Ter um ente querido internado em hospital é uma situação por si só estressante e que exige muito das famílias.

Com a pandemia da Covid-19 e as exigências de isolamento, esta questão ganhou novos contornos e dificuldades. Os assistentes sociais são os profissionais que mais interagem com as famílias e atendem suas mais diversas demandas.

No Dia da Assistente Social, que se comemora hoje, 15 de maio, em todo o país, o blog manifesta admiração e apoio às profissionais da área conversando com uma das assistentes sociais que tem marcado sua atuação, nessa época de pandemia, com extrema dedicação e zelo na assistência a quem necessita.

Trata-se de Sheila Kaline Leal da Silva (foto), casada com o ex-vereador Ademir Martins, do PT, mãe do Ademirzinho, que está vendo na prática as dificuldades e desafios da atuação da profissão em meio à pandemia.

Na conversa com o blogueito, Sheila destaca a necessidade de fortalecer ainda mais a ideia de que a assistência social é uma política essencial.

“O serviço social surgiu historicamente para atender essas demandas da questão social, que são resultantes da relação meio que conflituosa entre capital e trabalho, e que se manifesta de várias formas, que a gente chama de expressão da questão social que pode ser entendida como desemprego, violência, a miséria, analfabetismo entre outras coisas”, explica a assistente social.

Destacando que o serviço social atua em vários segmentos, principalmente nas áreas de saúde, habitação, assistência, educação, e meio ambiente, Sheila alerta da importância de compreender que são muitos desafios enfrentados pela população, principalmente, em relação às questões financeiras que refletem cada vez mais na desigualdade social.

“Infelizmente, as pessoas que sofrem com as diferenças de classe também sofrem com acesso à saúde, habitação, moradia e educação.  São várias as formas de violência, de desemprego, de preconceito, discriminação, exploração do trabalho,  são demandas que exigem muito do assistente social, por isso, esse profissional é tão importante na sociedade”, lembra a profissional.

No Dia do Assistente Social, Sheila Kaline pede para que o  blog destaque a importância de cada profissional que atua na área.

“Os assistentes sociais, num regime de caos, como o que estamos vivendo agora para tratar pessoas vítimas da Cvid-19, sofrem tanto quanto familiares e vítimas da enfermidade. Ter um ente querido internado em hospital é uma situação por si só estressante e que exige muito das famílias. Com a pandemia da Covid-19 e as exigências de isolamento, esta questão ganhou novos contornos e dificuldades. Os assistentes sociais são os profissionais que mais interagem com as famílias e atendem suas mais diversas demandas. Por isso, a minha homenagem, o respeito e a admiração por todos os colegas de profissão”, reforça Sheila.

A experiência de trabalhar no Hospital Municipal de Marabá, especificamente na ala Covid-19, é algo que consolida todo sentimento que se tem sobre humanitarismo.

Sheila vive isso todo santo dia.

É lá que ela trabalha, na ala Covid-19.

“Trabalhar na ala covid-19 do Hospital Municipal de Marabá é bem complexo;  ser assistente social dessa ala requer acima de tudo a compreensão que a equipe multiprofissional precisa funcionar ajeitada para definição das estratégias e a construção dos diversos fluxos institucionais, necessários ao enfrentamento dessa nova realidade social, que a pandemia da nos apresenta, assim como demarcar o nosso papel para as demais categorias da equipe multiprofissional e a nossa intervenção junto aos pacientes e familiares no hospital”, narra a profissional.

Em explicação mais detalhada, Sheila conta como é a atuação do assistente social nessas circunstâncias.

“Nesse serviço,  o assistente social é responsável por reconhecer e transmitir a realidade socioeconômica cultural dos pacientes e familiares, apontando suas vulnerabilidades sociais e econômicas, formulando estratégias de intervenção, tendo como base a situação socioeconômica, habitacional, trabalhista, previdenciária e a composição familiar dos usuários, subsidiando a prática dos demais profissionais de saúde para trabalharem essas questões relativas a humanização na saúde”, diz.

Sheila Kaline ressalta que o assistente social não pode ficar parado diante do descaso à vida dos mais necessitados.

“Imagine que numa ala de Covid-19,  os pacientes precisam ficar isolados da sua família. Isso  gera muita angústia e preocupação, principalmente porque  não é permitido acompanhante a fim de diminuir o fluxo de aglomeração de pessoas, evitando, principalmente,  contaminação. Sem acompanhantes, os pacientes  sofrem psicologicamente, ficam muito afetados. A atuação do assistente social nesses casos ajuda demais a reduzir o estresse e as angústias dos enfermos”, lembra.

Ao ser pergunta de que forma o assistente social lida diretamente com os enfermos da Covid-19, Sheila explica:

“Estabelecemos um serviço de teleatendimento voltado para o acesso das famílias às informações dos pacientes, por meio de ligação telefônica do profissional médico que repassa o quadro clínico e as condições de saúde dos pacientes aos familiares. O  assistente social identifica a pessoa de referência da unidade familiar  objetivando repassar essa informação clínica diária pela equipe médica, bem como a sensibilização da família para que eleja um membro a fim de torná-la referência. O serviço de teleatendimento também tem outra frente: duas vezes na semana nós fazemos a chamada de vídeo para os familiares, ação feita  respeitando todos os critérios de saúde. Eu, como assistente social, vou de leito a leito fazer essas chamadas de vídeo, colocando o paciente  frente a frente com sua família. Bom dizer que a intenção da chamada de vídeo é aproximar o paciente da família , auxiliando-o na recuperação”, narra a assistente social.

Sheila destaca ainda que no Hospital Municipal de Marabá “as direções  clínica, administrativa, direção geral do hospital, direção de enfermagem, e gestão municipal ter essa compreensão favorece porque a finalidade maior é a saúde do paciente e o acesso da família à “.

Kaline lembra também que como a informação sobre a pandemia tem sido frequente na mídia, as pessoas têm mais onhecimento, mas isso não tem diminuído a ansiedade e aflição em ver o familiar internado com Covid-19 e isolado de todos.

Na segunda-feira, Sheila Kaline será entrevistada por Milton Faria, na Rádio KlickNews, programa jornalístico das 9 às 12h30, de segunda à sexta-feira.