Com o objetivo de investigar uma instituição que supostamente intermediava a adoção internacional de crianças, foi deflagrada a , Operação Fontana de Trevi pela Polícia Federal (PF), no Estado do Tocantins.

Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva contra representantes da Associação de Mediação à Adoção Internacional (Amai) em Palmas.

A operação também cumpriu mandados em Ourinhos (SP).

Segundo a delegada responsável pelo caso, Janaína Gadelha, com os materiais apreendidos, como documentos, computadores, celulares e outras mídias armazenadoras, será possível iniciar a segunda etapa da investigação. “Agora iremos fazer uma avaliação do material que foi apreendido, realizar análise pericial e comparação, para aprofundar as investigações”, explicou.

A PF ainda investigará qual o real crime da Amai, se os representantes da entidade realmente faziam as adoções ilegais ou se praticavam estelionato. “O que temos certeza é que a associação era ilegal e não podia atuar, já que não possuía nenhum cadastro e autorização junto ao órgão federal responsável por fiscalizar as adoções”, destacou Janaína.

O grupo atuava pela internet, por meio de site e redes sociais. No site da associação, adoçãointernacional.net, que foi retirado do ar por ordem da Justiça, eram oferecidas crianças até dois anos para adoção. “O site não especificava cada criança, mas fazia questão de dizer que eram bebês brancos e saudáveis”, explicou a delegada.

A entidade, que se dizia uma instituição sem fins lucrativos, supostamente trazia crianças de origem estrangeira para famílias no Brasil. Questionada sobre para onde as crianças estariam indo, a delegada disse que essa informação ainda será apurada se for confirmado o crime de tráfico de pessoas.

Supostamente, as crianças seriam naturais de países que não têm acordo de cooperação com o Brasil. “São crianças de países como o Quirguistão, Líbano, e principalmente a Rússia, que não ratificaram a convenção de Haia, de 1993, que regula a adoção internacional”, esclareceu.

Conforme as investigações, a entidade alistava as famílias que buscavam a adoção e ofereciam facilidade para o processo. Janaína explicou que, após os interessados entrarem no site, eles faziam um cadastro, como uma associação à entidade, e passavam a receber informações sobre adoção.

“Para isso, era cobrada uma taxa mensal de cerca de R$ 30,00”, comentou. Os valores cobrados eram justificados como se fossem para uso nos custos da operacionalização da adoção.

A operação deflagrada faz parte da ação denominada Operação Spartacus III que ocorre no Brasil e nos países da América Latina. Essa ação tem o objetivo de identificar os casos de tráfico de pessoas e o contrabando de imigrantes. As ações são desenvolvidas por meio da cooperação entre a PF e as áreas de Imigração, Defesa Institucional e Interpol.