consequência, psicólogos de patologizarem a homossexualidade.

Na visão do CFP, os profissionais da área, em verdade, devem ajudar homossexuais e bissexuais a se aceitarem como são e perceberem o preconceito homofóbico correspondente a uma patologia social.

Leodato praticou, da tribuna da CMM,  apologia à violência contra todos aqueles que se descubram homossexuais, com o que jamais se pode concordar. Seja por uma questão ética,  seja por uma questão legal.

A postura do vereador evangélico envergonha Marabá, e fatos dessa natureza merecem maior rigor por parte da mesa diretora da CMM.

Leodato praticou, sim, quebra de decoro. O pronunciamento dele foi um ato sacana de desrespeito à dignidade.

Baseado em suas crenças proféticas, o  “pastor ovelhado”  só falta apresentar projeto de lei propondo a mordaça gay e a obrigatoriedade de todos os homossexuais arrependidos receberem tratamento terapêutico para o reencontro da heterossexualidade.

Jamais confundir as palavras agressivas atiradas contra a comunidade gay como direito de expressão. O que ele disse, da tribuna, é crime.

E como tal, a mesa diretora tem obrigação moral de levar à frente pedido de investigação proposta pelo Grupo Atitude de Marabá.

Para que o  atual período quadrianual legislativo não seja consagrada como a pior safra de vereadores de Marabá, exige-se uma higienização de alguns atos.  O primeiro já está sendo conduzido na apuração das tranquinagens patrocinadas pela vereadora Elka Queiroz (PTB).

Agora surge essa vergonhosa manifestação de Leodato, muito mais deprimente do que a outra.

Isso enquanto não surgem novos escândalos envolvendo outros vereadores – alguns à porta de serem revelados..