Wanda Monteiro, poetisa filha do escrito e político Benedito Monteiro, indignada com algumas homenagens prestadas ao ex-ministro Jarbas Passarinho, morto no início desta semana, publicou post nas redes sociais relembrando a atuação de Jarbas, como um dos protagonistas do golpe militar de 1964.

Wanda publica foto do exato momento no qual Benedito é conduzido por forças policias da ditadura, após ser preso, (abaixo), por ordem de Passarinho.

Jarbas

Na foto, um texto do próprio Monteiro, falando sobre os momentos vividos na prisão.

“Eu não me tornei louco, nem me tornei herói porque o amor que eu sentia pela minha mulher e pelos meus filhos fundiu-se, não com a coragem orgânica, física,  que poderia tornar-se fanática,  mas, com a coragem da consciência política, que é uma outra forma de loucura, e de heroísmo, nem sempre reconhecidos pelo homem”.

Leiam o posto de Wanda:

 

 

O tão homenageado coronel Jarbas Passarinho foi um dos algozes de meu pai Benedicto Monteiro no golpe militar de 1964 ao prendê-lo e fazer sua exposição em praça pública como um troféu da ditadura.
Essas homenagens têm para mim e meus irmãos a força de um soco no estômago e além de doer dá vontade de vomitar.
Wanda Monteiro

 

Nota do blog:  Como um dos principais defensores do AI-5, chegando inclusive a cunhar a tal frase de mandas “às escrúpulos de consciência”, Jarbas Passarinho colocou sua assinatura no Decreto 477, que punia professores, alunos e funcionários  considerados que se opuseram ao regime ditatorial – num  processo sumário.

Milhares de professores demitidos ficaram anos sem trabalhar em qualquer outra instituição educacional do paí, ao passo que os estudantes eram expulsos e ficavam proibidos de cursarem qualquer universidade.

A UNE foi fechada.

Jarbas, definitivamente, não merece a certificação de “bom brasileiro”.

Nota do blog  (2) : Como bem lembra o jornalista Paulo Moreira Leite em seu blog, todos os integrantes do chamado Conselho de Segurança Nacional poderiam ter votado contra a instituição do AI-5, inclusive Passarinho, um dos membros.

“Reunido (CSN) naquele momento fúnebre, (Passarinho) levou sua cota de responsabilidade pelo que se passou a seguir, nos porões, nas ruas do país, nas famílias aflitas e enlutadas. Todos poderiam ter votado contra, como fez o único dissidente, o vice Pedro Aleixo, em nome do respeito a Constituição em vigor — ela mesma uma filhote frankstein, pois aprovada em 1967, já em pleno estado de exceção.”