Em 2001, o Grupo Espeleológico de Marabá (GEM) e a Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) realizaram seus primeiros levantamentos espeleológicos no Estado do Maranhão, especificamente no município de Tasso Fragoso, onde foram identificadas e documentadas dezenas de cavidades em arenito.

Em abril de 2009, através do convênio firmado entre o Consórcio Estreito Energia (CESTE) e a FCCM, foram iniciados os levantamentos de prospecção espeleológica de cavidades naturais na área da UHE-Estreito, visando a atender à legislação de Proteção ao Patrimônio Cultural Nacional e Ambiental.

Os objetivos deste estudo incluem, além do atendimento à legislação, investigar a importância científica, cultural e turística que o patrimônio espeleológico local representa. O trabalho proposto abrange a Área Diretamente Afetada (ADA) e a Área de Influência Indireta (AII) da UHE – Estreito e teve como base o termo de referência para elaboração de estudos espeleológicos vinculados ao EIA/RIMA, do CECAV/IBAMA (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas), de 2004.

O trabalho de prospecção, identificação e documentação na área da UHE – Estreito ocorreu durante nove etapas de campo, no período de 20 de maio de 2009 a 07 de março de 2010. Foi realizado em 9 municípios localizados na área de enchimento do reservatório, sendo eles: Aguiarnópolis, Palmeiras do Tocantins, Darcinópolis, Babaçulândia, Filadélfia, Palmeirante, Estreito, Carolina e Barra do Ouro. Os levantamentos espeleológicos foram divididos em duas ações principais, a prospecção espeleológica e a documentação das cavidades. A metodologia utilizada consiste das seguintes etapas: Levantamento bibliográfico; Elaboração de mapas cartográficos e plani-altimétricos, utilizando documento cartográfico da área, composto da reconstituição aerofotogramétrica datada de 2008 fornecida pela CESTE; Análise preliminar dos aspectos geomorfológicos da região;

Prospecção para identificação de cavidades naturais subterrâneas e outras formas pseudocársticas, através de caminhamentos sistemáticos realizados em linhas paralelas equidistantes variando de 10 a 100 m. Os caminhamentos foram feitos de forma terrestre ou fluvial em escarpas, morros, vales e bordas de drenagens (Figura 1), considerando o entorno de 7 km que corresponde à Área de Influência Direta (AID) do empreendimento. Para o registro das rotas georreferenciadas foi utilizado o GPS Garmin 60 CSX convencional com precisão de 2 m. Nos terrenos de maior declividade e/ou paredões caracterizados como áreas de alto potencial espeleológico, foi empregada uma maior quantidade de linhas paralelas entre as equipes, com menor espaçamento entre si. Já nas áreas de baixo potencial espeleológico, foi possível realizar um diagnóstico visual apenas com uso de binóculos. No total foi prospectada uma área de 6.072,76 km, sendo que o caminhamento a pé foi de 2.078,26 km e de veículo (terrestre ou fluvial) foi de 3.994,5 km.

Documentação básica da cavidade, feita através do preenchimento de uma ficha que contempla todas as informações básicas de Geoespeleologia, Bioespeleologia, Arqueologia e Morfologia. Cada cavidade foi identificada com uma placa metálica que continha o número de cadastro do Grupo Espeleológico de Marabá (GEM).

Foram encontradas 98 cavidades, inseridas em rochas sedimentares largamente classificadas como arenitos, destacando-se com maior potencial espeleológico os municípios de Carolina e Babaçulândia, com 44% das cavidades identificadas, e Estreito e Aguiarnópolis, também com 44%. Os municípios de Filadélfia, Barra do Ouro e Palmeirantes apresentaram os 12% restantes (Figura 2). É importante destacar que 55 cavidades estão na Área de Influência Indireta (AII), no entorno de 7,0km da área do lago a ser inundado e 43 estão na Área Diretamente Afetada (ADA).

Foi registrada a presença de espeleotemas em 45%, vertebrados em 74%, invertebrados em 93% e ocorrências arqueológicas em 6% das cavidades. No geral as cavidades são pequenas, apresentando desenvolvimento médio de 9,9 m, com valor máximo de 50,0 m.

É importante frisar que os dados obtidos durante as campanhas deste estudo são frutos de levantamentos de documentação básica de cavidades, sendo necessária, portanto, a realização futura de estudos complementares específicos de geoespeleologia, bioespeleologia e arqueologia.

O presente texto é um resumo do artigo: Estudos Espeleológicos das Cavidades Naturais na Área da UHE – Estreito – MA/TO: Prospecção e Documentação Básica com autoria de Noé von Atzingen, Bruno dos Santos Scherer e Adriana Márcia Silva Varão, publicado no 5º Boletim Técnico da Fundação casa da Cultura de Marabá ano 2010.

 

(*)  Escrito por Noé Von Atzingen, biólogo presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá

 

Inscrições rupestres em cavernas maranhenses