ItaloPassados alguns dias do encontro, em Marabá,  de executivos da empresa argelina Cevital com representantes do governo do Estado e lideranças regionais, quando detalhamentos do projeto de uma planta industrial para produção de aço foram apresentados à sociedade, o blogueiro  procurou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Ítalo Ipojucan (foto), para fazer um feedback  do encontro.

Na avaliação de Ítalo, são reais as possibilidades da planta industrial ser erguida em Marabá.

No entanto, como tem se comportado desde o início da discussão das intenções do grupo argelino, o presidente da ACIM mantém-se prudente.

“Cautela e pés no chão, exatamente para não criar expectativa demais e realidade de menos”, disse Ipojucan na entrevista concedida ao blog, comentando a probabilidade do empreendimento se tornar  realidade

A seguir, a entrevista de Ítalo:

 

 

Afinal de contas, qual o resultado real do encontro ocorrido em Marabá, dias atrás, entre a ACIM, governo do Estado, Cervital e a sociedade marabaense sobre os rumos da siregúrgica que a Cevital pretende implantar em Marabá?

O mais importante é a sociedade estar consciente do que está ocorrendo. Com transparência, sem falsas ilusões, sem alimentar demasiadas expectativas e sem espaços para o disse me disse. A melhor forma para isso era trazer o debate e seus principais atores para conversar com a classe política e empresarial de Marabá.

A comunidade teve a oportunidade de conhecer todo o enredo que envolveu a retomada desse projeto. Conheceram que essa construção não é tarefa fácil, um projeto complexo, de singular envergadura e que exige muito trabalho e prudência. Que o momento para a siderurgia é adverso tanto no Brasil como no Mundo. Conheceram as dificuldades enfrentadas, como elas estão sendo superadas e principalmente, que ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos.

Isso é extremamente importante para que entendam como as coisas acontecem e o que precisa ocorrer para que elas se transformem em realidade. Mais importante, que existe uma força tarefa dedicada a fazer acontecer.

Essa foi a finalidade, oportunizar que Governo, Vale e Cevital demonstrassem o seu compromisso para viabilizar essa construção, em que nível está o andamento desse trabalho e quais dificuldades ainda precisam de superação.

 

A ACIM, desde quando começou a discussão sobre a siderúrgica da Cevital, tem  mantido cuidados em relação a implantação desse projeto industrial, principalmente quanto expectativas que ele pode gerar e não dar certo, como  ocorreu com projetos idênticos. É aquela história de gato escaldado ter medo de água fria?

De certa forma, sim. Ainda sentimos o gosto amargo daquela experiência. Eu vivi dentro daquele processo, portanto minha avaliação difere, e muito, dos comentários e atribuições de culpa que ouço por aí, mas credito isso ao desconhecimento que essas pessoas têm dos bastidores do problema.

Mas o movimento estratégico é estudar os erros para não repeti-los. Daí a forte preocupação de todos os envolvidos em desenvolver o trabalho com prudência, cautela, pés no chão, exatamente para não criar “expectativa demais e realidade de menos”. A conversa em Marabá teve esse critério – franqueza, transparência.

Não podemos viver reféns de um grande projeto. No comando da ACIM, estabeleci como ação estratégica, perseguir perseguindo projetos de qualquer grandeza, que possam diversificar a base produtiva, ampliar cenários comerciais, industriais e de serviços, e, por consequência, dar injeção de ânimo na estrutura comercial da cidade combatendo nosso maior inimigo, o desemprego, que não é tarefa fácil.

Em conjunto com o governo estadual, retomamos a discussão forte de reocupação do Distrito Industrial sob plataformas diversificadas. O  primeiro caso de sucesso foi a implantação de uma grande empresa no D.I., a Indústria de Correias Mercúrio que já está entrando em fase de produção. Outras ações fortes estão sendo desenvolvidas buscando novas capturas e assim revitalizar o Distrito Industrial, esse é o caminho.

 

Particularmente, você acredita na possibilidade desse projeto da Cevital vir mesmo a ser implantado em Marabá, considerando sua avaliação pessoal do que até agora foi acertado entre os protagonistas desse processo?  Numa escala de 0 a 10, em qual valor você coloca suas expectativas em relação a viabilidade da plataforma industrial?

Eu acredito que é possível. Foram muitos e intensos os problemas já enfrentados. A definição por Marabá foi o primeiro grande obstáculo. O empreendedor optava por Barcarena. O Governo do Estado, via Secretário de Desenvolvimento Adnan Damachki, foi impecável em transmitir com clareza, a estratégica visão de governo, dentro das políticas de atração de investimentos,  de induzir a ocupação espacial do território paraense, guardando as especificidades e potencialidades naturais de cada região.

Na sequência, era necessário que o empreendimento tivesse sua  condição de viabilidade econômico-financeira assegurada. Com o melhor minério do mundo aqui, com uma logística pronta e portos assegurados, como não ser possível nascer uma planta competitiva? Eram necessários ajustes nas precificações entre os envolvidos. Foram meses de negociação até chegar ao Memorando de Entendimentos entre Vale e Cevital. Esse último movimento possibilitou a vinda do grupo a Marabá para a reunião com a ACIM.

Com esse acordo ficou possível enxergar o empreendimento. Ai a importância estratégica da Vale dentro de um processo que coloca o Pará em outro patamar na condição do seu  desenvolvimento.

Se considerarmos que esse desenho começou a ser esboçado  em outubro de 2015, envolvendo diversos atores  e hoje se encontra nesse patamar de detalhamento, convenhamos, andou – e andou rápido.

Na escala provocada, daria nota 7. Sei que existem os críticos de plantão, os que não acreditam e também nada fazem para contribuir, os da crítica meramente pela crítica. Vejo a crítica como excelente, quando é para construir, somar, corrigir rumos, de outra forma, melhor ignorar (a crítica). Em todo caso, prefiro trabalhar acreditando que é possível, pode até não acontecer por alguma tromba d`agua ou raio que caia, mas tentei. Duro seria, com tudo isso, olhar no espelho e dizer, p……sequer tentei!!!

 

Implantada em Marabá, quais os verdadeiros benefícios que a siderúrgica trará para a região, além de emprego e renda?

Observe os números e envergadura do empreendimento que estamos falando.

A Cevital quer produzir 2,7 milhões de toneladas de aço, em bobinas de aço, “biletts”, “blooms”, aço em pó e trilhos. Investimento por volta de U$$ 2 Bi.

Estamos tratando de uma planta que além dos empregos diretos (estimados 2.500) e indiretos (estimados 8.000) , possibilitará a implementação de um polo metal mecânico no seu entorno. Para estimular ainda mais essa condição, além das políticas de incentivos já existentes tanto estadual como municipal, o governo do estado estabeleceu com a Cevital, a condição de fornecimento de matéria prima para as empresas implantadas em Marabá com preços mais competitivos.

Em 2010, concluímos um trabalho sobre o potencial para atração de indústrias do setor metal mecânico a partir de uma grande siderúrgica como essa. Em um seminário que  fizemos na ocasião, na Faculdade Metropolitana, chamado  “I SIMPOMEC –Simpósio Metal Mecânico”, cujo objetivo era atrair empresas interessadas a se instalarem em Marabá e região com o projeto siderúrgico, colocamos aqui mais de 70 empresas do Centro-Sul, com franco interesse;

De forma indireta, toda essa movimentação estará demandando da cidade uma infinidade de bens e serviços. Dito de outra forma, a cidade passará por uma forte transformação em toda sua cadeia de negócios.