A Vila Murumuru, zona rual a 20 km de Marabá, surgiu no ano de 1975 às margens do igarapé homônimo, o qual é de importância  fundamental para a comunidade local. Porém, devido ao processo de urbanização e à atividade agropecuária desenvolvida na região, o Igarapé Murumuru vem sofrendo diversos impactos ambientais negativos, uma vez que a sua mata ciliar  foi e ainda continua sendo retirada de forma indirscriminada. O desmatamento ocorrido ao longo dos anos gerou  intensos processos erosivos e o assoreamento  do curso d´água, acarretando uma diminuição do nível do igarapé; além disso, ocorreram alterações climáticas, diminuição da biodiversidade e da atividade pesqueira, bem como uma possível  redução   da qualidade da água, fatores estes que reduzem  a qualidade de vida dos habitantes da Vila e suas imediações.
As florestas, em especial as matas ciliares, são de fundamental importância para os ecossistemas, pois servem de proteção para o solo, o recurso hídrico e até mesmo o ar que respiramos. Devido a sua relevante importância para o equilíbrio ecológico e para proporcionar uma sadia qualidade de vida a todos, faz-se necessário que as porções de vegetação  ciliar não desmatada sejam preservadas e que sejam recuperadas as áreas degradadas.
Soma-se a essas atitudes a conscientização da população de Murumuru para que tais ações alcancem êxito, melhorando assim  a qualidade de vida dos habitantes da vila e seu entorno.
Desde  1985 a região de Murumuru vem sendo objeto de pesquisa de técnicos do Museu Municipal de Marabá e da Fundação Casa da Cultura de Marabá, nas áreas de arqueologia, meteorologia, flora e fauna. Os levantamentos de fauna foram publicados nos Boletins da Fundação Casa da Cultura de Marabá  No. 1, em 1999, e No. 2, em 2003. O número de espécies de peixes apontadas nestes levantamentos foi muito reduzido, principalmente devido à pouca bibliografia específica disponível, e ao pequeno volume de observações feitas.
Materiais e métodos

 
Este trabalho foi desenvolvido ao longo de 5 km do Igarapé Murumuru, a partir da ponte que leva ao povoado do Murumuru, até o encontro deste igarapé com o igarapé Geladinho. Reúne os levantamentos  iniciais feitos a partir de 1985 a 2003, bem como os estudos sistemáticos feitos entre 2006 e 2007.
As espécies apontadas neste trabalho foram identificadas utilizando a bibliogragia citada no final do texto, a partir de exemplares coletados por pescadores, que se utilizaram de anzol e linha com iscas diversas. Alguns exemplares foram fixados em formol, os maiores conservados em formol e os menores em álcool e estão depositados na reserva técnica de zoologia do Museu Municipal de Marabá. Oito exemplares  estão identificados apenas até gênero e aguardando a identificação específica.
Temos dúvidas quanto a identificação genérica do exemplar No. 250 (Astronotus Aff). Um exemplar só  foi identificado apenas até família (Loricariidae No. 143). Alguns exemplares não foram coletados, foram identificados no momento da pesca; a seguir foram soltos, ou levados para consumo.

Resultados
Segundo Santos ET all, 2004, no Rio Tocantins são conhecidas 217 espécies de peixes. O Igarapé Murumuru, como um dos seus afluentes, apesar dos desmatamentos em suas margens, do assoreamento e da pesca predatória, ainda mantém sua ictiofauna com uma diversidade razoável, como fica claro neste trabalho.

Os levantamentos preliminares apresentaram 29 espécies de peixes ocorrentes no Igarapé Murumuru (ATZINGEN, SILVA e BRAGA, 1999; ATZINGEN e Silva, 2003), com este novo trabalho o número de espécies chega a 65, distribuídas por 21 famílias. Dezoito das espécies listadas têm potencial ornamental. Certamente que a diversidade de espécies poderá ser ampliada, quando novos levantamentos sistemáticos forma feitos.
 
Nota da Redação: Presente artigo foi publicado no Boletim Técnico No. 4, edição comemorativa do 25º aniversário da Fundação casa da Cultura de Marabá. As tabelas com as espécies de peixes ocorrentes no Igarapé Murumuru estão inseridas no presente trabalho, que pode ser obtido na FCCM.