Entrevista 2

 

 

 

Semana passada, o entrevistado da sequência de depoimentos que  publicaremos até o final do ano, na pauta alusiva aos eventos comemorativos dos 10 anos deste blog, foi o blogueiro Jeso Carneiro, de Santarém.

Hoje, a entrevista é com um marabaense que mora em Imperatriz desde criança, e que dirige a redação do jornal O PROGRESSO.

Coriolano Miranda Rocha Filho nasceu  em 9 de abril de 1961, em Marabá. Casado, três filhos e três netos

Passou a comandar a Redação de O PROGRESSO depois de ter passado por praticamente todos os setores do jornal, como paginação, revisão e reportagem na área policial. 

Coló Filho, como é mais conhecido, saiu para trabalhar em O Estado do Maranhão.

Também trabalhou no Jornal de Imperatriz e fundou, juntamente com Edmilson Sanches, o Jornal de Açailândia, do qual se desligou e retornou a O PROGRESSO em 1987, como correspondente em Açailândia, por quase um ano.

Em julho de 1988, assumiu o lugar de Adalberto Franklin, então Editor Chefe.

Em dezembro de 1992, Coló Filho deixa o jornal para ser assessor de Comunicação do prefeito DE Imperatriz, Renato Cortez Moreira.

Ocupou o cargo por nove meses, tempo em que Renato passou na prefeitura, e cujo mandato foi interrompido por um assassino que o matou com dois tiros no dia 6 de outubro de 1993, no Mercado Bom Jesus., centro da cidade

Em 1999, Coló Filho, que já estava de volta ao jornal como repórter, assumiu pela segunda vez a chefia da Redação, estando até hoje na função.

 

Coló RochaComo você se apaixonou pelo jornalismo?

Minha paixão pelo jornalismo começou em 1978, então com 17 anos, quando você, primo Hiroshi Bogea, destacado jornalista de O PROGRESSO, me levou para o jornal para ser distribuidor de página, que consistia em desmanchar as páginas no dia seguinte e distribuir os tipos (letras) nas caixinhas e retornar o chumbo à linotipo. Depois passei a ser paginador, revisor e, com a saída do repórter policial Nilson Santos, um paraense amigo, o editor-chefe Jurivê de Macedo me deu oportunidade na Redação. Devo muito a ele ter chegado  exatamente ao cargo que o Mestre ocupou. Na sucursal de O Estado do Maranhão, jornal da Família Sarney, tive o privilégio de escrever, interinamente, a festejada coluna Comentando os Fatos, assinada por Jurivê.

Começou lá de baixo, aprendendo todas as manhãs de uma Oficina e Redação. Tens saudades do tempo das linotipos e da formatação de páginas utilizando tipos e chumbo?

Tenho saudades, sim. Você, Hiroshi, viveu aqueles momentos e sabe muito como era gratificante, apesar das dificuldades. Uma equipe que trabalhava muito, mas não perdia o bom humor. Fazer jornal com aqueles equipamentos era demorado, complicado. Às vezes amanhecíamos. Os jornaleiros na porta esperando sair a edição e leitores também chegando, ávidos pelas noticias, afinal, naquela época era só um canal de tv, sem programação local, uma rádio e O PROGRESSO.

 

É verdade que O jornal O Progresso passou a ser diário ainda na década de 70, precisamente no final dessa década?

Sim. Passou a ser diário já no final da década, quando o Dr. Sergio Godinho reassumiu o comando da empresa. E já na década seguinte passou a ser em offset. A partir daí não pararam mais as transformações no parque gráfico, hoje com equipamentos modernos.

Quem foram seus grandes incentivadores nas Redações?

Como já citei na primeira resposta, tive o apoio de você, Jurivê de Macedo e Sergio Godinho. Também o Sergio Macedo me deu força. É a segunda vez que assumo a Redação de O PROGRESSO, numa demonstração de que a empresa acredita em mim. Então, devo ser grato, também, ao Dr. Sergio.

Você prefere a notícia trazida em papel ou na forma digital?

Jamais perderei o hábito de ler jornais, até porque milito na imprensa escrita. Mas não deixo de ler sites, afinal estamos à frente de um jornal e temos que ficar “antenados”.

Os cursos de Jornalismo têm revelado bons talentos, ou a turma sai da faculdade sem saber realmente o que fazer, dentro de uma Redação?

Conheço jornalistas sem diploma melhores do que formados. Já recebi texto assinado por dois estudantes de jornalismo que não passava de dez linhas. Mas acho que é importante ter a teoria e a prática, ou seja, formação universitária.

Como Diretor de Redação de O Progresso, algum tipo de censura é imposta à linha editorial do jornal? Alguma linha político-partidária não tenta às vezes alterar publicações do jornal?

O PROGRESSO não tem  linha comprometida politicamente. Apenas temos um posicionamento moderado, tratando as questões político-partidárias com responsabilidade.

 

O Progresso, hoje, é um dos jornais mais antigos do interior do Norte e Nordeste do País?

É mais antigo jornal de Imperatriz em circulação diária e o terceiro do Maranhão. Acredito que tenha sido o primeiro a se tornar diário no interior do Norte e Nordeste.

Você utiliza a blogosfera para pautar seu trabalho na Redação?

Sem dúvida. Há fatos que nos chegam pelos blogs e whatsapp. Mas tudo é checado. Há muito “furo”, com informações que não são verdadeiras. Já mataram gente que não morreu e por aí vai. Todo cuidado é pouco.

Nunca pensou em assinar um blog seu?

Já. Tenho vontade. Mas somente quando eu deixar a Editoria do jornal. Não dá para conciliar as duas coisas, porque teria que priorizar o jornal com as notícias privilegiadas. E aí o blog ficaria para tras.

Como você vê o futuro do jornal escrito?

Há cerca de três anos uma professora do curso de jornalismo da UFMA visitou a Redação de O PROGRESSO acompanhada de alunos. E eu fiz a ela pergunta parecida, em função da era digital. Acredita ela que o jornal impresso não vai acabar. Também acho, até porque é o que tem mais credibilidade. Mas sente-se no país todo uma queda de leitores por causa da blogosfera. Precisamos estar atentos aos avanços e procurar meios para nos mantermos no mercado. Apesar de tudo, a imprensa escrita ainda pauta tvs.

E a grande mídia nacional?  Faça uma leitura de sua atuação neste momento no país.

Sinceramente, vejo com certa tristeza. Não vejo a chamada grande mídia tratando a crise política do Brasil com total isenção. Eu acreditava muito na Folha de S.Paulo. Pra mim, hoje está no nível de O Globo e TV Globo.