Em seu primeiro artigo escrito para o blog, o empresário Alexandre Zucatelli defende iniciativas para a consolidação de Marabá como um dos maiores centros universitários da região Norte.

A seguir, íntegra do texto:

 

 

Transformar Marabá em Pólo Universitário, esse o caminho de nosso desenvolvimento

 

                                   (*) – Alexandre Zucatelli

 

Viajando por esse Brasil, a trabalho para nossas empresas, sempre experimentamos fortes emoções quando nos deparamos com municípios potencialmente desenvolvidos, que disponibilizam às suas populações qualidade de vida e opções para o entretenimento e lazer.

Quando estamos nesses lugares, logo vem à mente o sonho de um dia nossa região, principalmente Marabá, viver seu apogeu de verdadeiro desenvolvimento – não apenas econômico, mas humano.

Sim, porque sem desenvolvimento humano, de nada vale a expressão econômica de qualquer localidade.

Nas cidades com alta taxa de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)  constatamos que o  desenvolvimento econômico e social desses lugares pode ser analisado a partir de várias vertentes, das quais destacamos a implantação de instituições de ensino e pesquisa, responsáveis não somente pela formação de mão de obra qualificada, mas pela geração de um conjunto de conhecimentos multiplicadores de produtos, técnicas, tecnologias e também de novos conhecimentos, se constituindo numa espiral do ciclo da produção científica.

Atualmente, temos  diversos municípios brasileiros que se expressam nacionalmente graças ao surgimento de polos universitários em seus entornos, destacando-se Uberlândia, Montes Claros,  Ouro Preto e Viçosa – em Minas Gerais; Santa Maria (RS), São Carlos (SP), Juazeiro do Norte, no Ceará, apenas citando alguns.

Com mais de 25 mil acadêmicos, Juazeiro do Norte, é um dos recentes polos universitários brasileiros que mais distribuição de renda e qualidade de vida tem gerado na complexa região do Cariri nordestino.

Foi transformado num grande polo universitário no Interior cearense e um dos mais importantes do Nordeste, mudando a realidade educacional por meio da instalação de faculdades e implantação de cursos superiores.

A  cidade cearense já conta com mais de 65 cursos de graduação e 62 cursos de especialização, além das graduações ministradas a distância.

O que em comum os polos universitários têm entre si?

As universidades  possibilitam aos lugares se conectarem com o mundo ao mesmo tempo em que se enraízam localmente e regionalmente e se conectam globalmente, com significativos efeitos nos circuitos de produção e consumo da economia que repercutem de forma multiplicadora nas estruturas espaciais, sobretudo das cidades nas quais estão localizadas.

Marabá, como exemplo, tem tudo para se transformar num dos polos universitários mais importantes da Região Norte.

Dia desses, conversando com um professor universitário, ele me fez despertar para uma realidade extraordinária marabaense que desconhecíamos.

Além dos campi da Unifesspa e da UEPA, Marabá possui hoje dezenas de faculdades, o que demonstra a condição do município estar realmente constituindo-se Polo Universitário.

A curto prazo, já podemos notar –  a simples instalação da Universidade Federal do Sul/Sudeste, que nem celebrou ainda seus cinco anos de existência,   começa a fomentar a chegada de outros empreendimentos educacionais de ensino superior, contribuindo claramente para o surgimento de várias outras atividades, em seu entorno.

Imaginem o que será deste município, dentro de uma década, quando ele for consolidado como polo acadêmico, contribuindo com a qualificação de mão-de-obra, promovendo o desenvolvimento e a oferta de serviços qualificados, que seriam difíceis de dinamizar a nível local sem o ensino superior!

As universidades, como instituições de ensino, pesquisa, extensão e promoção social, assumem importância estratégica no processo de desenvolvimento.

O conjunto de suas atividades passa a dar origem a uma força de atração de consumidores e empresas, contribuindo para gerar crescimento econômico-social local/regional.

Portanto, não é difícil entender os efeitos dinâmicos e multiplicadores e os impactos gerados pela implantação da Unifesspa e de outras faculdades no Município de Marabá,  seja do ponto de vista da política educacional seja a partir de um olhar que indique a inserção de centenas de outros investimentos em seu rastro.

Nós não temos nenhuma dúvida de que nas próximas décadas, Marabá e os municípios do entorno, se tornarão polos de produção econômica graças ao conjunto de cursos superiores em fase de implantação na cidade já que estes empreendimentos são atrativos de grande importância para o surgimento de novas atividades e investimentos,  devido ao volume considerável de recursos injetados, seja através do salário dos docentes e dos técnico-administrativos seja através do consumo efetuado pelos estudantes, o que desencadeia um efeito multiplicador para a economia do município.

Nessa lógica de mercado, várias demandas começarão a surgir  ( em Marabá, aliás, já estão surgindo!) tais como atividades de lazer, restaurantes, bares, moradia própria para estudante, locais para festas como chácaras, lojas, empresas de serviços, dando início a um processo de geração de empregos que influenciará diretamente na melhoria da infraestrutura urbana.

Mas isso não significa que as atividades econômicas da cidade como um todo, sobretudo o setor terciário, venha a ser impactado, até porque entre o tempo de decisão da implantação e o tempo final de construção das instalações definitivas existe um intervalo mínimo de 3 a 6  anos, constituindo em um conjunto de fatores de supra importância na economia local, exercendo um efeito dinamizador e multiplicador sobre as atividades econômicas.

 

Diga-se, ainda, que a atividade universitária é uma economia que não gera produtos diretamente, mas sim uma quantidade considerável de valor embutido na qualidade do recurso humano gerado por meio do conhecimento.

Outro fator que contribui para que os empreendimentos oriundos do polo universitário se hospedem em Marabá é a localização, pois a cidade possui um dos mais privilegiados entroncamento rodo-ferroviário do país.

 

A influência de instituições de Ensino Superior num município como Marabá é estimada sobre uma população de cerca de 3,5  milhões de habitantes do Sul/Sudeste do Pará e  de Estados vizinhos (Tocantins e Maranhão), ou seja, público potencialmente consumidor.

Daqui de nosso mirante de observação, torcemos para que o poder público ,  organizações sociais, empresários, profissionais liberais, entidades de classe -, participemos também desse processo de consolidação do nosso polo universitário.

O poder público, inserindo-se na construção desse maravilhoso nicho multiplicador de emprego e renda, como agente financiador da infraestrutura, melhorando a malha urbana dos traçados usados pelo transporte público, disponibilizando o maior número possível de linhas de ônibus –  e garantindo o mínimo de segurança através do policiamento e iluminação de vias.

Nós, empresários, procurando conexão com as diversas representações dos empreendimentos educacionais para mitigar parcerias, e por aí vai.

Além de formar profissionais, as faculdades transformam a realidade local, com pessoas mais preparadas e a mudança de mentalidade daqueles que passam a compor o cenário de produção e pesquisa e isso é fundamental.

São as universidades, hoje, motores de um desenvolvimento e crescimento econômico em muitos casos tardio para alguns lugares distantes no território.

Estamos diante de uma forma nova de gerar riquezas: o conhecimento capaz de produzir  inovações.

Ou seja, o desenvolvimento não é mais pautado apenas na capacidade de recursos minerais que um território possui, mas também no seu capital humano, único capaz de gerar novos produtos inovadores, pautados na informação

 

(*) – Empresário diretor do Grupo Zucatelli