Altamira

 

 

 

 

BispoEm Altamira, a população ainda comenta, emocionada, a celebração pelo bispo  do Xingu, Dom Erwin Krautler ,da última missa do Crisma (foto ao lado).

O bispo  está deixando  a prelatura.

Na ocasião,  Erwin Krautler presidiu o rito da Benção dos Santos Óleos, que acontece sempre após a páscoa.

Muito especial para os católicos já que o adorado sacerdote participava da liturgia pela última vez,  todos os 29 padres da Prelazia do Xingu se encontravam  na santa missa para a renovação sacerdotal.

Amanhã, 3, o novo bispo da Prelazia do Xingu, Frei João Muniz,  substituto de Erwin Krautler, será empossado, às 9 horas, em solenidade marcada para o ginásio Nicias Ribeiro,  bairro Brasília.

Dom Erwin Krautler, austríaco naturalizado brasileiro e um dos mais atuantes religiosos daquela conflituosa área do Pará, palco da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, renunciou ao cargo, por idade avançada ( 76 anos).

Dom Erwin esteve à frente da Diocese por 34 anos e se tornou um símbolo da luta contra grileiros, latifundiários e em defesa das populações indígenas da região.

Preside o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e atuou com irmã Dorothy Stang,  assassinada por pistoleiros, na luta pelos direitos das comunidades camponesas e indígenas e pela preservação ambiental na região amazônica.

Ao longo da vida, Dom Erwin Krautler denunciou a exploração sexual de adolescentes por políticos e práticas de trabalho escravo e de destruição ambiental e condenou a obra de Belo Monte.

Dom Erwin vem sendo ameaçado e agredido inúmeras vezes há muitos anos devido à sua atuação.

Em 1987, um acidente de carro suspeito quase lhe tirou a vida numa rodovia, e provocou a morte do padre Salvatore Deiana, que o acompanhava. Suspeita-se que o acidente tenha sido forjado.

Dom Erwin Krautler vive sob a proteção de policiais militares do Estado do Pará.

Sua atuação também foi reconhecida por diversas entidades internacionais por meio de prêmios de direitos humanos e títulos doutor honoris causa que recebeu.

Em documento assinado como presidente do CIMI, dom Erwin aponta as “tensões e preocupações, angústias e luto e, por cima de tudo, a indignação e revolta diante da inoperância, negligência e, muitas vezes, aberta omissão dos poderes constituídos caracterizam os anos 2014 e 2015”.

Segundo ele, os desafios na luta em favor dos mais pobres são diários.

“Não nos dão trégua, mas podemos afirmar que com a graça de Deus estivemos e estamos lado a lado com os povos indígenas no enfrentamento ao mais violento dos ataques aos seus direitos na história recente do país”, escreveu.

Para dom Erwin (foto abaixo) a razão profunda de todas as aversões e agressões de que os povos indígenas são vítimas é a discriminação sutil ou aberta que é sempre consequência de um desprezo aparentemente congênito de muitos em relação aos índios. “Os congressistas em Brasília e grande parte da sociedade brasileira ainda não entranharam os parâmetros da Constituição de 1988 que consagra os direitos dos povos indígenas. Ao contrário, continuam em voga padrões ultrapassados de constituições anteriores”, anotou.

Bispo 2

O novo líder católico da Prelazia do Xingu, Frei João Muniz Alves nasceu em dia 8 de janeiro de 1961, em Santa Rita, Maranhão.

Foi ordenado sacerdote em 4 de setembro de 1993.

É graduado em Teologia e Filosofia pelo Instituto Católico de Estudos Superiores do Piauí (Icespi); mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Lateranense (PUL), em Roma; mestre em Filosofia pelo Pontificium Athenaeum Antonianum (PUA), em Roma.

De 1993 a 1994, frei João Muniz realizou seus trabalhos como vigário da paróquia São José, em Lago da Pedra (MA). De 1995 a 1998, exerceu a função de pároco da paróquia São Francisco das Chagas em Bacabal (MA).

Entre 1995 e 2001, foi promotor da Pastoral Vocacional da província; mestre e guardião do Postulantado, membro do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores da diocese de Bacabal. De 2007 a 2013, exerceu a função de ministro provincial da província Franciscana Nossa Senhora da Assunção, no Maranhão e no Piauí. Em 2014, foi visitador geral na custódia autônoma Santa Clara de Assis em Moçambique, na África.

Atualmente, João Muniz é professor de Teologia Moral no Instituto de Estudos Superiores no Maranhão (Iesma), vigário paroquial na Fraternidade Franciscana de Nossa Senhora da Glória em São Luís (MA) e guardião e formador de estudantes de Filosofia e Teologia.

Frei João Muniz
Frei João Muniz